
A política de imigração do Japão está a apertar o cerco. Kimi Onoda, ministra da Segurança Económica e responsável pelas políticas de residência de estrangeiros, afirmou recentemente que o objetivo do governo é criar uma situação em que “não haverá um único residente estrangeiro no Japão que faça tais coisas más”.
As declarações foram feitas em entrevistas à Nippon Television e outras emissoras a 17 de novembro. A ministra, de 42 anos, foi direta: “Devemos tomar medidas firmes contra atividades ilegais e violações das regras por parte de alguns estrangeiros para eliminar a ansiedade e o sentimento de injustiça da população”.
Apesar do tom duro, Onoda garante que a postura não é contraditória. “Não devemos dificultar a vida dos estrangeiros que vivem de acordo com as regras”, afirmou. A questão, segundo a ministra, passa por garantir que apenas pessoas cumpridoras das regras permaneçam no território japonês.
A posição de Onoda reflete a linha política de Sanae Takaichi, a primeira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra do Japão. Takaichi ordenou que os ministros apresentassem propostas sobre políticas para estrangeiros até janeiro de 2026, com foco em questões como permanência ilegal, uso irregular de seguros de saúde e aquisição de terrenos por não japoneses.

Quem é Kimi Onoda
A trajetória de Onoda tem contornos particulares. Nascida em Illinois, Estados Unidos, foi trazida para o Japão pela mãe japonesa com apenas um ano de idade. O pai americano abandonou a família quando ela tinha dois anos.
Antes de entrar na política, trabalhou como rececionista na Sony Ginza PlayStation, instrutora de preparatório, editora de revista e modelo, tendo sido até finalista dos concursos Miss International e Miss World. Foi eleita pela primeira vez em 2011 e chegou à Câmara dos Conselheiros em 2016.

Contexto de tensão crescente
O endurecimento surge num momento em que o Japão regista números históricos. Em junho de 2025, havia 3,95 milhões de estrangeiros com visto válido no país, o maior número de sempre.
Takaichi reconheceu que parte da população sente “preocupação e uma sensação de injustiça” devido a atos ilegais cometidos por alguns estrangeiros. Ao mesmo tempo, admitiu que “há setores que realmente precisam de mão de obra estrangeira”.
O governo criou um novo órgão para rever as políticas migratórias, com participação de especialistas em população, economia e multiculturalismo. Entre os temas em discussão estão a regulamentação da compra de terrenos por estrangeiros, o combate ao turismo excessivo e medidas contra crimes.

Ken Kobayashi, presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Japão, alertou para os riscos das medidas mais duras. Segundo ele, uma em cada quatro pequenas e médias empresas precisa de empregar estrangeiros devido à falta de mão de obra, embora isso por vezes gere conflitos nas comunidades.
O cientista político Masaya Hiyazaki, diretor da Escola Política Cidadã de Yamanashi, vai mais longe: se a diminuição populacional continuar, o Japão não conseguirá manter-se sem atrair estrategicamente estrangeiros. Para Hiyazaki, é essencial evitar que a sociedade japonesa siga um caminho xenófobo.










