Um homem de 37 anos foi detido no passado dia 6 de dezembro depois de ter sido apanhado dentro de uma escola secundária em Yachiyo, na província de Chiba. Ryotaro Adachi, que se descreveu como executivo de uma empresa, viajou desde Nagoya numa missão que se revelaria tão estranha quanto premeditada.
O plano de Adachi começou de manhã cedo quando apanhou um comboio Shinkansen com destino a Tóquio. Mas o objetivo não era uma reunião de negócios ou turismo. A polícia prefeitural de Chiba encontrou-o escondido numa casa de banho de rapazes da escola, numa cabine com a porta fechada. O que levantou suspeitas foi precisamente esse detalhe, um professor que estava na escola ao meio-dia estranhou ver uma porta fechada e decidiu verificar.
Dentro da cabine, Adachi tinha consigo cinco pares de sapatos de interior que acreditam pertencer a estudantes do sexo feminino. Durante o interrogatório por invasão de propriedade, o homem admitiu prontamente as acusações. “Tenho um fetiche por cheiros femininos e queria cheirar os sapatos que estavam dentro de casa.”, declarou às autoridades, segundo reportou a TV Asahi.
A meticulosidade do plano torna o caso ainda mais peculiar. Entre os pertences de Adachi foi encontrado um bilhete de Shinkansen com data de 6 de dezembro, confirmando a viagem de Nagoya para Tóquio naquele mesmo dia. Mas há mais, segundo as autoridades, Adachi escolheu especificamente uma escola na região de Kanto por uma razão técnica relacionada com o seu fetiche.
Em Aichi, a região onde fica Nagoya, as escolas utilizam predominantemente chinelos como calçado de interior. Já na região de Kanto, as escolas adotam maioritariamente sapatos de interior mais estruturados, conhecidos como uwabaki. Estes sapatos fazem parte de uma tradição cultural japonesa profundamente enraizada, quando os alunos chegam à escola, trocam o calçado de rua por sapatos de interior específicos, mantidos em cacifos à entrada. A prática, que remonta ao período Meiji, reflete os valores japoneses de limpeza e respeito pelos espaços partilhados.
Para Adachi, esta diferença regional era suficientemente significativa para justificar uma viagem de mais de 300 quilómetros. A polícia continua a investigar se terá tentado atos semelhantes anteriormente. Por agora, o caso deixou funcionários e autoridades perplexos perante uma história que mistura planeamento meticuloso com motivações profundamente perturbadoras.
A detenção levanta também questões sobre segurança escolar e os limites que alguns indivíduos estão dispostos a ultrapassar. Numa cultura onde os sapatos de interior são um símbolo de disciplina e ordem escolar, a invasão de Adachi representa uma violação não apenas legal, mas também de uma tradição que faz parte da identidade das escolas japonesas.
