O Japão continua a consolidar-se como um dos destinos mais procurados do mundo, com números que não param de crescer. Setembro de 2025 entrou para a história como o primeiro mês a ultrapassar os 3 milhões de turistas internacionais, registando cerca de 3,267 milhões de visitantes, um aumento de 13,7% comparativamente ao mesmo período de 2024.
Os dados divulgados pela Agência de Turismo do Japão e pela Organização Nacional de Turismo mostram que a China lidera a lista de países de origem, com aproximadamente 775.500 turistas (mais 18,9% que em setembro de 2024). Seguem-se a Coreia do Sul com 670.500 visitantes (subida de 2,1%), Taiwan com 527.000 (aumento de 12%) e os Estados Unidos com 224.700 turistas (crescimento de 17,1%).
Estes números de setembro não são um caso isolado. Nos primeiros nove meses de 2025, o arquipélago japonês já recebeu cerca de 31,65 milhões de visitantes estrangeiros, ultrapassando a marca dos 30 milhões um mês mais cedo do que em 2024. O recorde atual de turismo internacional no país situa-se nos 36,87 milhões anuais, mas as projeções apontam para que 2025 seja o primeiro ano a superar os 40 milhões.
Contudo, por detrás destes números impressionantes esconde-se uma mudança significativa no comportamento dos turistas. Entre julho e setembro deste ano, a despesa média por pessoa manteve-se nos 219.428 ienes (cerca de 1.340 euros), praticamente igual a 2024. O que mudou foi a forma como esse dinheiro está a ser gasto.
As compras registaram uma queda acentuada de 11,4%, com os turistas a gastarem em média 54.631 ienes nesta categoria. Em contrapartida, as despesas com alojamento dispararam 7,9%, atingindo uma média de 80.972 ienes por pessoa. Esta alteração reflete duas realidades: por um lado, as famosas pechinchas que atraíam compradores ao Japão começam a escassear; por outro, os preços dos hotéis nas zonas mais procuradas pelos estrangeiros têm vindo a aumentar exponencialmente.
As grandes superfícies comerciais japonesas já tinham notado um arrefecimento nas vendas a turistas estrangeiros nos últimos meses, uma tendência que agora se confirma nos dados oficiais. Simultaneamente, bairros e cidades com forte presença turística registam valores de alojamento cada vez mais elevados, pressionando os orçamentos dos visitantes.
Apesar destas mudanças nos padrões de consumo, não há sinais de que o Japão vá perder o estatuto de destino mais desejado do momento. O que poderá estar a emergir é um novo perfil de turista: menos focado nas compras e mais orientado para a experiência cultural e gastronómica, mesmo que isso signifique pagar mais pela estadia.
