Um inquérito recente da Circana revela números surpreendentes sobre os hábitos de compra dos jogadores americanos. A empresa de pesquisa de mercado concluiu que mais de 60% dos jogadores adquirem no máximo dois jogos por ano, desafiando a perceção comum sobre o consumo na indústria.
Mat Piscatella, diretor sénior da Circana, partilhou dados do inquérito Future of Video Games do terceiro trimestre de 2025, que analisou a frequência de compra entre jogadores nos Estados Unidos. Os resultados mostram que 18% dos inquiridos compram um jogo novo aproximadamente de seis em seis meses, enquanto 12% fazem uma aquisição anual. Há ainda 33% que compram jogos com uma frequência inferior a uma vez por ano.
No extremo oposto do espectro, 22% dos jogadores compram um título novo a cada três meses, 10% fazem compras mensais, e apenas 4% adquirem mais de um jogo por mês. São estes 14% que compram pelo menos um jogo mensalmente que Piscatella identifica como os principais responsáveis pela sustentabilidade do mercado de jogos a preço cheio.
“Os jogadores hiperentusiastas e insensíveis ao preço são os que realmente mantêm as coisas a funcionar, especialmente no espaço dos jogos que não são free-to-play”, observou o analista. Piscatella alertou ainda que qualquer pessoa que acompanhe estas notícias provavelmente já faz parte desses 14%, o que pode distorcer a perceção sobre o comportamento do público geral.
Os dados ajudam a explicar tendências recentes na indústria, como o aumento dos preços dos jogos e a proliferação de edições deluxe e de colecionador. Segundo Piscatella, esta minoria de jogadores com maior poder de compra e menos sensibilidade ao preço tornou-se o alvo principal das estratégias comerciais.
“Porque é que existem comandos premium, edições de colecionador a 149 dólares, consolas Pro e preços geralmente a subir? Porque os jogadores abastados e insensíveis ao preço são os que gastam mais, enquanto todos os outros migram mais para o free-to-play”, escreveu o analista num comentário separado sobre esta tendência que diz acompanhar há anos.
A mudança para o free-to-play não significa necessariamente que os jogadores estejam a gastar menos. Um relatório da Comscore publicado no ano passado descobriu que 82% dos jogadores americanos fizeram pelo menos uma compra dentro de um jogo nos 12 meses anteriores. Isto sugere que, apesar de comprarem menos títulos completos, muitos continuam a injetar dinheiro na indústria através de microtransações em jogos gratuitos.
A segmentação do mercado está cada vez mais evidente, com uma pequena percentagem de consumidores a alimentar o desenvolvimento de jogos AAA a preços premium, enquanto a maioria opta por experiências gratuitas com pagamentos opcionais integrados.