Review por Bruno Reis.

Control é o último título da Remedy Entertainment, os criadores de Max Payne, Alan Wake, e Quantum Break. Tal como os seus antecessores, é uma aventura intensa, bizarra e perturbante.

Jesse Faden, é uma rapariga de 28 anos com poderes paranormais latentes, que procura pelo seu irmão Dylan. A própria é conduzida a uma organização intitulada, Federal Bureau of Control, um departamento secreto do governo norte-americano que existe desde os tempos da Segunda Guerra Mundial. Jesse acredita que estes são os responsáveis pelo desaparecimento do seu irmão de forma a manter a segurança de casos paranormais que persistem na sociedade sob o olhar passivo da mesma. Contudo, o edifício da Federal Bureau of Control (FBC), encontra-se sob a custódia dos Hiss, uns seres parasitas de outra dimensão. Devido a um rumo inesperado de acontecimentos, o diretor da FBC, Zachariah Trench, é assassinado, e a Service Weapon deste, (uma pistola capaz de regenerar munição) apodera-se de Jesse, tornando-a na nova diretora, e na responsável por parar a invasão dos Hiss enquanto procura por pistas pela localização do seu irmão. Enquanto vasculha por todos os cantos do monumento Jesse, adquirirá mais poderes tais como a levitação, a manipulação de mentes e desviar-se de objetos a velocidades supersónicas, e conhecerá alguns membros da FBC, abrindo a exploração e investigação das diversas áreas do jogo.

A história desenvolve-se a um ritmo agradável e consistente. Além de dezenas de documentos que exploram a lore e acontecimentos de Control, a semelhança de Quantum Break, é contada também através de pequenos segmentos gravados com atores de carne e osso, dando um aspeto que tem tanto de realista, bizarro e por vezes até cómico. Embora Jesse, seja marcada por um passado trágico, a perda do seu irmão, e encontrar-se trancada num edifício povoado por seres humanos governados por um regime ditador e demente, a própria Oldest House é o maior impulsionador da história de Control. Um vasto labirinto com centenas de escritórios, centrais subterrâneas, geradores nucleares e muito mais. Todo é uma hub enorme, a semelhança de títulos “metroidvanios” tais como o recente Bloodstained: Ritual of the Night.

O combate nunca se traduziu em monotonia

Felizmente Jesse, tem ao seu dispor um mapa de todas as áreas do jogo, que se atualiza enquanto explora as subsequentes áreas da Oldest House. Porém, torna-se mais complicada a sua conquista e exploração devido ao elevado número de hordas de Hiss, e outras ameaças. É nestas alturas que os poderes latentes de Jesse são precisos. Além de estar munida com a sua fiel pistola, consegue utilizar praticamente todos os objetos no edifício. Este feito lapidou um dos grandes problemas deste título, ou seja, o combate com a sua Service Weapon. Este é muito limitado nos ‘padrões’ presentes. Jesse não se pode esgueirar ou abrigar-se, apenas consegue baixar-se, apontar e disparar. O mesmo é um pouco rudimentar fazendo-me até transportar anos atrás a jogabilidade de títulos de Playstation 2. O mesmo não pode ser dito acerca de atirar sanitas, extintores de incêndio, computadores, e até o solo do próprio chão as fuças dos Hiss, enriquecendo e até negativando o fator negativo descrito acima. Também é incrível a fluidez com que Jesse consegue transitar de Service Weapons (De início temos apenas uma), enquanto levita e atira objetos, esquiva-se de balas e até manipula Hiss para lutar ao seu lado. Como não bastasse tudo no cenário é praticamente interativo, com efeitos físicos bem visíveis, criando aquele efeito clássico do tiroteio no lobby no célebre filme The Matrix. Devido a este efeito o combate nunca se traduziu em monotonia, por vezes até me deparei a destruir o cenário de tal forma que do gratificante, intuitivo, natural e “vivo” que realmente é.

O jogador pode ainda melhorar o mesmo com upgrades que Jesse utiliza nos vários pontos de Controlo cujos atuam também como pontos de salvamento de partida. Os Hiss não só deixam recursos, como na Oldest House, podemos encontrar pequenos artefactos que podem ser dispensados na troca de recursos que vão desde atribuir mais força física e poderes psíquicos bem como melhorar, e equipar melhores Service Weapons. Também é possível obter alguns destes através da exploração e destruição dos nossos inimigos, estes são aleatórios, felizmente os seus escalões podem ser melhorados.

Espetáculo visual tremendo!

Control graficamente é um espetáculo visual tremendo! Usando tecnologia de Ray Tracing de ponta presente na gama RTX da Nvidia, as sombras, reflexos, arestas de luzes, espelhamentos e até a destruição de cenários permitiram um realismo sem paralelo, encontrado em mais nenhum título desta geração e que me entusiasmou por esta ser utilizada doravante na próxima. Embora Control, seja visto como uma jogada de ‘marketing’ da Nvidia de forma a fomentar mais vendas, num período onde a competição está bem interessante, acreditem que esta tecnologia faz um mar de diferença no mundo de Control, tudo é mais rico em detalhe diria até mesmo único.

Inexplicavelmente e durante as conversações os modelos de personagens não apresentam este cuidado, os modelos e expressões parecem-me sem vida, por vezes até as bocas não coincidem com as falas. A respeito de banda-sonora embora seja minimalista devido a sua própria natureza surge nos pontos-chave de Control. De respeito é mesmo o trabalho dos seus atores que conseguiram polvilhar vida nas suas personagens, um dos meus favoritos foi o Dr. Darling, um génio que se encontra manipulado pela FBC e por si mesmo preso a uma realidade, simplesmente por achar-se um génio acima de qualquer outro.

Control apesar das suas falhas é um título que merece a atenção de todos. Um drama laboral intenso e perturbador, onde não vão faltar muitas questões e momentos de inquietação, envolto num pacote de luxo que se pode traduzir num dos maiores feitos tecnológicos desta geração.

8.5/10

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