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    Análise – Crash Bandicoot 4: It’s About Time

    Parece incrível, mas já passaram mais de duas décadas desde que Crash Bandicoot recebeu um título numerado, isto claro se ignorarmos o facto que Crash Bandicoot: The Wrath of Cortex, ficou conhecido no Japão como Crash Bandicoot 4. Depois de anos literalmente às voltas entre editoras e plataformas, o marsupial finalmente encontrou uma base sólida para voltar ao estrelato que outrora viveu na PlayStation com Crash Bandicoot N’Sane Trilogy, o genial remake que reúne as suas primeiras três loucas aventuras. Neste mirabolante 2020, vamos voltar a 1998, uma época longínqua onde até poderíamos sair para a rua sem máscaras nas nossas caras, sabemos que parece incrível, mas é verdade.

    Regressados também estão os vilões N.Tropy, Uka Uka, o Dr. Neo Cortex e todo o seu restante elenco de personalidades excêntricas. Tal como sabemos esta autêntica liga de vilões ficou presa numa dimensão temporal depois dos eventos de Crash Bandicoot 3: Warped. A maioria até parece acostumada a esta realidade, exceto Uka Uka, a máscara do mal depois de anos e anos a tentar incansavelmente abrir um portal para escapar… por fim consegue! Este acontecimento imediatamente inflamou as chamas de vingança de todo o grupo que decide pôr em prática um plano ainda mais sinistro do que o anterior, um plano de conquistar todas as dimensões.

    De volta a 1998, encontramos Crash que está a relaxar na sua praia após ser subitamente acordado pelo seu amigo Aku Aku. A máscara do bem sente que um grande mal foi novamente desperto, e Crash não perde tempo partindo para investigar. Depois de algumas peripécias o animal desperta numa caverna, uma estranha máscara com poderes quânticos. Na companhia desta, a sua irmã Coco Bandicoot, e do seu amigo Aku Aku, o quarteto fantástico parte numa corrida entre várias dimensões para evitar as investidas de conquista do Dr. Neo Cortex e do seu nefasto grupo.

    Gostaríamos de fazer um aparte muito interessante neste parágrafo, embora Crash, Coco, e Aku Aku, permaneçam (como já citámos) em 1998, na dimensão onde os seus inimigos estiveram capturados, passaram-se 22 anos, a produção da Toys for Bob, exemplificou e separou no jogo estas duas realidades de uma maneira sublime, quase como nem tivesse sido aberto um fosso por mais de 20 anos, entre dois títulos. Os eventos de Crash Bandicoot 4: It’s About Time simplesmente ocorrem uns meses depois da terceira aventura, por essa mesma razão o nosso amigo permanece com quase todos os seus movimentos. Logo de início nesta aventura os jogadores podem efetuar o duplo salto, rasteira em forma de carrinho, salto com impulso, e até o body slam com ambas as personagens. A forma com que estes movimentos são apresentados introduz logo aquele efeito demasiado familiar, o mesmo que sentimos antes na já enunciada trilogia.

    Outro efeito incrivelmente relacionável, que até nos deu um certo efeito de déja vu, é que a seleção de fases e fluxo de jogo é bastante parecido com os anteriores, especialmente com o terceiro. Em cada conjunto de níveis numa dimensão, o grupo conquista a mesma após a derrota de um dos servos do Dr. Neo Cortex. Nesta dimensão os níveis também são temáticos como assistimos em Crash Bandicoot 3: Warped. Crash e Coco, vão viajar até uma dada época presente, passada ou futura consoante o vilão na mesma. Este efeito, na prática, talvez possa ter desapontado alguns dos nossos leitores à espera de grandes novidades em tanto tempo, no entanto, podem crer que as semelhanças com os anteriores começam e acabam aqui. Nas suas 38 fases além dos jogadores poderem optar entre controlar Crash ou Coco, o jogo coloca-nos no pelo de Tawna Bandicoot, a ex-namorada de Crash e Dingodile, um dos maiores inimigos dos marsupiais. Estes momentos são denominados de Linhas Temporais, e nas mesmas não só a jogabilidade como o jogo muda drasticamente. Ao passo que as aventuras de Tawna são próximas de jogos de aventura e ação, os momentos de Dingodile são mais metódicos com uma jogabilidade de tiros explosiva. Como se não fosse suficiente em certas fases e momentos da história o jogador é convidado a controlar o Dr. Neo Cortex que nos oferece uma visão pessoal da sua história. Novamente a jogabilidade muda, evoluindo para um misto de plataformas e ação muito ao estilo de Megaman X. Inevitavelmente sentimos que a produção se inspirou fortemente em Sonic Adventure 2, pois à semelhança deste clássico da SEGA Dreamcast, a jogabilidade muda completamente com base nas personagens que controlamos.

    Quaisquer personagens que controlaremos terão um efeito em comum, a dificuldade nas suas fases. É certo que recentemente fomos brindados com uma fantástica trilogia e podemos voltar a aperfeiçoar a nossa técnica, mas sentimos que em Crash Bandicoot 4: It’s About Time a dificuldade aumentou exponencialmente. Crash Bandicoot sempre foram jogos de plataformas precisos e metódicos, a sua dificuldade e jogabilidade em doses iguais apelando simplesmente com base nesta simples regra. No entanto, o jogo sofre de picos de dificuldade demasiado repentinos que podem apanhar mais desprevenidos os jogadores mais novatos, especialmente com as mecânicas de uma das novas máscaras que atribui complexidade desnecessária e contraproducente em diversos estágios nos níveis.

    Voltando à boa velha maneira do antigamente os jogadores mais dedicados podem desbloquear um sem fim de itens e conteúdos sem quaisquer microtransações! As Whumpa Fruits nesta aventura têm um papel mais predominante, ao invés de simplesmente obtermos uma vida ao recolhermos 100 (este efeito ainda está presente no modo retro), os jogadores ao amealhar uma certa quantidade, podem receber no final do nível joias. Ao todo e em todos os níveis podem recolher seis joias. Estas ao invés de simplesmente destruirmos todas as caixas como antigamente, agora podem ser obtidas ao recolher uma certa quantidade de Whumpa Fruits, escondidas nos níveis ou conquistarmos uma fase com menos de três vidas perdidas. Certamente recolher todas as joias, será uma tarefa que fará suar até os jogadores mais veteranos, mas ao colecionarmos as seis numa fase desbloqueamos uma skin para Crash ou Coco, por isso já sabem além do enorme desafio teremos uma bela recompensa pelos nossos esforços. Como se não fosse bastante, após a conquista de um nível será desbloqueada a fase completa no modo Time Trial, onde poderemos obter as tão ansiadas e infernais rélicas de platina. Para aumentar ainda mais a sua abismal longevidade ao longo desta louca jornada ainda existem espalhadas em diversos níveis, Cassetes VHS. Estas transportam os jogadores até 1996, onde Crash e Coco eram alvos de testes para o exército de mutantes do Dr. Neo Cortex, ou seja, não só temos ainda mais conteúdo como poderemos explorar mais a fundo muita da história de Crash que não conhecemos. Por último nas não menos importante após a conquista do jogo os jogadores terão acesso às fases N.Verted, uma série de desafios temáticos nos níveis onde os jogadores apenas terminarão os mesmos se, por exemplo, pincelarem os ambientes de várias cores, viajarem em mundos de trás para a frente, ou novos e mais desafiantes confrontos contra a troupe de Neo Cortex. Certamente que a produção não esqueceu os jogadores que não gostam de demasiadas modernices e desejem um autêntico desafio retro, ou seja, teremos vidas limitadas como anteriormente, no modo moderno descrito acima são ilimitadas.

    A série Crash Bandicoot sempre foi sinonimo de valor conteúdo e com Crash Bandicoot 4 It’s About Time esta afirmação não podia fazer mais sentido Além de todo o enormíssimo conteúdo singleplayer referenciado acima, os jogadores ainda terão acesso a modos de competição local que até emulam o multiplayer do antigamente onde passávamos o comando entre amigos nas nossas sessões de jogo. Numa época de jogos em rede é interessante assistir a um foco acentuado em experiências mais diretas e físicas.

    Visualmente Crash Bandicoot 4: It’s About Time, está sublime. Desde as animações dignas de uma superprodução animada, até aos seus cenários que transbordam de carisma. Sublinhamos sobretudo a estética que mistura elementos mais clássicos de Crash Bandicoot, com um ambiente mais moderno, mas sem se deixar enveredar por aquele efeito demasiado Disney Pixar/Dreamworks que vive praticamente em todas as obras onde controlamos criaturas anafórmicas. O jogo não tem quaisquer quebras de quadros e apresenta resoluções 4K na versão mais poderosa da PlayStation 4. Respeitante a som além do fantástico desempenho de todos os seus atores, as melodias são as típicas Crash Bandicoot, faixas com poucas octanas num clima selvagem e tribal ou ambiental na maioria das suas fases.

    Análise - Crash Bandicoot 4: It's About Time

    O título deste jogo Crash Bandicoot 4: It’s About Time, apresenta bem mais do que uma metáfora de tempo ou um simples jogo de palavras para ansiedade. Na totalidade representa uma experiência dotada em doses iguais de qualidade e conteúdo. Certamente que esperámos bastante pelo regresso de novas aventuras desta dupla de marsupiais, mas é com toda a certeza que podemos afirmar que a hora de ficarmos novamente entusiasmados a rodopiar insensatamente durante horas a fio acabou de chegar.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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    Diogo Costa
    Diogo Costa
    7 , Outubro , 2020 13:23

    Excelente análise, Bruno!

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Reply to  Diogo Costa
    9 , Outubro , 2020 14:11

    Muito obrigado, Diogo ainda bem que gostaste.

    Erika Gomes
    Erika Gomes
    9 , Fevereiro , 2021 18:52

    Excelente análise Bruno e gostei muito pois jogava muito esse jogo

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