Oneechanbara é uma daquelas séries demasiado japonesas que mesmo assim de tempos a tempos decide pisar os solos ocidentais. Neste lado do mundo foram apenas lançados três dos seus doze jogos. Sem surpresa estes tornaram-se jogos de nicho apoiados por um culto fervoroso que se expandiu consideravelmente devido a todo o seu merchandising e das suas adaptações cinematográficas. À semelhança dos jogos, os filmes apresentam duas jovens empunhando espadas, e outras armas brancas enquanto lutam contra um exército de monstros e mortos-vivos numa ação frenética cheia de desmembramentos, estilo e sangue.

O jogo original foi lançado em 2004 e a sua sequela em 2005; ambos para a PlayStation 2. Os mesmos tornaram-se clássicos instantâneos de baixo orçamento – isto situado numa era onde o termo indie e jogos de baixo custo ainda não eram conhecidos na indústria. Este pacote não só marca o 15º aniversário da obra como junta ambos estes títulos num pacote completamente renovado a nível técnico e narrativo.

O título é uma combinação das palavras japonesas onee-chan (“irmã mais velha”, também um coloquialismo para jovem adulta) e chanbara (“luta de espadas”).

Oneechanbara Origin não perde tempo e começa com muita ação logo nos seus segundos iniciais, enquanto situa os jogadores no mundo e nas mecânicas de Oneechanbara. O que imediatamente é evidente é o salto geracional entre a PlayStation 2 e esta versão PC Steam. O jogo não só está muitíssimo mais refinado a nível visual como a sua jogabilidade robótica foi exponencialmente melhorada. Para quem não conhece os jogos originais na consola da sexta geração, estes não apresentavam praticamente nenhuma fluidez. Embora fossem divertidos e desafiantes eram muito pouco responsivos nos movimentos e nas mecânicas das suas personagens. A câmara também foi melhorada, embora ainda apresente anomalias em confrontos contra bosses, todos os elementos estão em completa união, a ação finalmente sente-se verdadeiramente ininterrupta, e agora certamente o jogador se sentirá em total controlo de todas as situações. Como se não fosse bastante os elementos de jogos mais modernos como a esquiva, medidores de êxtase, cool combos, bloqueio, e berserk também fazem parte do jogo.

O combate de Oneechanbara Origin é simples para o jogador comum e complexo para o jogador mais exigente. Enquanto disferir golpes com muito estilo é muito fácil, se quisermos manter a sua ação sem tempos mortos temos de assimilar a maior parte das suas mecânicas. O bloqueio é a mecânica chave para mantermos os nossos combos ativos e em grande número. Estes tornam-se vitais nos brutais confrontos contra os Bosses (alguns novos), sendo que durante estes a dificuldade do jogo sofre um pico bem incomum, pois além de serem bem complicados e apresentarem várias fases, a câmara ocasionalmente decide também tornar-se num aliado do Boss, pois muitas vezes até estando “locked-on” decide tomar como foco outras ameaças menores como zombies ou outros monstros que acompanham o mesmo nos confrontos.

No final de cada nível, recebemos uma bonificação consoante a nossa prestação. Esta é essencialmente realizada pela forma como acabamos com as nossas ameaças. Inimigos cortados em simultâneo ou de uma certa forma, recebemos mais pontuação. Desta forma o jogador é incentivado a eliminar inimigos não só da forma com mais estilo como também da maneira mais eficaz. Pelos nossos serviços são-nos oferecidos pontos de habilidade, técnicas e dinheiro que pode ser usado para comprar itens.

Mas não só de jogabilidade vastamente melhorada vive Oneechanbara Origin. Outras das atualizações mais evidentes do jogo está obviamente no seu departamento visual, e atenção que neste departamento o jogo recebeu bem mais do que uma atualização de texturas ou novos visuais nas suas personagens e ambientes. O jogo mudou radicalmente de estilo deixando as texturas mais realistas nas suas personagens e ambientes no passado, e deu lugar a uma arte anime cellshaded que encaixa na perfeição no frenético e exagerado mundo do jogo. Este é um dos melhores apontamentos de Oneechanbara Origin, as personagens apresentam animações bastante fluidas e o carisma natural anime transmite-lhes uma dimensão mais refinada, mesmo tratando-se de um título de baixo custo. Infelizmente este tratamento “premium” apenas é encontrado nas suas personagens principais e ambientes mais importantes do jogo, pois nos restantes elementos é evidente a notória descida deste refinamento.

O primeiro filme live-action teve como título OneChanbara: Bikini Samurai Squad e foi lançado no Japão em 2008

Para o melhor ou para o pior, o jogo também rescreve a sua história moldando os seus dois primeiros títulos num só pacote. Este acontecimento permitiu uma abordagem bastante diferente e mais condicionada da que conhecíamos, até com algumas situações e personagens a mostrarem pontos ou motivações diferentes. No que consta quanto à história base, esta encontra-se inalterável. Aya uma das heroínas da série recebe um telefonema enquanto visitava o túmulo da sua mãe num cemitério local. Esta voluptuosa jovem tornou-se numa caçadora de monstros e mortos vivos de forma a encontrar o paradeiro da sua irmã Saki. Imediatamente após este telefonema Aya, encontra-se rodeada de zombies, e parte em busca de Saki, por parques, hospitais e outros locais bem propícios à prática do combater contra mortos-vivos. No entanto, o jogo também aproveitou para expandir algumas novas narrativas como os pais das irmãs, que tenta introduzir mais maturidade no enredo. Contudo, como a história não é para ser levada a sério, este elemento cai imediatamente por terra. Oneechanbara Origin não é um jogo longo, são precisas cerca de 6 horas para assistirmos à sua conclusão. Porém, um dos maiores aliciantes desta série é o de desafiarmos toda a história noutras dificuldades mais elevadas para desbloquearmos técnicas, novos itens e anéis.

Felizmente esta tarefa não se torna monótona como antes porque poderemos revisitar as partes da história que mais gostamos através de uma seleção de capítulos. Os atores também contribuiram para a fluidez deste elemento. Longe vão os dias onde os avatares sem voz se encostavam em cenários despidos e sem luz, era pura tortura voltar a viver esses momentos. No que diz respeito à banda-sonora, basicamente segue a tendência que a série já nos habituou. Embora seja polvilhada com muito ‘rock’ genérico algumas faixas foram apimentadas com ligeiros remixes dos jogos originais. A grande novidade neste departamento são duas faixas musicais cantadas, que aumentam a já referenciada diversão exagerada e faz com que o jogo adote ainda mais uma vertente de Filme B.

Ao terminarmos a história principal, e absorvermos tudo o que pode oferecer, ainda existe mais um modo de jogo para explorar e conquistar. O modo de sobrevivência, coloca os jogadores numa série de estágios contra inimigos e ameaças crescentes. Este é por excelência o modo para a elite de Oneechanbara Origin visto que alguns desafios são bem complicados de superar.

No ocidente o primeiro jogo foi lançado a 7 de agosto de 2004 e teve como título Zombie Zone.

Agora chegamos ao que consideramos a parte menos animadora desta divertida aventura, a sua “port” para PC Steam. Confessamos que ficámos muito desapontados com o seu desempenho nas versões PC. Nesta fase o jogo não tem quaisquer opções gráficas, carece de suporte 4k, não suporta ícones maiores do que 150% na escala DPI (tem de ser modificada no Windows 10 em prior de jogar) e não suporta quadros de animação superiores a 30fps. Embora a opção 60fps esteja presente, quando é ativada o jogo torna-se totalmente dessincronizado no som, ficando lento e com um efeito serrilhado. De referir que apenas conseguimos livrar-nos destes problemas do jogo estabelecendo a ação barrada a 30fps e instalar o jogo numa unidade NVME. Esta computo técnico é sem dúvida a pior das lacunas do título. Felizmente a Tamsoft parece estar ciente destes problemas e tem enviado alguns patches mesmo nesta altura pré-lançamento, esperemos que resolvam todos estes problemas a tempo, pois seria péssimo quer para a empresa como para os consumidores que o produto fosse para o mercado com anomalias tão graves.

No final das contas Oneechanbara Origin é uma ótima porta de entrada para conhecermos a série e os seus jogos originais. Embora permaneça com as suas raízes completamente intactas, o jogo não hesita e retira não só alguns dos melhores apontamentos de outros jogos da série e de outros hack n’slash de diversas eras, evoluindo para uma interessante e gratificante aventura. Não deixem que a sua estranheza e trajes menores escondam este raio de sol de loucura, replayability e desafio.

Bruno Reis
Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.
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antonio carlos
antonio carlos
16 , Outubro , 2020 11:31

sem sabia que esse jogo ia sair, sempre tive interesse pela serie, ate comprei o z2 chaos pra steam a um tempo mas ainda n joguei. provavelmente vou comprar esse daqui a um tempo quando o jogo estiver 100% ou tiverem instruções de como concertar os problemas na internet.

cheguei a ver os filmes depois de jogar a versão de wii que e bem ruinzinha, alem de ficar com o braço cansado depois de jogar (n pensem besteira, o jogo usa o sensor de movimento para atacar) o jogo ainda nem tem chefes fora as outras garotas e isso e bem decepcionante q somado a jogabilidade no wii remote fazer o jogador querer ignorar todas batalhas n obrigatórias.