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    Análise — Resident Evil 7

     

    Os fãs estavam se perguntando quando que o famoso efeito da primeira trilogia de jogos da série Resident Evil, voltados para a construção climática e ambiental de um Survival Horror, retornaria de maneira definitiva para a série. Jogadores desde então se acostumaram com a nova regra de jogos estabelecida por Resident Evil 4 após a sua chegada aos videogames e a sua gigantesca revolução na indústria junto de The Legend of Zelda, reestruturando o que viria a se tornar uma nova mentalidade de level design, ambientação gráfica e até mesmo na direção artística de alguns jogos. Pensamentos esses são influentes até os dias de hoje e em diferentes mídias, não tem como negar a importância da série Resident Evil, principalmente quando você tem uma série com tantos anos de vida nas costas que influência uma série de filmes e até mesmo um dos jogos mais aclamados pela crítica e que se tornou um sucesso culto entre os jogadores de Playstation 3 e posteriormente Playstation 4 – Sim, estou falando de The Last of Us.

     

    Apesar disso, muito da mentalidade de jogo que foi criada por Shinji Mikami e sua equipe na época de desenvolvimento perturbado de longa data desse jogo icônico e memorável, foi sendo adaptada, melhorada, aprimorada e cada vez mais se tornando o novo padrão para diferentes tipos de jogos e gêneros criativos nessa mídia. Porém, os anos foram passando e o que Resident Evil criou agora não era mais parte dele, pois não pertencia somente a ele como um elemento único, já que inúmeros jogos de apropriaram e até mesmo tornaram melhores suas mecânicas para que, ninguém sequer imaginasse, isso viria a influenciar o próprio criador. Resident Evil 5 e posteriormente jogos lançados após este, foram se tornando cada vez mais influenciados a ponto de que a franquia estava se perdendo mesmo no seu quesito narrativo. Por mais que a qualidade desses jogos sejam discutíveis, é inegável que a Capcom estava cada vez mais perdendo a mão na hora de desenvolver seus jogos e cativar mais seus fãs, a ponto de que cada vez mais uma sensação forte de domínio dos fãs sobre a Capcom estava se tornando mais forte, tendo resultados diretos na campanha de Resident Evil 6 e até mesmo na criação de Revelations 2, jogos onde novamente, suas qualidades podem ser discutidas.

     

    Mas após longos anos de espera, encontramos o que parece ser o retorno da franquia adaptada a uma nova mentalidade de geração para jogos de terror. Resident Evil 7 é o que parece ser um respiro profundo da franquia, olhando de forma fria para os caminhos a seguir e finalmente, decidindo olhar para aquele que ela já deveria ter se mantido a alguns anos. Não podemos negar que Resident Evil 7 novamente é um jogo influenciável, mas nem por isso a sua qualidade é descartada. Um jogo que nos mostra a possibilidade de não inovar mas trazer uma experiência de jogo suficientemente divertida, talvez seja o que essa série mais esteja precisando no seu atual momento. E com vocês, Resident Evil 7 finalmente nos trouxe essa sensação. Nós somos apresentados a mansão dos Bakers como o ponto central que ocorrerá grande parte da nossa aventura. Uma região inspirada de forma clara na mansão que passamos quase o jogo inteiro no primeiro Resident Evil explorando lugares vastos e com regiões que nem passavam por nossas mentes que seria possível de se explorar naquela região. Segredos sendo revelados, uma direção artística diferente na exploração de cenários e quebra-cabeças para desafiar as mecânicas impostas ao jogador, traziam uma ambientação de suspense, instigando o jogador a vasculhar cada pedacinho de lugar daquela mansão.

     

     

     

    Esses elementos estão de volta, nós somos colocados em uma grande mansão, vamos a procura de chaves e itens para desbloquearmos novas áreas com uma direção de arte e level design similar aos jogos anteriores da franquia, portas únicas com fechaduras estranhas, quebra-cabeças requerendo um pouco da nossa criatividade na utilização do objetos diferentes e o que os fãs estavam esperando: uma ambientação voltada para os jogos anteriores da série, a falta da trilha sonora construindo um ambiente claustrofóbico e aterrorizante, trazendo fortes sentimentos de que não estamos sozinhos naquela casa e que a qualquer momento podemos ser alvos dos próximos ataques da família que mora naquela região. E uma coisa é certeza: o jogo deixa bem claro na sua primeira hora que você não quer ser alvo de seus ataques.

     

    A paleta de cores do jogo é um pouco voltado para algo sem vida, porém é justamente essa coloração que consegue nos ambientar com primor em uma região onde nos aproximamos cada vez mais do personagem e conseguimos nos transportar para a sua pele, assim fazendo da nossa imersão nessa jornada pela nossa esposa que aparentemente está viva após estar três anos sumida, uma sensação que a muito tempo Resident Evil não conseguia nos trazer. E essa história, eu acredito que você conhece essa premissa, correto? Não se preocupe, você será surpreendido. Porém, infelizmente é um dos fatores onde a série volta a pecar. A História de Resident Evil 7 não é original e esse não é um dos pontos onde ele decaí, a sua falta de originalidade e sendo uma obra fortemente inspirada em outras mídias como filmes de terror e até mesmo referências a animes do gênero de Terror, ele não é uma história que desenvolverá os seus personagens de uma forma humana, tendo reações humanas ou até mesmo tendo o seu lado emocional humano desenvolvido como poucos personagens na série possuí. A Trama ela não é pensada de uma maneira coesa para que você possa se emergir nela, pois o foco do jogo parece ser somente na sua imersão como jogador dentro daqueles cenários com a premissa de explorar cada lugar da casa e sendo desafiado mecanicamente pelo jogo. Fora isso, o jogo não parece contar a sua história de uma forma minimamente interessante no quesito narrativo.

     

     

     

    Existem personagens que sairão dessa história sem ter o seu desenvolvimento feito, interação de personagens será uma coisa rará – principalmente levando em consideração o fato de que essas interações sirvam para explorar suas personalidades e até mesmo eles como pessoas. Um ponto positivo para isso, em contra ponto, são os momentos raros onde a direção mostra o seu primor e as mensagens para seus futuros desafios naquele jogo serem passados de uma maneira verdadeiramente exemplar dentro da narrativa. Mas devo dizer que infelizmente, no que diz respeito a preparação climática para situações perigosas que o jogador deve lidar com cautela, são quebradas devido a grande quantidade de munição e até mesmo maneiras de se desfazer dos desafios momentâneos de exploração. Pois um dos quesitos fortes de Resident Evil voltou a série que é a perseguição constante de um inimigo atrás do jogador, tema esse abordado de forma indireta nas demos lançadas pela Capcom e também nos curtos trailers. São momentos onde obviamente o jogador deverá optar pela fuga, buscando salvar suas munições e ervas, porém, a fuga não é difícil e muitas vezes o jogo consegue ser injusto. Um dos elementos que também retorna é a limitação nos controles do personagem, o que é um sério problema pois quando você é pego por um inimigo, o momento é lento e você dificilmente será pego de surpresa quando já se encontra em uma perseguição. Além disso, o seu personagem possui uma velocidade de movimentação limitada, de uma forma que chega até mesmo a ser irreal pois o jogo busca seguir a filosofia de design dos primeiros jogos, limitar as ações do jogador para uma tentativa de causar maior tensão. Isso pode funcionar para algumas pessoas que são fracas para sensações claustrofóbicas e ambientes propícios a medo, porém para uma grande quantidade de jogadores, o medo é inexistente pois o jogo te arma constantemente e os controles são frustrantes, assim não causando um medo e sim uma frustração pelo personagem não se movimentar e se comportar de uma maneira que uma pessoa poderia. Não estamos pedindo para que nossos personagens sejam super-heróis, socadores de pedras vulcânicas ou matadores de cobras gigantes com um lança-granadas na mão. Só estamos querendo liberdade nos controles da movimentação do personagem, pois limitação irreal é apenas frustrante.

     

    Fora as frustrações com os controles, existem constantes partes onde o jogo fará o grande erro da maioria dos jogos existentes da atualidade que é a dissonância ludo narrativa. O que é isso? O jogo está nos contando uma história com personagens em uma trama especifica e precisamos seguir uma série de roteiros, construindo um enredo consecutivamente para fazer essa história que o diretor em conjunto ao roteirista quer nos contar. Porém, é difícil de trabalhar isso quando não temos uma reação resposta do nosso personagem a grande parte dos acontecimentos da história e um forte exemplo disso é a primeira batalha de chefe do jogo onde somos colocados em uma situação que teoricamente seria desesperadora para o personagem principal porém ela é guiada como uma situação comum de uma pessoa lidando com algo desconhecido atrás de sua sobrevivência, e assim que ela se encerra, a reação dele perante isso é zero. Um desenvolvimento não acontece e cada vez mais a parte “galhofa” de Resident Evil começa a constantemente ser inserida no jogo a ponto de tornar essa conexão com a história um ponto negativo, pois ela não acontece. O nosso personagem não aparenta ter reações, ele sequer consegue passar um sentimento convincente de preocupação as situações que envolvem a busca pela sua esposa pois tudo acaba ficando inflado por uma mecânica muito divertida mas que tira completamente a imersão do jogador na história, que por si só não é bem desenvolvida e não se preocupa com o desenrolar dos personagens em uma trama convincente, assim pecando muito forte na sua construção narrativa.

     

     

     

    Apesar dos elementos ruins que o jogo possuí, nós temos de volta uma característica que a série não trazia em um bom tempo, os inimigos e o curto cenários para administrar uma vastidão de itens espalhados pelo cenário. Assim como em Resident Evil 4, nós possuímos um controle maior da nossa mira e trazendo elementos construídos pela nova mentalidade de jogos de terror, podemos mirar enquanto atiramos e até mesmo escolher partes separadas do nosso inimigo para atirar, podendo acertar pontos específicos que irão nos trazer uma maior vantagem para o combate. Mas, um ponto positivo também deve ser levado em consideração que é o fato do nosso protagonista não saber manusear uma arma corretamente, assim requerendo do jogador um tempo para que sua mira seja adaptada, se torne precisa e que após nos adequarmos a movimentação constante dos nossos inimigos, podermos acertar um tiro certeiro em seus pontos fracos para assim não gastarmos munição de forma desnecessária. O jogo ainda oferece um arsenal vasto para o jogador durante a viagem, tendo capacidade de manusear uma motosserra em determinado ponto, um lança-chamas e até mesmo uma Magnum – Sim, eu avisei, Resident Evil estava de volta, até mesmo nesse quesito.

     

    O Nosso inventário é limitado e durante a nossa viagem encontramos diversos itens para segurarmos ou para guardarmos em um elemento de jogo que fazia tempo que não encontrávamos, o baú da Save Room. Mais um elemento de jogo retorna para Resident Evil, ao pegarmos um item que acaba tornando nossa maleta muito cheia, podemos retornar a sala onde salvamos o jogo e temos a opção de abri-la para guardar nossos itens, assim estando disponíveis em todas as salas com baú. Tornando a aventura menos frustrante e claro, mais divertida pois um elemento de jogo desses é essencial e deve ser usado com sabedoria para que possamos lidar com as dificuldades impostas pelo jogo. Tenha cautela com seus itens!

     

     

     

    Considerações Finais: Resident Evil 7 voltou a suas origens de design para trazer uma experiência mais voltada para o terror e suspense que a série construía em seus primeiros jogos. Apesar desse elemento ser discutido, não há de negar que a sua ambientação e construção de clima é muito bem desenvolvida e os elementos que faziam parte do que tornava Resident Evil uma série divertida, ainda permanecem e retornam após uma longa separação da sua franquia. A História possui sérios problemas em sua narrativa, mas acredito que mesmo ela possuindo essa queda na imersão, de maneira nenhuma o jogador sentirá falta dela enquanto estiver prestando atenção em passar dos desafios impostos a ele, remetendo diretamente a Resident Evil 4, onde o nosso maior entretenimento no jogo será o de jogar.

     

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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    13 , Julho , 2019 4:38

    Sinceramente esse jogo foi 50=50 50% bom é 50% ruim se for analisar referente aos outros

    Lucio
    Lucio
    13 , Julho , 2019 4:38

    Um dia……quem sabe PS4 só penso em comprar daqui a uns 4 anos no mínimo e jogar mesmo em 6 anos ( se até lá não tiver o PS5 XD) eu irei jogar isso.

    FoolTooCool
    FoolTooCool
    13 , Julho , 2019 4:38

    Eu não nunca fui um fã da saga Resident Evil, mas gostei bastante do jogo, mesmo que muitas pessoas critiquem o jogo pelo protagonista esquecível eu sempre achei isso um ponto positivo em jogos da á impressão que você é o próprio protagonista e influencia bastante na imaginação em minha opinião.

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