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    Análise – Sakuna: Of Rice and Ruin (PS4)

    Sakuna: Of Rice and Ruin é daqueles jogos independentes que imediatamente sobressaiu dos restantes na sua estreia que decorreu num evento da E3 de há três anos atrás. Ao longo da fase de desenvolvimento foi de imediato observado através dos vários trailers que a produtora japonesa Edelweiss decidiu transitar de um tema futurista encontrado no título anterior, Astebreed, para dar espaço a um conto com inspiração na mitologia japonesa decorrido no período Edo do Japão. Por esse motivo, em Sakuna: Of Rice and Ruin vamos encontrar em cena uma heroína concebida à imagem da divindade Inari Ōkami, Deus protetor do cultivo de arroz e uma experiência de simulação agrícola centrada na antiga arte da agricultura do arroz japonês que tem um papel fundamental na ação que se pode experienciar neste jogo.

    A história de Sakuna: Of Rice and Ruin começa com cinco humanos a tentarem entrar na capital do reino superior com o propósito de saciar a fome que há tanto persistia. Depois de conseguirem entrar e serem alcançados pela protagonista, a rebelde e irresponsável Sakuna, acontece um acidente com a colheita e a divindade Governante, Lady Kamuhitsuki, de forma a punir a deusa por não cumprir com os seus deveres, é banida juntamente com os mortais e a raposa celestial Tama, o seu guardião. Eles são então levados para o reino inferior, para uma ilha infestada de demónios onde terão de sobreviver e extinguir os seres malignos que lá existem.

    Sakuna acaba por se tornar mais generosa ao conhecer melhor os companheiros humanos e a criar vínculos de amizade com estes. O seu lado individualista começa a ser posto de lado e a dar lugar a outro modo de agir e pensar, ajudando os companheiros a sobreviver e a provar a si mesma o seu estatuto como filha de um deus guerreiro e de uma deusa da colheita. Na verdade, embora a pequena deusa tenha um papel fundamental na história, os personagens que a rodeiam vão dar-nos a conhecer informações muito importantes sobre o mundo que os rodeia, ao mesmo tempo que embelezam a narrativa ao partilhar fascinantes histórias sobre o seu passado e o reino inferior durante as inúmeras refeições que tomam no final de cada dia. Para além disso, darão uma grande ajuda a Sakuna, fora os pedidos que nos vão fazendo em forma de missões, cada um deles terá um papel fundamental no espaço onde se apresentam. Desde a criação de novas armas e armaduras, ao colaborar na própria plantação, e inclusive a possibilidade de um deles se aventurar em expedição para descobrir novos recursos.

    O primeiro lugar a habitar na ilha de Hinoe é uma modesta fazenda herdada pelos pais de Sakuna em que vamos passar parte da aventura a interagir com os mortais que a acompanham, a gerir o nosso campo de cultivo, a aumentar a sua qualidade e a melhorar o nosso equipamento e as nossas refeições. Quando entramos no campo de cultivo, percebemos o quão à regra foi seguida a arte antiga da agricultura tradicional japonesa, inserindo todos os passos detalhados para no fim criarmos um arroz de qualidade. Enquanto na maioria dos clássicos como Rune Factory, onde o conceito é simplificado, aqui temos de criar fertilizante para ajudar no crescimento de atributos como a estética, lavrar o solo, semear, encher a plantação com água, cortar os talos de arroz, remover o grão adequadamente dos talos e prepará-los para comer.

    Ao longo de todo esse processo, vamos desbloqueando novas habilidades à medida que a plantação de arroz vai ganhando forma. Esta abordagem está ligada às melhorias das técnicas do cultivo da plantação do arroz e das habilidades especiais que são de grande utilidade tanto em combate como no processo da colheita.

    As nossas capacidades vão melhorando com o tempo. Tal como a deusa da colheita, a fonte da própria evolução de Sakuna está interligada ao resultado final de cada colheita que fazemos, originando o aumento das categorias da protagonista. Ainda assim, é importante salientar para os jogadores mais impacientes que a mestria do processo é demorada e por vezes monótona, mas claro, todo o esforço tem a sua recompensa no final.

    Uma vez que entramos no cenário onde a exploração e o combate do jogo tomam lugar, é substituído o formato 3D desta vez aplicado em ambiente 2.5, unificado a um sistema de RPG de ação simples com fortes elementos hack and slash em deslocação lateral à semelhança de Muramasa: The Demon Blade.


    No momento em que começamos a explorar o mapa de Hinoe, encontramos um sistema simples e intuitivo com diversas regiões para descobrir com ambientes montanhosos a florestas profundas que tem várias camadas por explorar e com objetivos a atingir. Cada região vai ficando acessível com o progresso na história e com a evolução dos níveis de exploração. No interior de cada um dos cenários, que poderá ser percorrido repetidamente ao longo do jogo, vamos recolher uma variedade de recursos que serão essenciais para reforçar a qualidade de vida dos humanos que estão ao encargo da pequena deusa. Quando explorarmos a ilha e eliminamos os demónios presentes, vamos alcançar diversos materiais e ingredientes que serão úteis para construir e para manter os alimentos que se vão esgotando no dia-a-dia após as nossas refeições.

    Durante o combate, é percetível que Sakuna para além de herdar da sua mãe as características de uma deusa da colheita, também herdou a força e as habilidades de combate do seu pai. A Deusa ainda que aparente ser frágil fisicamente, em combate demonstra ser extremamente habilidosa. Com as suas duas ferramentas agrícolas, pode desempenhar ataques leves, pesados e especiais. Apesar de não oferecer inovação, é a agilidade de Sakuna que a faz brilhar. Desencadear um conjunto de combos em união com outras técnicas, tornará as batalhas mais entusiasmantes, repletas de coreografias dignas de uma deusa. As habilidades especiais também têm o seu potencial de modo a provocar fortes investidas que ajudam a reduzir com mais eficácia a vida das criaturas.

    No entanto, em algumas vezes vamos sofrer de momentos frustrantes em luta, em especial quando enfrentamos os chefes, demónios de Sakuna: Of Rice and Ruin que usufruem geralmente da companhia dos seus lacaios. Outro ponto a destacar neste campo são as roupas de Sakuna que podem ser usadas contra os inimigos e outros objetos. Agarrar um alvo e circular ao redor e continuar o conjunto de ataques evitará danos ao colocar algum espaço necessário entre nós e quaisquer inimigos. Além disso, as criaturas podem ser projetadas enquanto estão presas no lenço de Sakuna. Fora das batalhas, o lenço mágico é igualmente útil, com ele conseguimos escalar paredes, subir penhascos com facilidade, ou até evitar as armadilhas anexadas à natureza dos locais.

    É importante frisar que a alimentação da nossa protagonista lhe traz benefícios que podem ser usufruídos em combate. A refeição que Sakuna teve na noite anterior determina o quão satisfeita ela está, tal como quaisquer vantagem de atributos com que começa. Esse medidor vai ficando vazio com o passar do dia e à medida que sofremos danos. É por isso necessário ter atenção e manter Sakuna satisfeita, caso queiram reduzir a dificuldade diante os confrontos.

    Com o intuito de acrescentar ainda mais realismo ao quotidiano deste jogo, a produtora incorporou um simples ciclo de dia e noite anexado a um sistema de estações que terá a sua influência perante as nossas atividades. Por exemplo, no caso da colheita, o tempo frio como o do inverno faz com que a qualidade seja menor e na maioria das vezes fique danificada, tanto a terra como a safra. Logo que escurece também temos de ter precauções contra as feras demoníacas, cuja força e resistência são intensificadas deixando poucas margens para a vitória, sobretudo porque não podemos beneficiar de itens de cura.
    Outro dos pontos a favor deste título é sem dúvida alguma a secção audiovisual por ser simplesmente notável. A produtora decidiu apostar em animações onde a cor e o traço dos personagens sobressai do resto. Os ambientes ainda que bonitos principalmente ao pôr do sol e nas estações onde o branco predomina, parecem carecer do detalhe notado do restante jogo, principalmente nos cenários onde o combate ocorre. Tendo em conta que a produtora é apenas constituída por duas pessoas, o nível de detalhe carrega muita personalidade e é um bom trabalho ao ponto de se ter tornado num dos jogos independentes mais bem concebidos do género a nível gráfico.

    Por outro lado, temos uma banda sonora que demonstra uma composição instrumental igualmente tradicional que transmite adequadamente o período no qual o jogo é vivido. No início do jogo existe a possibilidade de escolher a localização das vozes tanto em japonês como em inglês. As vozes japonesas comparadas com as vozes inglesas têm um outro cuidado e uma performance mais apropriada para os personagens de origem asiática, independentemente da maioria das cenas serem conversas em texto sem a existência das vozes dos atores.

    Mesmo que não traga grande novidade à fórmula existente dos géneros implementados no jogo, a Edelweiss conseguiu gerar um excelente simulador com uma identidade muito própria baseada na cultura agrícola dos seus antepassados. Ainda que o realismo traga em certas atividades uma jogabilidade que pode ser um pouco repetitiva para alguns, os combates acabam por oferecer um forte dinamismo e o lado estético consegue complementar todos os elementos de um modo equilibrado. Sakuna: Of Rice and Ruin é uma verdadeira homenagem à arte do cultivo japonês que vai agradar à maioria dos fãs que apreciam uma boa dose de simulação agrícola.

    Sakuna: Of Rice and Ruin vai ficar disponível na Europa a 20 de novembro para PlayStation 4 e Nintendo Switch. No PC o jogo é lançado mais cedo a 10 de novembro de 2020.

    Ricardo M
    Ricardo M
    Interessado em videojogos com o gosto acentuado para JRPG, está presente na equipa do OtakuPT desde 2013 com o propósito de acompanhar e informar sobre o que de melhor se faz na área do entretenimento gamer.

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    Will
    Will
    10 , Novembro , 2020 3:26

    E lindo espero que venha legendado para ficar mais belo esse jogo

    Dougfulll
    Dougfulll
    10 , Novembro , 2020 3:26

    Esse jogo parece bem fofo :3

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