Horizon Zero Dawn: Complete Edition, aterrou no PC, um feito literalmente impossível de prever, e que foi alvo de polémica por parte dos fãs mais dedicados da marca azul quando foi anunciado. Esta trata-se da versão definitiva de um clássico moderno, que coloca a nossa jovem aventureira, também em ambientes gelados enquanto conhece mais do seu passado, e enfrenta novas e poderosas máquinas. Na presença de um pacote repleto de qualidade na consola da Sony, será que Aloy conseguiu replicar essa mesma proeza, num novo mercado? Essa resposta será respondida ao longo desta análise que se debruçará mais na sua componente técnica.

O jogo segue a mesma história e acontecimentos que tivemos o prazer de descobrir há sensivelmente três anos. O mundo é regido por uma religião cruel, e vive sob a ameaça das máquinas, seres metálicos gigantes, que também são sinónimo de sobrevivência nestas terras, já que guerreiros conhecidos como valentes, caçam estes seres e as suas peças são usadas como moeda numa civilização tribal. Nestas terras quem é adotado, ou abandonado, é rotulado como pária, e vive exilado da sociedade. Aloy, foi criada pelo seu pai adotivo, Rost, e juntos tentam sobreviver num clima social muito cruel. Devido a uma expedição acidentada a uma caverna, Aloy, descobre um estranho objeto, e devido a este decide tornar-se numa guerreira. Como já se conhecem os elementos narrativos e de jogabilidade deste magnifico título, e existe tanto para comentar no panorama tecnológico acerca deste, resolvi debruçar-me sobre esta componente.

 já era um portento visual tremendo na PlayStation 4, parecia quase impossível melhorar a sua qualidade visual. No entanto, a versão PC não só consegue superar este feito, como estabelece um novo padrão de simplicidade e frescura neste exigente mercado.

… não só consegue superar este feito, como estabelece um novo padrão…

Horizon Zero Dawn foi lançado em fevereiro de 2017 para Playstation 4

O jogo apresenta as habituais opções gráficas que costumamos ver em jogos nesta plataforma. Desde vários níveis de qualidade, que vão desde ao baixo ao ultra, nas texturas do jogo no geral, detalhes nos modelos das personagens, efeitos visuais nos ambientes, e técnicas de anti-alising ou anti-serrilhamento. Também é possível desligar por completo o motion blur, que na minha ótica é recomendado, pois, ao contrário de oferecer benefícios, chega a ser contraproducente, quer na ação no jogo como transmite um efeito muito artificial aos seus deslumbrantes ambientes. Com tantas opções gráficas, pode ser um desafio, estabelecer um equilíbrio entre a máxima fidelidade visual, e fluidez de jogo nos nossos PC. Felizmente, a Guerrilla Games, neste ponto até parece que importou a sua experiência na PlayStation 4 PRO, na qual, é possível escolher o foco entre qualidade visual ou fluidez de jogo, de uma maneira quase imediata. Através de vários presets principais e intermédios, também é possível escolher que foco o jogador procura na aventura de Aloy nesta plataforma. Para os jogadores que preferem dar especial atenção aos seus ambientes basta selecionarem “maior qualidade”, para quem desejar mais quadros de animação e maior fluidez, basta selecionar “maior desempenho”, o resto das opções ajustam-se imediatamente consoante a nossa escolha, simples, intuitivo, rápido e fluído.

Como se já não fosse bastante, existe um preset chamado original, que emula na perfeição a qualidade gráfica que experienciámos na PlayStation 4, e um modo que até analisa o nosso hardware, e automatiza todas as opções gráficas para espremer ao máximo o potencial desta fantástica aventura nos nossos PC. Quer estes como os outros modos, além de intuitivos, são extremamente rápidos de serem implementados. Por fim, e ainda neste parágrafo, esta versão oferece uma característica que modifica modelarmente a nossa qualidade visual, para atingir um determinado número de fotogramas estabelecidos pelo jogador. Este efeito já esteve presente noutros jogos como Gears 5, mas em Horizon Zero Dawn, oferece um melhor desempenho porque não existem discrepâncias visuais, e mudanças na resolução, ou saltos repentinos nos fotogramas, o único efeito negativo que assisti com esta característica acionada, foram as sombras, e reflexos nas águas, a sofrerem um ligeiro declínio visual, um preço que estive mais que disposto a pagar para manter os 60fps, mesmo quando Aloy, estava na presença de uma multidão de habitantes, ou rodeada de máquinas mortais!

Horizon Zero Dawn, mesmo que não se trate de um novo jogo para quem o experienciou na PlayStation 4, certamente transmitiu um efeito de novidade numa plataforma superior. Tive a oportunidade de experienciar este jogo na sua qualidade máxima, e posso afirmar com toda a certeza que quem jogou este jogo anteriormente, irá ficar maravilhado tal como ficou da primeira vez que o viu. Tudo está mais rico e de certa forma natural. Que dizer do esplendor visual ao assistirmos a um vento mais natural ao esvoaçar pelas ervas, das partículas das máquinas ao explodir ou a profundidade e distância nos horizontes? Realmente até parece que estamos perante um jogo da próxima geração, mesmo tratando-se de um, na geração atual.

Quem jogou este jogo anteriormente, irá ficar maravilhado tal como ficou da primeira vez!

A expansão, Horizon: Zero Dawn: The Frozen Wilds, foi lançada em novembro de 2017.

Desta vez não foram implementadas técnicas de checkerboard, para atingir os 4k. Todos os seus visuais foram retratados 1:1 e de forma nativa, o que retirou um ligeiro efeito nublado, tudo e todos ficaram incrivelmente nítidos, de tal maneira que até pude verificar novos elementos visuais que desconhecia nas personagens, logótipos nas máquinas ou mais vegetação nos ambientes. Como já foi referido, o jogo também oferece suporte a quadros de animação desbloqueados. Aqui posso afirmar-vos que não só toda a ação é mais fluida, como também amenizou um dos efeitos mais artificiais do jogo na sua forma original. Pude experienciar o jogo através de 4K 60fps fixos, e 120 fps com ligeiras quebras e com uma resolução naturalmente inferior. Realmente não achei grandes diferenças de fluidez numa ou outra, acredito que seja quase impercetível visualmente, a única diferença notória que encontrei é que as minhas ações pareceram mais responsivas ao premir de botões. No entanto, qualquer fluidez de jogo superior a 30fps, ou seja, o que assistimos na PlayStation 4, melhorou ligeiramente as interações entre Aloy, e o resto das personagens. Através de uma maior fluidez, as personagens já não parecem tão estáticas e as animações tornaram-se mais naturais. Este para mim, foi sem dúvida um dos pontos negativos do jogo original, e foi interessante verificar que a produção conseguiu de certa forma e indiretamente remenda-lo. Infelizmente os modelos de personagens nestas interações, penso envelheceram um pouco mal, senti um efeito datado, difícil de explicar por palavras, não é que estejam com pouco qualidade, mas sente-se aquele decréscimo quando comparado ao resto do seu magistral pacote.

Por último e ainda no departamento visual, o jogo oferece suporte a HDR, e resolução para monitores ultrawide. Enquanto não pude constar o efeito e imersão que um monitor ultra wide pode oferecer, pude verificar o efeito que o HDR produz no jogo na sua máxima força visual. Uma das passagens que fiquei completamente rendido, foi quando Aloy explorava os ambientes das selvas á noite. Não me interpretem mal, esta não foi a primeira vez experienciei esta aventura recorrendo a este efeito, tudo estava com uma maior qualidade visual, os efeitos da luz da lua a incidir sobre plantas, ou as chamas nas máquinas são de um outro nível, tudo está muito mais nítido e melhor retratado. Dou por mim a pensar como seria fantástico se a produção de futuro oferecesse suporte a Raytracing, se esta qualidade já é surpreendente nem imagino como seria com o auxilio desta tecnologia gráfica. Acredito sim, que receba de futuro suporte para as tecnologias Nvidia DLSS 2.0 e AMD Fidelity FX, mas mais que isso penso que será pouco provável.

Graficamente soberbo!

Em suma, podemos constatar que o motor de jogo, Decima, não só é surpreendente como consegue ser bastante otimizado e versátil também nesta plataforma. Assistimos muito recentemente a este panorama, com Death Stranding, que usou o mesmo motor gráfico e além de ser visualmente muito rico, consegue adaptar-se e retirar o máximo rendimento das nossas máquinas.

Sabiam que o primeiro jogo a utilizar o motor gráfico Decima foi Killzone Shadow Fall em 2013.

Surpreendentemente, a produção, não só deixou a nossa localização nacional intacta no jogo, como ofereceu suporte às restantes que fizeram parte do lançamento originalmente deste jogo nos outros países. Gostariam de assistir a Aloy a falar francês ou o alemão? Fácil basta selecionarem estes ou um dos 20 idiomas totalmente localizados no menu principal. Embora não seja adepto de experienciar qualquer media numa língua que não seja a original, não sou capaz de deixar passar em branco, o incrível trabalho e desempenho que os nossos atores tiveram para dar vida às personagens. Aparte destes elementos técnicos o jogo permanece imaculado, apresentando as mesmas formas de jogar, a mesma duração e eventos.

Horizon Zero Dawn é uma experiência arrebatadora no PC

Horizon Zero Dawn, é uma experiência que merece ser vivida, jogada e espalhada pelo máximo de jogadores. Na minha ótica, estamos perante um dos títulos que definiram a PlayStation na sua quarta geração de consolas caseiras, e mesmo que esta afirmação pareça desmedida, certamente concordaram que estamos perante um dos jogos de maior destaque nesta geração.

Por estas e muitas mais razões não vejam com desdém e desconfiança, esta iniciativa da Sony, em apostar em novos mercados. Através deste movimento mais pessoas poderão viver a aventura de Aloy, e com base neste evento, a sua base de fãs será aumentada, fatores que certamente trarão benefícios para todos os jogadores.

Alvorada da Sony num novo mercado

Ao iniciar a minha jornada até senti aquele efeito quase “sobrenatural” de estar mesmo a jogar Horizon Zero Dawn num PC, sem requerer a emulação. Horizon Zero Dawn: Complete Edition, é a experiência por excelência da versão definitiva deste jogo, e no PC tudo ficou ainda melhor, desde grafismos, a uma experiência de jogo mais refinada, e surpreendentemente bastante acessível para todos os públicos. Será este o único grande sucesso da PlayStation nos PC? Ou se juntarão de futuro ao seu portefólio, God of War, ou The Last of Us? Só o tempo o dirá, mas acredito que esta seja a alvorada da Sony num novo mercado.

Bruno Reis
Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.
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