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    Análise: The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III

    Trails é uma série de jogos que nos acompanha há três décadas, passando por diversas plataformas convergindo histórias e personagens. Depois de uma segunda parte genial, a Nihon Falcom traz-nos mais aventuras de Rean e da Class VII. Será The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III, capaz de replicar as suas anteriores proezas?

    The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III começa a sensivelmente um ano e meio depois dos eventos da segunda parte. Erebonia pode ter alcançado a paz pondo um fim a guerra civil que assolou todo o continente. No entanto, esta paz pode ser fugaz e um novo conflito poderá estar iminente! Isto porque o chanceler: Giliath Osborne, começa a ganhar prestígio e a movimentar-se dentro do império reconstruindo-o por dentro, enquanto a organização Ouroboros continua a tecer um plano para colocar novamente todos os países em guerra…ou talvez algo ainda mais sinistro! Alheio a todos estes acontecimentos voltamos a encontrar Rean Schwarzer, que alcançou o estatuto de herói da nação. Este divide o seu quotidiano entre tarefas do governo e instrutor da recém-estabelecida: Thors Military Branch Campus, local onde treinará uma nova Class VII, a mesma que foi integrante e libertou o continente de um conflito que parecia interminável.

    O jogo essencialmente flui da mesma forma que nos capítulos anteriores. Cada segmento leva até ao jogador uma variedade de tarefas mandatárias e opcionais. De salientar que a nova academia é muito mais interessante do que a anterior, não só pela sua estrutura como também pelas suas dinâmicas. Além de ajudarmos a mesma, e a população de Leeves, agora também participamos em missões perigosas fora da academia. Nestas a turma de Rean será posta a prova para travar distúrbios de forma a proteger a sua nação e a província de Crossbell. Durante a sua vida militar a Branch Campus, também poderá encontrar cidadãos que necessitam de ajuda. Estes surgem na forma de quests opcionais e cabe ao jogador decidir se aceita oferecer auxílio ou seguir no jogo. Além de tais eventos, o governo também pede ajuda a Rean em missões de espionagem e obter informações do que se passa dentro e fora das fronteiras.

    Evidentemente quanto melhor for a nossa prestação, melhores serão as recompensas. Além de sermos premiados com itens ou Mira (moeda do jogo), e a semelhança de capítulos de entregas anteriores, são-nos atribuídos AP (Academy Points). Estes não só aumentam o prestígio da nossa equipa como alguns itens e equipamento tornam-se exclusivos desta forma. Felizmente em Cold Steel III, os NPC possuem marcadores a verde quando existe uma nova quest no mapa, o que evita a perda de uma atividade opcional, colocando-a assim ao dispor se o jogador quiser avançar na história através dos indicadores vermelhos ou concluir antes disso todas as operações opcionais a verde.

    Como não se bastassem as recorrentes atividades de pesca, e o viciante jogo de cartas Vantage Masters, também nos são introduzidas, duas novas ocupações. Estas consistem em encontrar material para enriquecer a estação de rádio de Leeves, e fotografar paisagens para mostrarmos o nosso lado artístico a um antigo colega de Thors. De referir que um dos pontos fortes desta série são as interações entre os NPC que conhecemos, ajudamos e como as suas dinâmicas desenvolvem Erebonia. Cada uma tem uma presença própria que pode oferecer até uma nova perspetiva no desenrolar da trama principal, tornando-a mais rica e desenvolta. Na minha perspetiva nos anteriores Cold Steel, existiu uma falta de equilíbrio entre estas atividades e a história principal. Felizmente não foi tão sentido nesta terceira parte, pois não só algumas destas tarefas foram inseridas dentro do enredo como a forma como surgiram pareceu mais natural, diria até menos intimidante, já que apareceram em menor número em junção com o progresso do capítulo e convidam o jogador a explorar novas áreas mais cedo.

    Chegamos a um ponto narrativo muito interessante já que algumas histórias de Trails, começam a convergir. Finalmente demonstram que Erebonia tem um lado negro, existindo bem mais do que política e poderio militar neste prospero país. Este reverso apenas foi referenciado muito levemente, mas desta vez não ficou atrás das cortinas ou ao critério do jogador interpretar tais eventos, como foi o caso em algumas ocasiões na anterior parte.

    Com todos estes condimentos narrativos será esta entrega um bom começo para mergulhar nesta fantástica série? Por incrível que vos pareça, realmente é! Cold Steel III, foi criado também a pensar em quem nunca jogou sequer um título desta franquia.

    Certamente que muitos conceitos serão vitais para o entendimento do jogo, afinal estamos a falar de uma série que partilha imensos desenvolvimentos decorrentes de outras entregas tais como Trails in the Sky, ou Trails From Zero. Todavia como a Class VII consiste em membros novos e como a estrutura narrativa é evolutiva da maneira que nos é servida, não nos sentimos postos de parte no entendimento da mesma. Do mesmo modo que a história nas anteriores entregas não se baseou nos mesmos elementos que encontramos em Cold Steel III.

    Enquanto a primeira foi focada num ambiente sério, porem igualmente juvenil na academia de Thors, a segunda separou estes aspectos durante a guerra civil, dando destaque a um meio mais depressivo e menos colorido. Cold Steel III, é construído essencialmente na fundação de acontecimentos políticos decorridos desses dois, enfatizando apenas os mais importantes. Se não for suficiente o jogo ainda possui um enorme glossário no menu principal onde podemos ficar a par de todos os acontecimentos e personagens deste fantástico universo.

    A Nihon Falcom continua a sua longa tradição de criar personagens em elevado número e qualidade. A caracterização da nova turma e da academia são imediatamente agradáveis quer em personalidades, carisma ou elementos estéticos. Contudo, penso que o cartão de visita aqui são as personagens da anterior Class VII, que cresceram, criaram laços, e batalharam ao lado de Rean. Com o fluxo de acontecimentos revelaram-se na história com personalidades mais únicas, fortes e desenvolvidas visto que a vida os obrigou a seguir e percorrer caminhos separados. Até mesmo o próprio Rean apresenta traços de caracterização mais interessantes e trabalhados. Quanto à escrita, mesmo ficando aos comandos de outra editora como a NISA, não achei diferenças, a história continua fantástica, os diálogos bem escritos e as motivações das personagens bem expressas e credíveis.

    As batalhas por turnos também receberam algumas melhorias. A mais evidente é que o sistema por anéis deixou de existir e as nossas ações agora passam pela seleção de teclas ou botões a movimentos.

    Os nossos adversários possuem uma barra de quebra (Break) que vai aumentando a cada golpe disferido. Existem certas Artes ou ataques que têm mais impacto neste elemento, e usando-os de uma maneira mais eficiente podemos invalidar o nosso inimigo durante algum tempo já que este fica atordoado. Cada personagem ainda pode amealhar BP (Brave Points) no decorrer das batalhas. Com suficientes podem invocar uma Brave Order, uma habilidade que oferecerá diversos elementos à equipa desde aumentar o efeito dos ataques na barra de quebra, maior ataque, ou defesa. Este novo elemento confere mais equilíbrio e efeitos estratégicos ao combate já que o jogador pode optar entre gastar o seu BP para libertar uma Brave Order garantindo assim a sobrevivência do grupo, optar por um Rush Attack, priorizando assim o dano ou aumentar o índice de quebra do adversário, ou ainda simplesmente decidir amealhar BP com um ataque assistido consoante a personagem ligada e o seu efeito.

    Em dificuldades normais esta nova mecânica é quase inexistente, porém em dificuldades mais elevadas como, Hard ou Nightmare torna-se vital a sua boa execução e práticas. Para ter acesso a estes elementos, a Class VII dispõe dos engenhos tecnológicos: Master Quartz Orbment. Estes são muito semelhantes ao célebre Materia System de Final Fantasy VII, onde colocamos esferas em espaços para acedermos a novos comandos e magias.

    Para finalizar, as batalhas entre os gigantescos Divine Knights também se tornaram mais dinâmicas com o auxílio de Panzer Soldats comandados por outras personagens a surgirem ocasionalmente. Devido essencialmente a todos estes novos condicionantes e à sua apresentação, as batalhas tornaram-se mais ricas e desafiantes, adicionando uma moderada camada de estratégia, dificuldade, e maior dinamismo.

    Visualmente o jogo também sofreu algumas melhorias ainda que modestas, afinal trata-se do primeiro título criado de raiz para a geração atual. A mais evidente são as personagens, agora estão mais detalhadas, com uma estatura mais natural e muito melhor animadas. Também se tornaram mais expressivas, longe vão tempos onde apenas imagens e texto ditavam as expressões das mesmas. Estas foram substituídas por cutscenes com animações que lhes conferem um pouco mais de dinamismo e emoção.

    Quanto a cenários apenas ligeiras melhorias, a maioria continua muito despida de detalhe, só mesmo as texturas sofreram um pequeno aumento de qualidade. Embora seja uma herança da Playstation 4, os grafismos não tiraram total partido das capacidades desta consola, e certamente do poder gráfico de um PC moderno. Em suma podemos dizer que não surpreenderam, nem desiludiram apenas afirmar que cumpriram melhor as suas funções. O mesmo não podemos dizer da incrível banda sonora de Cold Steel III. A maioria é diferente dos anteriores títulos, sendo também diversificada e ligeiramente mais sofisticada. Quanto a vozes o jogo apresenta áudio localizado em inglês e o original na língua japonesa. Infelizmente nem todos os diálogos são falados, com ocasionalmente uma palavra num momento de uma quest secundária ou nos recorrentes momentos bonding. Quanto aos acontecimentos da história principal, todos eles são falados.

    Relativamente ao port, à boa velha maneira desta série apresenta um launcher muito interessante. Como já vem sendo frequente, temos ao nosso dispor, diversos presets consoante o nosso equipamento e recursos. Se desejarmos podemos também modificá-los acendo a diversas opções como o Índice de quadros de animação que contam com diversas frequências deste 30fps a ilimitados, resoluções até 4K, efeitos de grafismo tais como distância, anti-alisamento de texturas ou sombras, efeitos de luz, saltar logos, linguagem do texto e até ativar um modo turbo, ou a frequência com que a nossa partida é automaticamente guardada.

    A mais peculiar e muito bem-vinda é possibilidade de colocar os prompts do jogo com teclado ou rato, controladores da Xbox, ou Playstation, sem modificações internas nos ficheiros do jogo, uma decisão que mais produtoras deviam seguir. De salientar que para quaisquer opções gráficas o launcher possui uma pequena explicação e apresentação dos seus efeitos. Respeitante ao desempenho de Cold Steel III, posso indicar-vos que está bem otimizado, não tive quaisquer quebras de fluidez ao longo da minha jornada com todos os efeitos gráficos acionados e ao máximo no meu PC.

    The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III, é um vasto jogo onde não existiu um momento aborrecido, e somos encantados logo à partida com a sua trama política, personagens e mistério. É certo que a sua história possa ser um pouco intimidante à partida, mas da maneira como fluiu assegurou-vos que não deixará ninguém abandonado. Desde combate, visuais ou narrativa tudo melhorou exponencialmente e muitos mais elementos de entregas anteriores que por si já eram de grande qualidade. Neste capítulo e nesta série em geral, voltei a sentir aquele gostinho que a muito não saboreava e vivi na grande época de Jrpgs da PSONE. Absolutamente recomendado para todos os fãs deste maravilhoso género de jogos. Um Muito obrigado a NISA pela cópia STEAM fornecida para análise.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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    João Vítor Nerís
    João Vítor Nerís
    22 , Março , 2020 16:50

    o jogo parece esta bem interessante, mais eu não me animei não para querer jogar

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Reply to  João Vítor Nerís
    23 , Março , 2020 12:26

    Porque não? Não gostas do género?

    John
    John
    Reply to  Bruno Reis
    28 , Março , 2020 11:42

    That InternetEtiquette guy is a restaurateur.

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