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    Análise – Ys: Memories of Celceta (PS4)

    Com o aparecimento do primeiro título Ys em 1987 na Super Nintendo (Japão), a produtora japonesa Nihon Falcom tem vindo a disponibilizar uma extensa franquia que está a conquistar cada vez mais terreno, caracterizando-se pela jogabilidade revigorante e frenética, sempre envolta num universo de fantasia influenciado pela história e mitologia do mundo real. Estas características foram criando um grande sentido autoral e distintivo que de certo modo têm proporcionado uma experiência bastante convidativa aos jogadores até aos dias de hoje.

    Conhecido por ser o quarto título da série, Ys: Memories of Celceta apresenta-se como uma reinvenção de Ys IV: Mask of the Sun e Ys IV: The Dawn of Y, que anteriormente foi lançado pela editora XSEED para a consola portátil da Sony, a PS Vita em 2012, e em 2018 para PC. Agora, a 9 de Junho na América do Norte e 19 na Europa, chega a vez da PlayStation 4 receber na sua vasta biblioteca a versão melhorada com novos ajustes de modo a dar conhecer esta experiência aos iniciantes que vão poder aventurar-se e levar os fãs de longa data a regressarem novamente às terras de Celceta.

    A versão remasterizada deste RPG foca-se na ação e leva-nos novamente a assumir o papel do protagonista silencioso Adol Christin um ano após os eventos de Ys II. Desta vez, começamos a história com o herói a acordar amnésico por motivos desconhecidos no interior de Casnan, com uma única pista fornecida pelo futuro companheiro – Duren que afirma conhecer o nosso herói antes de o terem observado a explorar floresta de Celceta. Após alguns acontecimentos, Adol decide assim juntamente com Duren aceitar o pedido da governadora Griselda – com o objetivo de explorar e mapear a Grande Floresta de Celceta, e refazer os passos que deu, a fim de recuperar a identidade e as suas memórias perdidas.

    A missão principal é acompanhada de outras missões opcionais que podem ser encontradas nas cidades ou vilas semelhantes às de outros JRPG’s que conhecemos: Eliminar criaturas, procurar por itens específicos e pouco mais do que isso. Estas ações atribuem ao jogo uma maior longevidade, ainda que pouco acrescentem narrativamente. Enquanto isso, vamos completando o extenso mapa do jogo, dividido por zonas que contam com uma percentagem para serem exploradas à medida que avançamos, ainda com ajuda da habilidade única do protagonista, vamos poder encontrar nos vários pontos do mapa, em forma de orbs azuis, as próprias memórias que também aumentam os atributos de Adol. Com a sua descoberta, assistimos a flashbacks do passado do herói que enriquece a discreta narrativa que vamos experienciar até ao final do título.

    Conjuntamente, Ys: Memories of Celceta apresenta um level design bem estruturado e variado que facilita a exploração, implementando atalhos ou métodos de teletransporte como os warp point. Apesar do núcleo florestal, o jogo consegue diversificar a sua natureza, passando por campos cobertos de neve, cavernas e pântanos que contam com um grande bestiário de inimigos e diferentes minerais, plantas e outros materiais que vão ser necessários para ajudar a criar e personalizar os atributos dos nossos equipamentos. Também apresenta inúmeras vilas a visitar, cada uma delas com o seu próprio carisma e arquitetura.

    Até lá, vamos acolhendo na nossa equipa membros que estão relacionados com a narrativa de modo a seguir em frente pela mesma causa. A eles pertencem igualmente habilidades únicas que podem ser utilizadas para nosso benefício. Karna, a filha do chefe da vila Comodo usa as suas facas para alcançar locais fora de mão ou até mesmo Ozma que usa a sua lança para destruir rochas ou paredes debaixo de água.

    Para usufruir de outras habilidades que vão ser úteis para superar obstáculos, enquanto exploramos as masmorras vamos adquirindo no interior artefactos mágicos com habilidades desde encolher a nadar debaixo de água.

    Como este jogo é uma retoma atual sobre a fórmula que a série estabeleceu ao longo dos anos acaba por apresentar um combate ténue e simplista encontrado nos JRPG’s. O combate incisivo de Ys: Memories of Celceta é o ponto forte da franquia que acrescenta vários elementos adicionando um certo grau de complexidade às lutas. Para além dos ataques básicos e especiais a jogabilidade requer o uso de certas habilidades que de forma engenhosa como o esquivar e a defesa, para receber vantagens em combate. Quanto aos próprios inimigos, cada um dos heróis tem ataques exclusivos de um dos tipos: corte (slash), impacto (strike) e perfuração (pierce) sendo que algumas das criaturas são vulneráveis a uma das categorias. Assim, é essencial conhecer as fraquezas de cada uma para estrategicamente trocar para o personagem certo para assim derrotar certos tipos de inimigos com mais facilidade.

    Outro ponto notável são as técnicas avançadas nomeadamente o Flash Move e o Flash Guard. Estas conseguem ser bem-sucedidas quando conseguimos ter uma reação no tempo certo às investidas inimigas. O Flash Guard por exemplo, é realizado ao se defender no momento exato em que um ataque inimigo acerta o herói e aumenta o dano dos próximos golpes. No sistema de evolução de YS, não temos a necessidade de nos preocupar com o aprofundamento das skills porque aqui somos capazes de aprendê-las e evoluí-las automaticamente ao lutar e podendo ainda assim serem configuradas mais tarde no interior do menu do jogo de modo a serem manipuladas conforme a nossa barra de SP.

    À medida que combatemos e conhecemos os inimigos, podemos começar a sentir um desequilíbrio quanto ao desafio, apesar disso a situação é contrariada quando enfrentamos as gigantes criaturas de Celceta, uma vez que os padrões ficam mais complexos, existem alguns monstros mais complicados de eliminar e também níveis de dificuldade mais avançados — nessas situações a tática torna-se importante enquanto que o sistema de combate se mantém interessante.

    Por fim, cada membro oferece um desempenho diferente durante o jogo, podendo o jogador investir em cada um com novos equipamentos, comprando ou descobrindo armas, armaduras e acessórios. Como foi referido acima, existe também um sistema de personalização onde podemos adicionar atributos que por exemplo, podem dar dano de fogo ou congelar o inimigo, sendo que nos acessórios pode aumentar a força e defesa baseada no número de inimigos que derrotamos. O jogo faz de forma brilhante o uso de todos os protagonistas que vamos controlando com o tempo, obrigando de certa forma a tirar proveito das qualidades em combate de cada um.

    Tecnicamente, os lançamentos de Ys nunca se tentaram destacar pelo aspeto gráfico e o quarto título da série não é exceção. Honestamente, Memories of Celceta é um jogo que representa correctamente a sua finalidade – a remasterização, no entanto, as texturas não são o ponto principal do jogo mas sim, a ambiência em si. Como podemos analisar detalhadamente nos personagens e nos backgrounds durante as cenas e os diálogos. A remasterização conta ainda com várias melhorias técnicas: texturas aprimoradas, definição melhorada, que são rapidamente notáveis na PlayStation 4 pela fluidez e contraste durante o decorrer do jogo.

    A banda sonora é outra das qualidades patentes no jogo uma vez que conta com alguns dos compositores das melhores franquias de The Legend of Heroes. Reconhecida pelas melodias vertiginosas que se vão destacando no decorrer dos combates, invocando na perfeição a adrenalina necessária para derrotar as criaturas que encontramos no caminho como por exemplo a música Black Wings. Encontramos também um lado mais sensível do jogo que transforma a ação intensa numa ocasião emotiva como em Forest of Dawn.

    A Nihon Falcom mais uma vez provou que quer manter a sua essência, ainda que a remasterização de Ys: Memories of Celceta tenha melhorado muitos pontos inferiores encontrados na versão original, a questão gráfica continua a levantar algumas adversidades no que diz respeito ao seu melhoramento. Todavia, essas questões podem estar relacionadas com o fator revivalista que possivelmente os criadores quiseram respeitar…? Ao certo não se sabe mas o que indubitavelmente é garantido é um excelente entretenimento para quem procura uma aventura JRPG cuja ação contínua tem como pano de fundo uma incrível banda sonora e personagens simples mas bastante carismáticas que fazem de Ys: Memories of Celceta um universo fenomenal a não perder.

    Ricardo M
    Ricardo M
    Interessado em videojogos com o gosto acentuado para JRPG, está presente na equipa do OtakuPT desde 2013 com o propósito de acompanhar e informar sobre o que de melhor se faz na área do entretenimento gamer.

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