
A controvérsia em torno de Assassin’s Creed Shadows não travou a Ubisoft. Simon Lemay-Comtois, diretor associado do jogo, confirmou numa entrevista ao GamesRadar que futuros títulos da franquia podem continuar a apresentar dois protagonistas jogáveis, desde que exista uma boa razão narrativa para isso.
Simon Lemay-Comtois comentou:
“Os protagonistas duplos podem ser controversos por motivos muito estranhos, não é?. Não é simplesmente ‘bem, eu prefiro uma guerra, portanto prefiro o Yasuke’. Algumas pessoas simplesmente não gostam de um personagem mais do que do outro, e não gostam de passar tempo com um deles“.
A mecânica de dois protagonistas não é nova na série. Assassin’s Creed Syndicate, lançado em 2015, já permitia controlar os gémeos Jacob e Evie Frye. No entanto, aquela escolha nunca gerou o nível de polémica que Shadows enfrentou desde o primeiro trailer.
Yasuke, o samurai negro baseado numa figura histórica real que viveu no Japão durante o século XVI, tornou-se o epicentro de uma tempestade nas redes sociais. Uma petição para cancelar o jogo chegou a reunir quase 100 mil assinaturas, acusando a Ubisoft de imprecisão histórica e de promover ideologias woke. O produtor executivo Marc-Alexis Côté respondeu na altura, classificando os ataques como “ataques motivados pela intolerância”.
A outra protagonista, Naoe, uma kunoichi fictícia filha do ninja histórico Fujibayashi Nagato, também não escapou às críticas. Muitos jogadores queixaram-se de que, num jogo ambientado no Japão feudal, não era possível jogar como um homem japonês. Apesar de Naoe ser japonesa, o facto de não haver essa opção masculina gerou frustração em parte da comunidade.
O diretor Charles Benoit defendeu a decisão na altura do anúncio, explicando que Yasuke foi escolhido para que os jogadores pudessem “descubrir o Japão através dos olhos de um estrangeiro” ao mesmo tempo que ele próprio o fazia. A Ubisoft emitiu também um comunicado dirigido à comunidade japonesa, afirmando que nunca foi intenção da empresa apresentar “representações factuais da história” em nenhum jogo da série.
Lemay-Comtois reconhece que a divisão foi maior do que esperavam: “Aconteceu com Evie e Jacob, mas com Naoe e Yasuke é mais polémico. E nós sabíamos disso. Sabíamos desde o início, mas acho que isso também pode dividir um pouco a nossa base de fãs”.
Apesar disso, o estúdio mantém a porta aberta para futuros jogos com dois protagonistas: “Penso que a aprendizagem para nós é que, sim, poderíamos fazer mais jogos com dois protagonistas no futuro – se tivermos um bom motivo narrativo e adequado ao cenário para tal”.
A questão do gameplay também tem alimentado o debate. Yasuke e Naoe oferecem experiências radicalmente diferentes, ela é mestre em stealth e parkour, enquanto ele funciona como um tanque focado em combate direto. Vários jogadores no Steam expressaram frustração por serem forçados a jogar como Yasuke em certas missões da história, com alguns a afirmar que preferiam exclusivamente a jogabilidade de Naoe.
Esta diferença marcada entre os dois estilos de jogo contrasta com títulos anteriores, onde protagonistas como Eivor ou Kassandra dominavam tanto stealth como combate pesado. Existe até uma cena onde Yasuke tenta fazer parkour e falha de forma hilariante, sublinhando as suas limitações.
Apesar da controvérsia inicial, Assassin’s Creed Shadows teve um desempenho acima das expectativas, ajudando a Ubisoft a superar as suas previsões de receita. O jogo estreou em março de 2025 após vários adiamentos, e segundo o CEO Yves Guillemot, um dos motivos para o atraso foi precisamente a reação negativa inicial.
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