A série de jogos Battlefield está determinada a não repetir os erros do passado. Christian Buhl, diretor técnico do Battlefield 6, admitiu em entrevista recente que a equipa “aprendeu muito” com o falhanço de Battlefield 2042 e que o novo jogo foi desenvolvido desde o início com foco na performance e estabilidade.
“Se os jogadores estão a falar sobre estabilidade, falhamos”, declarou Buhl, sublinhando que o objetivo é criar uma experiência onde ninguém note problemas técnicos porque “simplesmente funciona”. Esta abordagem marca uma mudança de filosofia em relação aos lançamentos anteriores da série, historicamente marcados por problemas de ligação e instabilidade.
Para garantir que Battlefield 6 não sofra do mesmo destino que o predecessor, os Battlefield Studios implementaram um sistema de testes sem precedentes na franquia. A equipa realiza entre quatro a seis sessões de testes diárias em todos os estúdios envolvidos no desenvolvimento, colhendo dados constantes sobre crashes e performance.
Buhl revelou que criaram “níveis técnicos alvo”, mapas carregados propositadamente com o máximo de elementos possíveis para testar os limites do jogo. “Não foram construídos para ser divertidos, apenas enchemos os níveis com veículos, soldados, edifícios, explosões e elementos destruíveis para garantir que estávamos no caminho certo em termos de performance”, explicou.
Uma das decisões mais controversas foi a exclusão completa do ray-tracing do jogo final. Buhl justificou esta escolha como necessária para manter o foco na otimização: “Queríamos ter a certeza de que todo o nosso esforço estava concentrado em tornar o jogo o mais otimizado possível para as configurações padrão e utilizadores comuns”.
Esta abordagem estende-se também às configurações de PC, onde o jogo oferece mais de 600 opções de personalização, mas inclui modos simplificados “Performance” e “Equilibrado” inspirados nas consolas, facilitando a experiência para jogadores menos experientes.
Uma das medidas mais polémicas implementadas é a obrigatoriedade do Secure Boot para jogar Battlefield 6. Apesar das críticas durante a beta, Buhl defendeu firmemente esta decisão, enquadrando-a numa filosofia de “equidade versus facilidade”.
“Preferimos adicionar fricção e garantir equidade do que facilitar o acesso mas permitir batoteiros”, afirmou. O diretor técnico reconhece que alguns jogadores ficarão impossibilitados de jogar devido a esta medida, mas considera que a experiência geral será melhor para a maioria.
Servidores preparados para multidões
Após os problemas de rede que assolaram lançamentos anteriores da série, a equipa investiu pesadamente na infraestrutura de servidores. Durante a beta aberta, implementaram um sistema de filas para evitar sobrecarga, priorizando a experiência dos jogadores já conectados.
“Executamos simulações com milhões de jogadores simulados até o sistema funcionar perfeitamente”, revelou Buhl. Para o lançamento oficial, a equipa planeia capacidade suficiente para evitar filas, embora mantenham esta funcionalidade como salvaguarda.
A série Battlefield carrega consigo um histórico complicado de lançamentos problemáticos. Battlefield 4 sofreu com problemas de rede devastadores, enquanto Battlefield 2042 foi amplamente considerado um fracasso tanto técnico como de design, levando muitos jogadores a abandonar a franquia.
Battlefield 6 promete ser um dos maiores lançamentos do ano, mas resta saber se estas medidas serão suficientes para evitar repetir os erros que tanto prejudicaram a reputação da franquia.
