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    Cocriador de Tomb Raider prefere mundos novos a mais um remake

    Paul Douglas reagiu ao anúncio de Legacy of Atlantis com alguma frustração, mas acabou por mudar de ideias após revelação de Catalyst

    Os The Game Awards 2025 trouxeram uma noite memorável para os fãs de Tomb Raider, dois jogos completos anunciados para os próximos anos. Mas nem toda a gente ficou entusiasmada da mesma forma. Paul Douglas, cocriador do jogo original de 1996, usou o BlueSky para expressar os seus sentimentos sobre Tomb Raider: Legacy of Atlantis, e não foram exatamente de euforia.

    “Ela está de volta, aparentemente”, escreveu Douglas na publicação inicial, acompanhada de um desenho de um dinossauro. “Pessoalmente, preferiria explorar novos mundos perdidos do que outro remake/remaster/reimaginação de algo que criámos sob intensa pressão nos anos 90”. Concluiu com uma nota mais leve: “Os dinossauros serão sempre fixes, no entanto…”.

    A reação não é difícil de entender. O Tomb Raider original já teve direito a inúmeras versões ao longo dos anos, ports para múltiplas consolas no lançamento, o remake Tomb Raider: Anniversary em 2007, e até a remasterização recente de 2024 como parte da coleção Tomb Raider I-III Remastered. Agora, em 2026, chega Tomb Raider: Legacy of Atlantis, mais uma visita à mesma aventura.

    Douglas não foi o único a trabalhar no jogo original, mas faz parte de um grupo restrito que definiu a série. Ao lado de Toby Gard, que criou Lara Croft, Douglas foi responsável pelo motor gráfico 3D do jogo, pela inteligência artificial e pela coordenação técnica. A equipa da Core Design era minúscula, apenas seis pessoas, e o desenvolvimento durou 18 meses sob condições brutais.

    O orçamento era de cerca de 440 mil libras e a pressão era constante. Douglas e Gard chegaram a abandonar a Core Design em 1997, pouco depois do sucesso do primeiro jogo, em parte devido a desacordos sobre como Lara Croft estava a ser usada no marketing, demasiado focado no sex appeal da personagem, segundo Gard.

    A menção de Douglas à “intensa pressão” dos anos 90 não é exagero. É uma referência direta ao crunch e às horas extraordinárias excessivas que a equipa enfrentou nas fases finais do projeto. Ver esse mesmo trabalho ser repetidamente refeito décadas depois pode não ser especialmente inspirador para quem viveu aquele processo.

    A mudança de tom

    Mas a história não acabou com o desapontamento inicial. Minutos depois da revelação de Legacy of Atlantis, a Crystal Dynamics e a Amazon Games surpreenderam a audiência com Tomb Raider: Catalyst, um jogo completamente novo, previsto para 2027.

    Douglas voltou ao BlueSky com uma mensagem diferente: “Aha! Temos o melhor dos dois mundos…” acompanhado de uma bandeira da Índia e emojis de dinossauros. A referência à Índia não é arbitrária, Catalyst passa-se no norte da Índia, após um cataclismo mítico que libertou segredos antigos e forças misteriosas.

    Mais tarde, numa terceira publicação, Douglas esclareceu a sua posição final: “Estou bastante ansioso por ver ambos os novos jogos agora. Visualmente são deslumbrantes, algo com que apenas sonhávamos há 30 anos. Teremos de esperar para ver se a jogabilidade e os sentimentos resultantes de exploração e aventura são tão bons”.

    Dois jogos, duas filosofias

    Legacy of Atlantis chega em 2026 e será desenvolvido numa parceria entre Crystal Dynamics e Flying Wild Hog, usando Unreal Engine 5. A promessa é honrar o espírito original enquanto entrega design moderno, gráficos impressionantes e algumas surpresas novas. A história leva Lara desde as selvas do Peru até às ruínas da Grécia, os desertos do Egito e uma misteriosa ilha mediterrânica envolta em mito.

    Catalyst, por outro lado, é descrito como uma nova direção ousada para a série. Passa-se “anos depois” dos eventos de Tomb Raider: Underworld (2008) e trata a trilogia de reboots (2013-2018) como a história de origem de Lara. O mundo é o maior da história da franquia e promete ruínas antigas, puzzles, túmulos perdidos e um forte foco na traição e confiança.

    Ambos os jogos terão Alix Wilton Regan como a nova voz de Lara Croft, uma mudança em relação a Camilla Luddington, que interpretou a personagem na trilogia mais recente. Wilton Regan é conhecida pelos seus trabalhos em Dragon Age: Inquisition, Mass Effect 3 e Cyberpunk 2077.

    A reação de Douglas reflete uma tensão que existe em toda a indústria dos videojogos, o desejo de preservar clássicos versus a vontade de criar algo verdadeiramente novo. Legacy of Atlantis será o segundo remake completo do jogo original, o terceiro se contarmos a remasterização de 2024.

    Para os fãs, pode ser emocionante revisitar a aventura que definiu um género inteiro. Para quem a criou sob condições difíceis há quase 30 anos, o sentimento é mais complicado. Douglas parece ter chegado a um compromisso, aceitar o remake enquanto celebra o jogo verdadeiramente novo que vem a seguir.

    Os dinossauros continuam fixes, pelo menos.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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