Hideaki Itsuno, o veterano diretor por trás de franquias como Devil May Cry e Dragon’s Dogma, quebrou finalmente o silêncio sobre a receção mista de Dragon’s Dogma 2 e a sua controversa saída da Capcom após três décadas na empresa.
Em entrevista à VGC, Itsuno foi direto ao assunto e revela não estar surpreendido com as reações divididas ao seu último projeto na Capcom.
“Não fiz o jogo como se fosse da Nintendo, para agradar a toda a gente, mas sim para um determinado tipo de audiência”, explicou. “É normal que pessoas fora desse público-alvo não gostem do jogo. No entanto, quem gostou do jogo adorou-o mesmo, apreciou os detalhes e o trabalho. Estou muito orgulhoso disso”.
A decisão de abandonar a Capcom, onde construiu algumas das séries de ação mais respeitadas da história dos videojogos, não foi tomada de ânimo leve. O diretor revela que a motivação principal foi o desejo de escapar ao ciclo de sequelas e abraçar um último grande desafio criativo.
“Para a Capcom, criar sequelas de Devil May Cry e Dragon’s Dogma será sempre a prioridade máxima”, admite Itsuno. “Tendo em conta que fazer um jogo demora 4 a 5 anos, esta pode ser a minha última grande oportunidade”.
Agora instalado na Lightspeed Studios Japan, o estúdio apoiado pela Tencent, Itsuno trabalha num novo jogo de ação AAA original. A mudança representa uma aposta arriscada para alguém que poderia facilmente continuar a construir sobre o sucesso das suas criações mais famosas.
“Com base na minha idade, esta é a minha última oportunidade”, confessa o veterano de 58 anos. “A indústria diminuiu o número de lançamentos AAA, e pediram-me para criar um novo AAA. Já não sou jovem, por isso mais do que ‘agora é o momento certo’, é mais ‘esta é a minha última oportunidade’ de me desafiar”.
O timing da saída não foi casual. Itsuno revela que as conversações com a Lightspeed começaram durante o desenvolvimento de Dragon’s Dogma 2, mas o profissionalismo falou mais alto. “Mantive várias conversas enquanto trabalhava no Dragon’s Dogma 2, mas nessa altura nem sequer pensava em sair enquanto fazia o jogo”, recorda. “Queria terminá-lo e depois do lançamento ainda havia trabalho a fazer, por isso decidi ir para o novo estúdio só quando terminasse tudo isso”.
A Lightspeed Studios Japan reforçou recentemente a sua presença no Japão com a abertura de um segundo estúdio em Osaka com a contratação de vários veteranos das séries Devil May Cry e Street Fighter.