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    Criadores de japoneses indie querem parte dos lucros dos streamers que jogam os seus jogos

    Criadores indie propõem sistema de partilha de receitas após queixas de que criadores de conteúdo lucram mais que os próprios criadores dos jogos

    Cultural Exchange with a Game Centre Girl op screenshot

    A tensão entre criadores de videojogos e criadores de conteúdo atinge um novo patamar no Japão, onde criadores independentes começam a questionar abertamente um sistema que consideram injusto. A discussão ganhou força após declarações polémicas de vários criadores de jogos nipónicos que acusam os streamers de lucrar mais com os seus jogos do que eles próprios.

    O designer de jogos Okuda Kaku desabafou publicamente sobre uma experiência frustrante: “Um streamer famoso jogou o jogo que criei, mas apesar da sua transmissão ter tido centenas de milhares de visualizações numa só noite, não incluiu sequer uma ligação para o meu jogo na descrição do vídeo, e isso não teve qualquer impacto positivo nas vendas. Apenas se aproveitaram do meu jogo gratuitamente, fizeram dinheiro rápido e pronto”.

    O caso em questão envolveu um streamer com cerca de 2 milhões de subscritores, o que torna a situação ainda mais gritante para o programador. Esta experiência ilustra um problema mais amplo que afeta toda a indústria independente de videojogos: a sobresaturação do mercado e a velocidade a que o conteúdo se espalha online tornam cada vez mais difícil para os programadores obter lucro das suas criações.

    O designer Takayuki Fukatsu identifica a raiz do problema nas próprias plataformas, que privilegiam quantidade sobre qualidade. “Numa sociedade governada pelas redes sociais, é muito mais eficiente em termos de custo e trabalho fazer showcases diários de obras-primas que demoraram 3 anos a criar, em vez de trabalhar arduamente durante 3 anos para criar uma obra-prima”.

    Como possível solução, Fukatsu propõe que mais plataformas de streaming implementem um sistema de partilha de receitas onde 5% do dinheiro que um criador de conteúdo ganha através do streaming de um jogo reverta para os seus programadores. No entanto, reconhece as dificuldades de implementação, já que não existe uma organização na indústria dos videojogos que possa apoiar tal iniciativa, ao contrário do que acontece na música japonesa com a Japanese Society for Rights of Authors, Composers and Publishers.

    O debate ganha complexidade quando se considera o público destes conteúdos. Embora muitos espectadores sejam gamers, uma grande parte das visualizações vem de pessoas que simplesmente gostam de ver streams e não se consideram jogadores, sendo portanto menos propensas a comprar qualquer jogo. “Como alguém que prefere ver outra pessoa jogar um jogo que não consigo jogar, mesmo que haja uma ligação na descrição do vídeo, provavelmente não me fará comprar o jogo. É exatamente por isso que os programadores deveriam implementar taxas de streaming para os seus jogos”, comentou um utilizador.

    Numa abordagem mais otimista, Nama Takahashi, programador cujo jogo de puzzles indie se tornou recentemente um enorme sucesso no Japão, sugere que os criadores de conteúdo dividam os seus gameplay em “episódios” curtos, colocando-os online ao longo de vários dias para criar antecipação e motivar os espectadores a comprar o jogo. Esta estratégia também ajudaria a evitar spoilers completos logo após o lançamento.

    Apesar das propostas apresentadas, estas permanecem ideias hipotéticas e não soluções concretas. Com as redes sociais a tornarem-se parte integral da vida moderna, encontrar um equilíbrio perfeito que beneficie tanto criadores de conteúdo como programadores de jogos revela-se extremamente desafiante.

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    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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