O antigo diretor da PlayStation nos Estados Unidos, Shawn Layden, defendeu numa entrevista recente que os preços dos videojogos deveriam ter aumentado a cada nova geração de consolas para acompanhar os custos crescentes de desenvolvimento. Segundo o executivo, que liderou o grupo mundial de estúdios da Sony até 2019, a indústria chegou a um ponto crítico devido à manutenção artificial dos preços.
Layden explicou que o receio das empresas em serem as primeiras a subir os preços tem levado a uma erosão das margens de lucro. “Penso que é porque todos têm medo. Ninguém quer ser o primeiro a aumentar o preço, porque receiam perder vendas. O que fazem é simplesmente corroer a receita operacional, a margem de lucro“, afirmou em declarações à GamesIndustry.
O executivo utilizou uma comparação ilustrativa para demonstrar como a indústria mudou: “Havia mais carros desportivos no parque de estacionamento na era da PS1 do que havia na era da PS4”. Esta observação reflete uma realidade económica simples, vender 20 milhões de unidades a 60 dólares de um jogo que custou 10 milhões a produzir é muito diferente de vender o mesmo número de cópias pelo mesmo preço de um título que custou 160 milhões.
Layden sublinhou que os jogos premium mantiveram o mesmo preço base durante duas décadas, apesar da combinação entre custos de desenvolvimento exponencialmente maiores e inflação. Esta estratégia, segundo o antigo responsável da PlayStation, levou a indústria a adotar a mentalidade de que “desde que cresçamos, mesmo que não estejamos a ganhar dinheiro, de alguma forma não podemos morrer”.
Para compensar a estagnação dos preços base, as empresas têm recorrido a estratégias como microtransações, passes de batalha e edições de luxo dos jogos. Layden observou que estas edições especiais incluem conteúdo extra que tem “quase zero custos” de produção, permitindo às empresas aumentar a receita média por utilizador sem alterar o preço oficial.
A pressão para aumentar preços tornou-se evidente esta geração, com a Nintendo a lançar a Switch 2 acompanhada do seu primeiro título de 80 dólares, Mario Kart World. No entanto, nem todas as tentativas têm sido bem-sucedidas. A Microsoft anunciou The Outer Worlds 2 como o seu primeiro jogo de 80 dólares, mas recuou pouco depois, baixando o preço para 70 dólares “em linha com as condições atuais do mercado”.
Segundo Layden, a indústria chegou agora a um ponto crítico onde as empresas precisam de vender milhões de cópias apenas para recuperar os custos de desenvolvimento. “O custo de produção é simplesmente demasiado elevado. Se vais gastar mais de 200 milhões de dólares para criar um jogo, as tuas margens são extremamente apertadas, a menos que consigas vender 25 milhões de unidades. A menos que sejas a Rockstar, não deves esperar vender 25 milhões de unidades“, alertou.