Um vídeo de mais de dez minutos com gameplay pré-alpha, cinemáticas e entrevistas com o criadores de Horizon Steel Frontiers foi colocado online antes do anúncio oficial previsto para o evento G-Star 2025 na Coreia do Sul. O The Verge teve acesso ao material que confirma rumores de anos sobre um MMORPG baseado no universo criado pela Guerrilla Games, mas a revelação traz uma decisão de plataformas que está a deixar muita gente confusa.
A colaboração entre a PlayStation e a NCSoft sul-coreana começou em 2021 sob o nome de código Project Skyline, com desenvolvimento em Unreal Engine 5. Quatro anos depois, o projeto parece finalmente pronto para ser mostrado ao público, mas com escolhas que levantam sobrancelhas.
Horizon Steel Frontiers vai estar disponível em PC, iOS e Android. Sim, leram bem, não há menção à PlayStation 5. Jan-Bart van Beek, diretor de estúdio na Guerrilla Games, afirma no vídeo que “Steel Frontiers é um MMORPG completo que a NCSoft construiu especificamente para mobile. Com Steel Frontiers, podes entrar neste mundo a qualquer hora, em qualquer lugar”.
A decisão de focar primariamente em mobile e ignorar a consola da própria Sony está a gerar reações mistas. Para uns, faz sentido estratégico atacar o mercado asiático onde jogos mobile dominam. Para outros, é incompreensível que uma propriedade first-party da PlayStation salte a PS5 completamente. A NCSoft tem experiência sólida no género com Guild Wars 2, Aion e Lineage, todos MMORPGs populares especialmente no mercado coreano.
Caçadores de máquinas nas Deathlands
O conceito central de Horizon Steel Frontiers pode ser resumido numa frase: a emoção de derrubar máquinas colossais. Sung-Gu Lee, produtor executivo, explica no vídeo que caçar máquinas massivas foi um dos maiores apelos da série original Horizon, e agora estão a expandir essa experiência para o mundo dos MMORPGs.
Em vez de controlar Aloy, os jogadores criam as suas próprias personagens e juntam-se a outros numa região chamada Deathlands. O foco está fortemente em combate cooperativo contra as bestas mecânicas gigantes que definem a franquia. O gameplay mostra grupos de jogadores a enfrentar criaturas e a navegar por ambientes naturais exuberantes e edifícios metálicos imponentes familiares para quem jogou Zero Dawn ou Forbidden West.
Os jogadores assumem o papel de caçadores de máquinas, perseguindo oportunidades numa região hostil. A descrição sugere elementos de Monster Hunter aplicados ao universo pós-apocalíptico de Horizon, onde tribos e tecnologia antiga colidem.
Estética coreana divide opiniões
Uma das observações mais imediatas ao ver o material é a estética visual das personagens. O estilo artístico tem aquela aparência característica de MMORPGs coreanos, rostos com traços específicos que aparecem consistentemente em títulos como Aion, Lineage e o recente Throne and Liberty. Para quem conhece o trabalho da NCSoft, é instantaneamente reconhecível.
Isto está a criar divisão na comunidade. Alguns fãs comentam que finalmente há personagens “atraentes” em Horizon, numa referência mal disfarçada às críticas que Forbidden West recebeu sobre o design de personagens. Outros lamentam que a identidade visual única da série possa ser diluída por convenções de design de MMO coreano.
A NCSoft tem reputação de sistemas de progressão e monetização agressivos que apelam a jogadores asiáticos mas frequentemente afastam audiências ocidentais. Guild Wars permanece a exceção na história da empresa. A preocupação é que Horizon Steel Frontiers siga o modelo pay-to-win e grind infinito típico dos seus outros títulos.
Dois projetos Horizon multiplayer em simultâneo
O que complica ainda mais a situação é que este MMORPG da NCSoft não é o único projeto multiplayer de Horizon em desenvolvimento. A própria Guerrilla Games está a trabalhar num título live-service Horizon separado para as plataformas de próxima geração da Sony, provavelmente PS6 e a futura portátil.
Horizon Steel Frontiers, desenvolvido externamente pela NCSoft, deverá chegar primeiro e funcionar como campo de testes para ver como o mundo de Horizon se traduz numa experiência online persistente. É uma estratégia curiosa, usar uma parceria externa para experimentar antes de comprometer recursos first-party num projeto similar.
Há ainda confusão sobre se este é o mesmo projeto que foi alvo de uma leak há anos como Project H, mas evidências sugerem que são desenvolvimentos separados. A Sony parece estar a apostar forte em transformar Horizon numa franquia multiplataforma com múltiplas vertentes multiplayer.
Revelação iminente no G-Star 2025
O material promocional apareceu prematuramente num website usado para partilhar assets de jogos com media e influenciadores aprovados. A arte foi provavelmente publicada antes do tempo, antecipando o anúncio planeado para o G-Star 2025 que decorre entre 13 e 16 de novembro em Busan.
A NCSoft é o patrocinador principal do evento, ocupando o stand A06 com mais de 300 estações de gaming e um teatro com cúpula panorâmica. Para além de Horizon Steel Frontiers, o estúdio vai mostrar Aion 2 com demo jogável focado em criação de personagens e uma dungeon clássica da franquia, e Cinder City, um shooter tático ambientado numa Seul distópica.
A empresa descreve a sua presença no G-Star como “a nova fronteira dos MMORPGs”, o que alimentou especulação de que o MMORPG de Horizon seria o destaque principal. Aqueles que alegadamente viram o vídeo de apresentação interna descrevem o jogo como um “sucessor espiritual de Monster Hunter”, com clãs de caça, paisagens pós-apocalípticas vastas e ênfase em mecânicas de sobrevivência em mundo aberto.
Horizon expande-se para território desconhecido
A franquia Horizon tem sido bem recebida pela crítica desde Zero Dawn em 2017. Forbidden West seguiu em 2022, consolidando a série como uma das propriedades mais valiosas da PlayStation. O shooter em terceira pessoa pós-apocalíptico é conhecido pelos gráficos deslumbrantes e gameplay intuitivo de mundo aberto.
Com monstros mecânicos imponentes e ambientes luxuriantes, os cenários icónicos de Horizon parecem adequados para jogos fora da série principal. Já vimos LEGO Horizon Adventures e um spinoff VR, mas a série manteve-se relativamente focada. Rumores de um MMORPG circularam durante anos, com muitos a pensar que tinha sido cancelado.
A confirmação de que o projeto não só está vivo mas aparentemente perto de lançamento marca uma expansão significativa para a propriedade. Depois de Zero Dawn, o seu remaster, Forbidden West e a expansão Burning Shores, a franquia parece pronta para evoluir novamente, desta vez para o espaço MMO, permitindo aos jogadores experienciar os perigos do mundo cheio de máquinas não sozinhos, mas juntos.
Não há data de lançamento confirmada, mas o vídeo menciona que a equipa está a trabalhar para disponibilizar o jogo o mais rápido possível. Se o desenvolvimento começou em 2021 e chegou a fase de mostrar gameplay pré-alpha publicamente, um lançamento em 2026 ou 2027 parece plausível. A questão que permanece é se eventualmente chegará também à PlayStation 5, ou se a Sony realmente decidiu que a sua própria consola não é prioridade para este projeto específico.
