O governo mexicano incluiu no pacote fiscal de 2026 uma taxa de 8% sobre videojogos classificados como violentos ou para adultos. A medida abrange jogos vendidos fisicamente, digitalmente, e até microtransações dentro dos próprios títulos, sendo apresentada como uma iniciativa de saúde pública para combater “agressividade, isolamento e ansiedade” entre adolescentes.
A nova taxa integra o conjunto de “impostos saudáveis” mexicanos, juntando-se aos aumentos sobre bebidas açucaradas, tabaco e apostas online. O Ministério das Finanças estima que a medida gere cerca de 183 milhões de pesos mexicanos (aproximadamente 8,7 milhões de euros) em receitas adicionais anualmente.
Os jogos visados são aqueles classificados como C ou D pelo sistema mexicano de classificação etária, equivalentes às categorias M (Mature 17+) e AO (Adults Only) utilizadas noutros mercados. A taxa aplica-se não apenas à compra dos jogos, mas também a licenças, subscrições e compras dentro das aplicações.
A decisão baseia-se em estudos que ligam videojogos violentos a comportamentos agressivos, mas críticos apontam que as investigações citadas são desatualizadas, algumas remontam a 2012 e baseiam-se em dados ainda mais antigos. A medida surge numa altura em que a idade média dos jogadores mexicanos ronda os 38 anos, questionando a eficácia de uma taxa destinada supostamente a proteger menores.
A indústria dos videojogos mexicana já expressou preocupações sobre o impacto da medida. Representantes do setor alertam que a taxa pode prejudicar empresas legítimas enquanto incentiva a pirataria, criando um ciclo contraproducente que pode reduzir as próprias receitas fiscais que o governo pretende arrecadar.
Analistas internacionais temem que esta iniciativa mexicana possa inspirar medidas semelhantes noutros países, criando um precedente para taxação específica de conteúdos digitais violentos. Se outros governos seguirem o exemplo mexicano, os preços dos videojogos poderão aumentar globalmente, afetando tanto consumidores como a indústria.
A medida surge numa altura em que o México procura diversificar as suas fontes de receita fiscal, mas a escolha de visar especificamente conteúdos digitais levanta questões sobre a liberdade de expressão e o acesso à cultura digital. A implementação da taxa está prevista para 2026, dando à indústria tempo limitado para se adaptar ou contestar a decisão.