
A Microsoft decidiu colocar nos sistemas Windows 11, novas funcionalidades “agênticas” que é o modo elegante de dizer “agentes de IA com vontade própria”. Porém antes que alguém fique demasiado entusiasmado com esta ideia, a Microsoft deixou bem claro que a IA pode enganar-se ou até alucinar.
Na última build do Windows 11 para os canais Dev e Beta surgiu um novo botão em AI Components: “Experimental agentic features”. Contudo, está desligado por defeito.
Se o ligarmos, damos autorização aos agentes de IA para andarem a explorar as entranhas do nosso sistema operativo com mais muito liberdade. A Microsoft avisa desde já que os agentes podem ver coisas que não existem, dar respostas erradas ou agir de forma inesperada.
Para piorar, surgiu recentemente um novo tipo de ataque informático chamado cross-prompt injection, onde instruções maliciosas são escondidas dentro de documentos ou janelas. Ou seja, o agente pode não obedecer a nós, mas sim a uma instrução contida num documento PDF ou imagem em formato JPEG.
Para minimizar o caos, a Microsoft criou um “quarto próprio” para os agentes, com contas, sessões e ambiente de trabalho separados, como se fossem crianças que ficaram fechadas de castigo num quarto para não fazerem mais asneiras. Só que, por defeito, ainda conseguem mexer em pastas importantes, tais como Documentos, Imagens e Transferências. Já imaginaram um agente a reorganizar o vosso computador para ser mais “eficiente” sem a vossa permissão?
Tudo depende do Model Context Protocol, uma espécie de porteiro da discoteca que controla quem entra, quem sai e quem já bebeu demasiado para usar ferramentas perigosas. A ideia pode parecer boa na teoria, mas o facto da própria Microsoft admitir que tudo ainda é muito experimental, não inspira grande confiança.
Entretanto, o Windows 11 já substituiu a busca clássica por “Ask Copilot”, porque aparentemente escrever na barra de pesquisa era demasiado 2020. A Microsoft afirmou que quer IA em todos os cantos do sistema, ou seja, no menu, na barra de tarefas, no Explorador e em ações em segundo plano.
Por isso, deixo esta sugestão aos nossos leitores que antes de despejarem mais IA dentro do vosso sistema Windows 11 que pensem duas vezes. Porque uma coisa é ter um sistema operativo inteligente, outra é ter um sistema operativo que julga que é inteligente.










