Depois de duas décadas de silêncio, a saga Onimusha prepara-se para regressar em 2026 com Onimusha: Way of the Sword. Mas os bastidores do desenvolvimento revelam uma viragem inesperada na conceção do jogo: o herói que vamos controlar não era suposto existir.
Em declarações à AUTOMATON, o produtor Akihito Kadowaki confessou que a ideia inicial passava por criar um guerreiro sem identidade específica. Um samurai qualquer, sem nome nem história prévia. Contudo, quando a Capcom começou a traçar planos sérios para conquistar audiências fora do Japão, percebeu que precisava de algo mais reconhecível.
Foi aí que Musashi Miyamoto entrou em cena. O samurai mais icónico da história japonesa tornou-se a escolha óbvia para uma empresa que quer transformar Onimusha numa franquia verdadeiramente internacional. Kadowaki justifica a decisão com pragmatismo: facilitar a comunicação com quem não conhece a fundo a cultura japonesa.
A popularidade de Miyamoto não se limita ao arquipélago japonês. O samurai aparece em dezenas de obras de ficção pelo mundo, e os seus escritos filosóficos continuam a ser estudados no Ocidente. Para a Capcom, este reconhecimento global representava uma oportunidade de ouro para baixar barreiras à entrada de novos jogadores.
A estratégia é clara, usar uma figura histórica amplamente conhecida como porta de entrada para quem nunca jogou Onimusha. Qualquer pessoa minimamente interessada em cultura asiática já se cruzou com o nome de Miyamoto algures, seja em filmes, livros ou outros jogos.
Definido o protagonista, faltava dar-lhe um rosto. O diretor Satoru Nihei mergulhou no cinema japonês clássico até encontrar a resposta: Toshiro Mifune, o ator fetiche de Akira Kurosawa e uma lenda do cinema mundial. A presença imponente de Mifune nos ecrãs parecia encaixar na perfeição com o peso histórico de Miyamoto.
Só que usar a imagem de uma estrela falecida não é simples. A Capcom passou dois anos inteiros a negociar autorizações com os herdeiros e representantes do ator. Nihei e Kadowaki garantem que a paciência compensou, embora não tenham partilhado detalhes sobre o processo.
Esta mudança de última hora ilustra um problema recorrente na indústria japonesa de videojogos. Como criar produtos enraizados na cultura local sem alienar públicos estrangeiros? A Capcom encontrou a sua resposta numa figura histórica.
O jogo decorre num Japão do período Edo reimaginado através de fantasia sombria, mantendo a essência da série original enquanto tenta alargar horizontes. Onimusha: Way of the Sword chega em 2026 ao PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S, marcando o regresso de uma franquia que muitos já tinham dado como extinta.
Resta saber se esta aposta calculada em Musashi Miyamoto resultará. A Capcom claramente acredita que sim, tendo investido anos de desenvolvimento e negociações para garantir que o samurai mais famoso do mundo lidera este regresso às origens.