O fracasso estrondoso de Concord obrigou a Sony a repensar completamente a sua estratégia de desenvolvimento de jogos. Hermen Hulst, diretor executivo do PlayStation Studios Business Group, admitiu numa entrevista ao Financial Times que a empresa implementou medidas mais rigorosas para identificar potenciais problemas muito antes dos jogos chegarem ao mercado.
A declaração surge na sequência do desastre de Concord, um jogo que esteve supostamente em desenvolvimento durante oito anos, chegou ao lançamento completo, mas foi retirado de circulação apenas duas semanas depois. A Sony anunciou o encerramento dos servidores, a remoção do jogo das lojas digitais e o reembolso total a todos os compradores, citando uma receção extremamente negativa por parte dos jogadores.
Hulst foi claro sobre a nova abordagem da empresa: “Não quero que as equipas joguem sempre pelo seguro, mas gostaria que, quando falhássemos, falhássemos cedo e de forma económica”. Esta filosofia representa uma mudança radical na forma como a PlayStation encara o desenvolvimento de jogos, privilegiando a identificação precoce de problemas em vez de descobri-los apenas no lançamento.
A empresa implementou agora um processo de testes muito mais rigoroso e frequente, com o objetivo de detetar problemas potenciais nas fases iniciais do desenvolvimento. “Colocámos em prática testes muito mais rigorosos e mais frequentes de muitas formas diferentes”, explicou Hulst.
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Novas medidas incluem maior colaboração entre equipas
Entre as novas medidas implementadas estão um maior foco em testes de grupo, aprendizagem a partir de outras equipas da Sony e o desenvolvimento de relações mais próximas entre os executivos que passam centenas de horas a testar jogos antes do lançamento. Esta abordagem pretende criar uma rede de segurança mais eficaz para identificar problemas que possam comprometer o sucesso comercial.
O impacto destas mudanças já se faz sentir noutros projetos da empresa. Marathon, o jogo live-service da Bungie, que estava previsto para 23 de setembro, foi adiado porque “precisa de mais tempo”, uma decisão que pode refletir esta nova cautela da Sony.
A mudança de estratégia também se reflete na revisão das ambiciosas metas estabelecidas anteriormente. Em 2022, Jim Ryan, então presidente da Sony Interactive Entertainment, tinha revelado planos para lançar 12 jogos live-service até ao final do ano fiscal de 2025. Hulst pareceu agora desvalorizar este objetivo numérico.
“O número [de lançamentos de serviços online] não é assim tão importante”, afirmou. “O que é importante para mim é ter um conjunto diversificado de experiências para jogadores e um conjunto de comunidades”.
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Apesar dos problemas com Concord e do adiamento de Marathon, a empresa não abandona completamente a estratégia de jogos live-service. Lin Tao, diretora financeira da Sony, defendeu recentemente que a empresa vai aprender com os fracassos, mas insiste que foram feitos progressos significativos.
Durante uma sessão de perguntas e respostas após os últimos resultados financeiros da Sony, Tao argumentou que, apesar da negatividade em torno das ofertas live-service da empresa, ainda acredita que estes jogos são valiosos porque criaram uma fonte de receita que não existia há cinco anos.