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    Predator: Hunting Grounds – Análise

    A franquia Predator começou em 1987, com o lançamento do primeiro filme. Apesar de uma receção crítica má, o filme acabou por ganhar reconhecimento como um clássico da época. Desde então, houve inúmeras adaptações da personagem para videojogos, com uma grande maioria a falhar criar uma experiência memorável. Agora, em Predator: Hunting Grounds, vemos uma nova tentativa de criar um jogo à volta desta personagem clássica, sob a forma de um jogo competitivo assimétrico, onde um jogador assume o papel de Predador, enquanto outros quatro formam uma equipa que tenta completar uma missão no mapa. O jogo foi desenvolvido pela Illfonic, um estúdio que recentemente lançou outro jogo assimétrico, Friday the 13th: The Game, uma experiência de qualidade questionável e pouco polido. Será que aprenderam com os seus erros, e vemos um melhoramento em Predator: Hunting Grounds?

    Um ponto importante para quem esteja a considerar comprar Predator: Hunting Grounds é que este jogo é exclusivamente multijogador, não tem qualquer modo de história ou forma de jogar sozinho. Sendo assim, não há muito a discutir sobre a história do jogo, sendo que a atmosfera e cenário são inspirados no material de origem e, nesse aspeto, fizeram um trabalho razoável. A pressão de ser perseguido pelo Predador, um alienígena mortífero capaz de aniquilar um grupo de humanos facilmente, depende muito do jogador que está a controlar o Predador. Em alguns jogos como membro da equipa militar, o Predador só apareceu quando a partida já estava quase a terminar e foi facilmente evitado, sendo até abatido a tiro com alguma facilidade, o que removia muita da tensão que é suposto haver quando estás a ser caçado. Em outras partidas, o jogador a controlar o Predador era melhor, e toda a partida envolvia trabalho de equipa e coordenação para evitar a derrota às mãos deste caçador implacável. No entanto, mesmo quando o jogador a controlar o Predador fazia um bom trabalho, nunca senti qualquer tensão real ou medo numa partida, porque o jogo não faz um trabalho tão bom a criar uma atmosfera apropriada como outros jogos do género.

    O jogo tem um sistema de progressão, onde o jogador ganha experiência com cada partida que joga. Esta experiência desbloqueia armas e habilidades novas para os dois papéis que o jogador pode assumir: o de Predador, ou o de um membro de uma equipa militar que está a tentar cumprir uma missão. Felizmente, esta experiência é partilhada pelos dois papéis, sendo que é possível desbloquear novas armas para o Predador jogando como membro da equipa militar, e vice versa.

    Como Predador, o jogador navega pelas árvores da selva com facilidade, consegue saltar grandes distâncias e tem acesso a um arsenal de armas alienígenas fiéis ao material de origem. Para além disto, tem ainda visão termal e consegue tornar-se invisível. Infelizmente, o equipamento inicial do Predador é bastante fraco, tornando as partidas iniciais quase uma situação inversa, onde o caçador é que é quem está a ser caçado, uma vez que a equipa militar começa o jogo com armas fortes. No entanto, após algumas partidas o equipamento do Predador é expandido e o jogador ganha acesso a armas mais flexíveis (como o arco e a net gun), assim como perks que permitem customizar o estilo de jogo que o Predador quer seguir.

    Jogar como Predador é a parte mais divertida do jogo, mas uma vez que o jogo é 4 contra 1, o tempo de espera para jogar como Predador é muito longo, algo natural em jogos do género, mas não deixa de ser um fator desmotivante para quem quer jogar maioritariamente nessa perspetiva.

    O outro papel que o jogador pode assumir é o de soldado numa equipa militar. A jogabilidade neste modo é em primeira pessoa e envolve completar uma missão em equipa, enquanto tentam sobreviver aos ataques do Predador. As missões são muito repetitivas e envolvem essencialmente ir para ponto A, interagir com alguma coisa, ir para ponto B, interagir com outra coisa, e por aí fora. No caminho, a equipa tem de combater contra inimigos controlados pelo jogo que são essencialmente esponjas de balas, pois não apresentam qualquer desafio aos jogadores e são facilmente derrotados. Como foi mencionado antes, a diversão neste papel depende muito da qualidade do jogador que está a controlar o Predador. Quando o jogador é bom, as partidas são desafiantes, requerem alguma coordenação da equipa, e conseguem ser genuinamente divertidas. Quando o Predador não é bom, o resultado é estar ausente durante a maioria da partida, e a esta resumir-se a completar os objetivos e lutar contra os inimigos simples que o jogo controla.

    O jogo tem ainda loot boxes, que o jogador adquire como recompensa por ganhar partidas, e que pode também comprar usando uma moeda do jogo que se obtém simplesmente jogando. Estas loot boxes, chamadas no jogo de “Field Lockers“, só incluem itens cosméticos que não dão qualquer vantagem ao jogador em partidas, servindo apenas como uma camada de personalização das personagens que o jogador pode controlar. À data desta análise, não há forma de comprar estas loot boxes com dinheiro real, mas isso poderá mudar no futuro, uma vez que a Illfonic tem planos para implementar sistemas novos no jogo.

    Para finalizar, a diversão do jogo depende muito das pessoas com quem estás a jogar e do equipamento que tens. Tendo dito isto, mesmo em partidas perfeitas, o jogo não deixa de ser bastante repetitivo e pouco inspirado, tornando-se aborrecido após algumas partidas. A falta de diversidade de modos, e o facto do modo existente ser pouco interessante, levam a um ciclo de jogabilidade aborrecido que não manterá os jogadores entretidos por muito tempo.
    Para além disto, apesar do jogo ter gráficos bastante modestos, o jogo tem problemas de otimização e dificuldade em manter uma framerate estável. Este problema tornou-se ainda mais aparente quando experimentamos o jogo na PlayStation 4, onde a instabilidade é óbvia.
    Falando em plataformas, o jogo tem cross-play, permitindo aos jogadores de PC e PlayStation 4 jogarem juntos e a experiência, de forma geral, foi positiva, pois não encontramos problemas no sistema.

    É difícil recomendar este jogo ao preço de lançamento, especialmente quando há outros jogos do género que fazem um trabalho melhor, mas poderá ser um jogo a considerar quando estiver em promoção e quiserem uma experiência assimétrica nova, ou se forem fãs do material de origem.

    O Predator: Hunting Grounds está disponível para PC (Epic Games Store) e PlayStation 4.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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