A Rockstar Games despediu entre 30 a 40 funcionários na semana passada, desencadeando uma disputa acesa entre o estúdio e o sindicato Independent Workers’ Union of Great Britain (IWGB). As duas partes apresentam versões completamente opostas sobre o que motivou os despedimentos.
Segundo a Rockstar, os trabalhadores foram despedidos por “má conduta grave”, alegadamente por distribuírem e discutirem informação confidencial num fórum público. Um porta-voz do estúdio afirmou que a medida “não teve qualquer relação com o direito das pessoas se juntarem a um sindicato ou participarem em atividades sindicais”.
Alex Marshall, presidente do IWGB, conta uma história diferente. O sindicato alega que os despedimentos são uma clara tentativa de perseguição laboral, direcionada especificamente contra funcionários que estavam a tentar formar um sindicato. Todos os trabalhadores afetados faziam parte de um grupo privado de Discord do sindicato, onde as únicas pessoas externas eram organizadores laborais.
“A administração está a mostrar que não se importa com atrasos em GTA 6, e que está a priorizar a destruição do sindicato ao visar precisamente as pessoas que fazem o jogo”, declarou Marshall em resposta às alegações da Rockstar.
A controvérsia surge num momento particularmente sensível para a Rockstar. GTA 6 é sem dúvida o lançamento mais importante da história do estúdio, potencialmente um dos maiores lançamentos de entretenimento de sempre. A data de estreia mantém-se agendada para 26 de maio de 2026 para Xbox Series X|S e PlayStation 5.
O desenvolvimento tem sido marcado por várias leaks que colocaram a Rockstar em alerta máximo. Em setembro de 2022, o estúdio foi hackeado e as primeiras imagens reais de GTA 6 apareceram online, confirmando detalhes-chave quatro anos antes do lançamento previsto. O primeiro trailer oficial também foi alvo de uma leak horas antes da divulgação planeada, obrigando a empresa a antecipá-lo.
Houve ainda rumores de outro vídeo que terá surgido online alegadamente através do filho de um funcionário sénior da Rockstar, embora essa leak nunca tenha sido confirmado oficialmente e provavelmente não será verificada até ao lançamento do jogo.
Rockstar Games despede dezenas de funcionários a sete meses do lançamento de GTA 6
A Rockstar não leva estas situações de ânimo leve. O estúdio já avançou com ações legais contra pessoas que fizeram leak de material dos seus jogos no passado. Na preparação para GTA 6, a empresa ordenou que os funcionários regressassem ao trabalho presencial nos escritórios como forma de reforçar a segurança.
Este novo episódio de despedimentos coloca a empresa numa posição delicada. Se os trabalhadores foram realmente despedidos por tentarem sindicalizar-se, a Rockstar pode enfrentar consequências legais sérias.
Por outro lado, se as alegações da Rockstar sobre fugas de informação forem verdadeiras, os despedimentos podem ser justificáveis do ponto de vista da empresa. A questão é: que tipo de informação estava a ser discutida, e onde? A Rockstar menciona um “fórum público”, mas o sindicato insiste que era um grupo privado de Discord apenas com membros do sindicato e organizadores laborais.
Esta diferença é crucial. Discutir condições de trabalho num grupo sindical privado é um direito protegido. Fazer leak de screenshots, códigos ou informação confidencial sobre o jogo num espaço acessível publicamente seria uma violação clara das políticas da empresa.
A situação reflete tensões mais amplas na indústria dos videojogos. Nos últimos anos, tem havido um movimento crescente de trabalhadores a tentarem sindicalizar-se em estúdios de vários tamanhos. As empresas, por sua vez, têm resistido fortemente a estes esforços, levando a conflitos em várias empresas importantes do sector.
A Rockstar é conhecida por ser um dos estúdios mais secretos do planeta. Leaks são raras precisamente porque a empresa mantém controlo apertado sobre a informação. Mas esse nível de secretismo também cria um ambiente de trabalho onde os funcionários podem sentir que não podem falar abertamente sobre as suas condições, alimentando precisamente o tipo de movimento sindical que a empresa aparentemente quer evitar.
