A Capcom acaba de revelar uma estratégia agressiva para dar nova vida a algumas das suas franquias mais queridas. No relatório integrado de 2025, o COO Haruhiro Tsujimoto confirmou que Devil May Cry, Mega Man e Ace Attorney vão receber investimento significativo nos próximos anos, com o objetivo de transformá-las em propriedades intelectuais centrais ao nível de Resident Evil, Monster Hunter e Street Fighter.
A declaração surge numa altura em que a Capcom atravessa um momento dourado, a empresa registou o 12.º ano consecutivo de crescimento no lucro operacional e o oitavo ano consecutivo de lucros recorde. Com vendas de software que ultrapassaram as 51,87 milhões de unidades no ano fiscal de 2025, a editora japonesa quer agora expandir o seu pipeline de jogos principais.
Tsujimoto afirma no relatório: “Lançamos consistentemente dois a três títulos principais por ano, mas reconhecemos a necessidade de expandir o nosso pipeline no futuro. A Capcom possui uma riqueza de marcas populares globalmente, como Mega Man, Devil May Cry e Ace Attorney. Pretendemos expandir a nossa base de utilizadores e melhorar o nosso desempenho através de novos lançamentos, remakes e ports de títulos destas séries para novo hardware”.
Devil May Cry regressa em força
A série Devil May Cry tem razões para celebrar. Devil May Cry 5 ultrapassou as 10 milhões de unidades vendidas, impulsionado em grande parte pelo sucesso da série anime da Netflix estreada em abril de 2025. A animação, criada por Adi Shankar (o mesmo responsável por Castlevania) e produzida pelo estúdio sul-coreano Studio Mir, conseguiu 5,3 milhões de visualizações na primeira semana e manteve-se no top 10 da Netflix durante sete dias consecutivos no Japão.
O impacto foi imediato, nos três meses seguintes ao lançamento do anime, Devil May Cry 5 vendeu 1,7 milhões de cópias adicionais, tornando-se o jogo mais vendido da Capcom no primeiro semestre de 2025 com 2,13 milhões de unidades. Este exemplo demonstra claramente a estratégia da Capcom de utilizar múltiplas plataformas para expandir o alcance das suas marcas.
Mega Man pronto para regressar
A franquia Mega Man, que não recebe um novo jogo principal desde Mega Man 11 em 2018, está identificada como uma prioridade. Esta é a primeira vez em anos que a série é mencionada como alvo ativo de crescimento nos relatórios corporativos da Capcom, e não apenas como parte da estratégia de catálogo.
A empresa está a expandir as suas instalações de desenvolvimento em Osaka, com um novo edifício previsto para 2027, e continua a atualizar a RE Engine, o motor proprietário que tem alimentado sucessos recentes como Resident Evil Village e Street Fighter 6. Estes investimentos em infraestrutura sugerem que a Capcom está a preparar-se para um aumento significativo na produção de títulos.
Ace Attorney de regresso aos tribunais
A série Ace Attorney também faz parte dos planos de expansão. Embora a franquia tenha recebido a Ace Attorney Investigations Collection em 2024, os fãs aguardam ansiosamente por novos jogos principais da série.
A estratégia da Capcom passa por lançar novos títulos, criar remakes e fazer ports para as plataformas mais recentes. A empresa quer “melhorar o poder da marca e cultivar bases de fãs leais” para transformar estas séries em propriedades centrais ao nível das suas franquias mais lucrativas.
Uma estratégia comprovada
O plano não surge do nada. A Capcom tem demonstrado consistentemente a sua capacidade de revitalizar franquias através de remakes de alta qualidade, como provam os sucessos de Resident Evil 2, Resident Evil 3 e Resident Evil 4. A empresa também mostrou como as vendas digitais e uma gestão de preços estratégica podem prolongar significativamente o ciclo de vida dos títulos.
No ano fiscal terminado em março de 2025, os títulos de catálogo (jogos lançados em anos anteriores) representaram 76,1% das vendas totais de unidades da Capcom. Esta capacidade de gerar vendas consistentes ao longo do tempo é fundamental para a estratégia de transformar Devil May Cry, Mega Man e Ace Attorney em franquias principais.
A Capcom planeia atingir vendas anuais de 100 milhões de unidades, e estas três séries serão cruciais para alcançar esse objetivo ambicioso. Com uma equipa de desenvolvimento que cresceu para 2.846 pessoas e investimentos contínuos em tecnologia e talento, a empresa japonesa parece estar bem posicionada para dar nova vida a estas franquias icónicas.
