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    Silent Hill f abandonou cultos religiosos para abraçar a mitologia japonesa

    Descobrimos porque Silent Hill f é TÃO diferente dos outros jogos

    Silent Hill f visual

    Numa entrevista recente à Dengeki Online, o argumentista de Silent Hill f, Ryukishi07, e o produtor Motoi Okamoto revelaram detalhes surpreendentes sobre o processo criativo do jogo lançado em setembro de 2025. O mais interessante? A equipa quase seguiu o caminho tradicional da franquia antes de decidir arriscar numa abordagem completamente diferente.

    Os planos iniciais para Silent Hill f eram bastante convencionais. A história deveria incluir um culto religioso misterioso a operar nos bastidores, tal como aconteceu em anteriores entradas da série. Era território conhecido, seguro, previsível.

    Mas algo mudou quando Ryukishi07 começou a trabalhar nos conceitos iniciais com Okamoto. “Uma das nossas primeiras ideias era fazer literalmente um Silent Hill passado no Japão, com um culto religioso a operar nos bastidores, tal como nas anteriores entradas da série”, explicou o argumentista conhecido pelo seu trabalho em Higurashi When They Cry. “No entanto, quando estava a desenvolver a ideia inicial com o Sr. Okamoto, chegámos à conclusão de que, em vez de apenas ambientar o jogo no Japão, devíamos escrever uma história que só pudesse ser escrita no Japão”.

    A decisão levou a equipa a mergulhar fundo na mitologia Inari e noutras lendas exclusivamente japonesas. Foi uma escolha arriscada, afinal, muitos destes elementos culturais e religiosos podem ser completamente estranhos para jogadores ocidentais.

    O receio de alienar o público internacional existiu, claro. Mas a equipa de desenvolvimento tinha algo que muitos estúdios não têm, fé genuína na capacidade dos jogadores de compreenderem algo diferente.

    “Claro, estávamos certos de que os fãs internacionais da série Silent Hill seriam capazes de digerir a mitologia por detrás disso — esperávamos e confiávamos que eles a compreendessem”, afirmou Ryukishi07. Esta confiança não era cega, era baseada no conhecimento de que a comunidade de Silent Hill sempre apreciou narrativas complexas e simbólicas.

    Motoi Okamoto expandiu este ponto ao abordar as diferenças fundamentais entre religiões orientais e ocidentais. “A compreensão da religião difere no Japão e no estrangeiro. Os títulos anteriores de Silent Hill baseiam-se no mundo cristão, uma perspetiva religiosa que afirma que existe um chamado Deus verdadeiro”.

    Com a história a decorrer no Japão, os programadores queriam aproveitar completamente a mitologia politeísta japonesa. “Provavelmente há uma parte das pessoas que tem uma imagem solidificada de que tipo de deus é o Deus de Silent Hill, mas lembrem-se, os deuses ocidentais e orientais são diferentes. Sendo criado com a compreensão oriental de Deus(es) em mente, essa pode ser uma das características mais distintas de f”, explicou.

    Um sucesso inesperado

    A aposta compensou. Silent Hill f vendeu mais de um milhão de cópias apenas no primeiro dia após o lançamento em 25 de setembro de 2025, tornando-se na entrada da série que mais rapidamente vendeu na sua história.

    O jogo passa-se na fictícia cidade japonesa de Ebisugaoka durante os anos 60 e segue a estudante do secundário Hinako Shimizu enquanto navega pela sua cidade natal consumida pelo nevoeiro. A abordagem ao terror psicológico é visivelmente diferente, baseando-se em conceitos japoneses de beleza perturbadora e mitologia xintoísta em vez da iconografia cristã que dominou jogos anteriores.

    O caminho escolhido pela equipa de Silent Hill f representa mais do que apenas uma mudança de cenário. É uma declaração sobre a flexibilidade da série e a sua capacidade de absorver diferentes perspetivas culturais mantendo a sua essência, o terror psicológico profundo que sempre definiu a franquia.

    A pergunta agora é se esta abordagem “100% japonesa”, como Okamoto a descreveu, será o novo normal ou apenas uma experiência única. De qualquer forma, Silent Hill f provou que há espaço para experimentação mesmo numa série com tanto peso histórico.

    SourceAutomaton
    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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