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    Sony prepara moeda digital para pagamentos em jogos e anime

    O Sony Bank planeia lançar uma stablecoin atrelada ao dólar já em 2026, facilitando transações dentro do ecossistema da gigante japonesa

    Sony logo

    O Sony Bank está a desenvolver uma stablecoin vinculada ao dólar norte-americano que poderá revolucionar a forma como os utilizadores pagam por conteúdos de jogos e anime. Segundo revela o Nikkei Asia, a moeda digital deverá ser emitida nos Estados Unidos já no ano fiscal de 2026.

    A iniciativa insere-se numa estratégia mais ampla da Sony para integrar os seus diversos negócios digitais. A empresa pretende que a stablecoin seja utilizada para pagamentos de subscrições de serviços como a PlayStation, Crunchyroll e outros conteúdos dentro do seu vasto ecossistema de entretenimento.

    Uma stablecoin é uma criptomoeda que se diferencia de outras como a Bitcoin pela sua estabilidade de valor. Ao contrário das moedas digitais voláteis, esta mantém-se atrelada a um ativo estável, neste caso, o dólar americano. Isto significa que quem possui estas moedas não tem de se preocupar com as flutuações de preço que caracterizam grande parte do mercado cripto.

    Menos taxas, mais controlo

    A decisão da Sony tem objetivos claros, reduzir as comissões pagas a empresas de cartões de crédito e manter os utilizadores dentro do seu próprio ecossistema digital. Atualmente, a maioria dos clientes utiliza cartões de crédito para pagar jogos e conteúdos de anime, o que implica taxas significativas para a empresa.

    Para concretizar o projeto, o Sony Bank apresentou em outubro de 2025 um pedido de licença bancária nos Estados Unidos e planeia estabelecer uma subsidiária dedicada à emissão da stablecoin. A instituição financeira também estabeleceu uma parceria com a Bastion, uma empresa norte-americana especializada em infraestrutura para stablecoins.

    O mercado norte-americano é crucial para esta estratégia. Os Estados Unidos representam cerca de um terço das vendas globais da Sony, tornando o país um território prioritário para a adoção da nova moeda digital. O mercado de stablecoins tem crescido rapidamente nos EUA, com as duas maiores, Tether (USDT) e Circle (USDC), a atingirem um valor de mercado combinado de aproximadamente 260 mil milhões de dólares.

    A Sony não está a entrar no mundo Web3 de improviso. O grupo japonês lançou em janeiro de 2025 a blockchain Soneium, uma rede Layer-2 baseada em Ethereum que serve de infraestrutura para os seus projetos de ativos digitais. Em junho do mesmo ano, criou a BlockBloom, uma subsidiária focada em Web3 que visa construir um ecossistema que une fãs, artistas, NFTs e experiências digitais.

    A empresa tem multiplicado as suas iniciativas no espaço cripto. Lançou a joint venture YOAKE, que emitiu NFTs de The Seven Deadly Sins em março de 2025, e promoveu o Anime Art Festival em abril, combinando a cultura anime com plataformas blockchain através de NFTs de Solo Leveling. A Sony também revitalizou a sua exchange de criptoativos S.BLOX e desenvolveu a plataforma SNFT para emissão de NFTs e engagement com fãs.

    O contexto regulamentar favorável

    O timing da Sony não é acidental. Em julho de 2025, o presidente Donald Trump assinou o GENIUS Act, a primeira legislação federal abrangente sobre stablecoins nos Estados Unidos. A lei estabelece um quadro regulamentar claro, exigindo que as stablecoins tenham reservas 100% garantidas em ativos líquidos como dólares americanos ou títulos do Tesouro de curto prazo.

    O GENIUS Act também impõe requisitos rigorosos de conformidade, incluindo programas de combate ao branqueamento de capitais e verificação de sanções. Todos os emissores de stablecoins ficam sujeitos ao Bank Secrecy Act e devem possuir capacidade técnica para congelar, apreender ou destruir moedas digitais quando legalmente obrigados.

    Esta clareza regulamentar tem sido vista como um catalisador importante. Segundo a Latham & Watkins, a nova legislação abre caminho para uma maior adoção de ativos digitais e inovação no setor. O presidente da SEC, Paul Atkins, afirmou que “as stablecoins de pagamento desempenharão um papel significativo na indústria de valores mobiliários no futuro”.

    No entanto, nem tudo são elogios. A Independent Community Bankers of America (ICBA) expressou preocupações, argumentando que a stablecoin da Sony se assemelha a um produto de conta que não está segurado pela Federal Deposit Insurance Corporation, o que pode expor os consumidores a riscos desnecessários.

    A lei entrará em vigor 18 meses após a sua promulgação ou 120 dias após os reguladores federais emitirem regulamentos finais, o que acontecer primeiro. Isto significa que a stablecoin da Sony poderá começar a operar legalmente entre abril de 2026 e janeiro de 2027, dependendo da rapidez com que as regulamentações forem finalizadas.

    Com este movimento, a Sony posiciona-se na vanguarda da convergência entre entretenimento tradicional e economia digital, apostando que o futuro dos pagamentos em conteúdos digitais passa por moedas estáveis baseadas em blockchain.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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