A Square Enix está a preparar uma nova vaga de despedimentos nos seus estúdios do Reino Unido e Estados Unidos, parte de uma reestruturação mais ampla que visa concentrar o desenvolvimento de jogos no Japão. A informação surge na sequência do anúncio da editora em 2024 sobre a implementação “agressiva” de inteligência artificial nos seus processos de desenvolvimento.
Embora o número total de trabalhadores afetados ainda não seja público, as estimativas apontam para mais de 100 pessoas no Reino Unido, podendo chegar aos 140. Quanto aos estúdios americanos, os números permanecem desconhecidos.
Numa apresentação para investidores, a Square Enix descreve esta “reforma estrutural no estrangeiro” como parte do objetivo de consolidar as funções de desenvolvimento no Japão. O documento revela também uma meta específica, automatizar 70% das tarefas de controlo de qualidade e debugging até ao final de 2027 através de inteligência artificial.
Esta aposta na automatização explica, pelo menos parcialmente, a eliminação de postos de trabalho. O controlo de qualidade e o debugging são áreas que empregam um número significativo de profissionais na indústria dos videojogos, e a Square Enix parece determinada a substituir grande parte destes recursos humanos por sistemas automatizados.
Esta não é a primeira vez que a Square Enix tenta reduzir a sua presença no desenvolvimento ocidental. A editora tem vindo a distanciar-se progressivamente dos seus estúdios europeus e americanos ao longo da última década.
Em 2024, a empresa já tinha realizado despedimentos em massa. O caso mais significativo remonta a 2013, quando a Square Enix fez cortes substanciais nas divisões americana e europeia, chegando ao ponto de vender estúdios inteiros como Eidos-Montréal, Square Enix Montréal e Crystal Dynamics ao Embracer Group.
O que está em jogo
A estratégia da Square Enix levanta questões sobre o futuro das suas franquias ocidentais. Estúdios como Crystal Dynamics, responsáveis pela série Tomb Raider, já não fazem parte da empresa desde 2022. Agora, com a redução adicional das equipas no Reino Unido e EUA, a editora parece estar a apostar todas as fichas no desenvolvimento interno japonês.
A decisão surge num momento delicado para a indústria dos videojogos, que tem enfrentado múltiplas vagas de despedimentos nos últimos anos. A diferença aqui é a componente da inteligência artificial como justificação explícita para a redução de postos de trabalho, algo que pode estabelecer um precedente preocupante para outros estúdios.
A Square Enix ainda não comentou oficialmente os planos de reestruturação, mas os documentos para investidores deixam clara a direção que a empresa pretende tomar. Para os funcionários afetados, resta aguardar por mais informações sobre o calendário e o impacto real destes cortes nas suas carreiras.
O fim de mais outro estúdio da velha guarda aproxima-se…