
Tales of the Abyss para muitos fãs é o magnum opus da série. Numa entrevista sobre o desenvolvimento do jogo, a equipa original da Bandai Namco Entertainment (na altura ainda conhecida apenas como Namco) revelou que o argumentista Takumi Miyajima escreveu a história principal do jogo em apenas um mês e meio.
Miyajima juntou-se ao projecto numa fase bastante avançada do desenvolvimento, algo pouco habitual. A equipa tinha cerca de quatro ideias diferentes para a história, mas nenhuma estava a resultar satisfatoriamente. Existiam dificuldades não só em encontrar um elemento diferenciador, como em criar uma narrativa que criasse mais impacto do que a de Tales of Symphonia. Foi por essa razão que decidiram convidar Miyajima a integrar a equipa e a construir uma história a partir do jogo que já se encontrava parcialmente desenvolvido para a PlayStation 2.
O argumentista começou a trabalhar em Tales of the Abyss em Março de 2004 e concluiu a escrita do enquadramento narrativo e da história no dia 13 de Abril de 2004. Segundo o próprio, este período foi imediatamente a seguir ao trabalho em Tales of Symphonia, pelo que ainda se encontrava exausto, sendo que o calendário de Tales of the Abyss era ainda mais apertado porque o jogo comemorava o décimo aniversário da série. Miyajima confessou, de forma bem-humorada, que chegou a pensar que gostava que tudo simplesmente explodisse enquanto escrevia. Apesar da pressão, continuou a trabalhar nos pormenores e na cronologia do mundo de Auldrant até Julho, uma vez que a Namco ainda não tinha definido um produtor para o projecto.
A história de Tales of the Abyss sempre gerou debates e discussões, algo que já acontecia durante a fase de desenvolvimento. Vários membros da equipa comentaram com Miyajima que seria mais natural Asch assumir o papel de protagonista e personagem de ponto de vista, mas o argumentista não considerava estranho que Luke estivesse no centro da narrativa. Um prólogo que explicasse detalhadamente tudo o que tinha acontecido com Asch exigiria demasiado tempo e investimento por parte do jogador.
Ao optar por um Luke “amnésico” como protagonista, tornou-se possível eliminar grande parte dessa exposição inicial. Esta escolha facilitou também a identificação do jogador com a personagem, já que Luke desconhece o mundo à sua volta tanto quanto quem está a jogar. Embora Tales of the Abyss seja uma história centrada em réplicas, era mais importante gerar empatia entre o jogador e o protagonista. A narrativa acabou também por reforçar o tema da descoberta pessoal, algo que se adequava perfeitamente ao público-alvo de Tales of the Abyss, uma vez que, no início dos anos 2000, a maioria dos jogadores de Tales of Series encontrava-se entre o ensino básico e o secundário.









