Laura Fryer, uma das fundadoras da Xbox, não poupou críticas à atual direção da Microsoft numa recente declaração pública. A crítica vai para o aumento abrupto dos preços do Game Pass Ultimate, que subiu 50% no início de outubro de 2025, acompanhado por alterações nas funcionalidades dos diferentes escalões do serviço.
O timing não podia ser pior. Apenas um mês antes, a Microsoft já tinha aumentado os preços das consolas Xbox, o que gerou descontentamento considerável entre os consumidores. Agora, com mais uma subida de preços, a reação da comunidade tem sido francamente negativa.
Fryer publicou um vídeo no YouTube onde questiona abertamente se a atual liderança da Xbox compreende o que torna a marca especial. A fundadora manifestou dúvidas sobre se os responsáveis sabem realmente o que a comunidade deseja, acusando-os de insistirem em decisões que sugerem estar numa bolha onde o feedback já não chega.
As palavras são duras. Fryer afirma que a cultura de concordância incondicional que se instalou na empresa em 2008 só piorou com o tempo, e que o resultado está à vista, um aumento de preços disparatado aplicado aos fãs logo após o anúncio de que o Game Pass tinha gerado 5 mil milhões de dólares em receitas.
A crítica estende-se à gestão dos custos de produção de conteúdo. Segundo a fundadora, a Xbox falhou em manter esses custos estáveis e a liderança esqueceu-se de como desenvolver jogos em larga escala. Esta incapacidade tem resultado numa onda de despedimentos e cancelamentos de projetos que fragiliza ainda mais a posição da marca.
O Game Pass tinha sido, durante anos, considerado uma das maiores vantagens competitivas da Xbox. O serviço de subscrição era frequentemente descrito como o melhor negócio no mundo dos videojogos, oferecendo acesso a centenas de títulos por um preço mensal acessível. Era um dos principais argumentos de venda das consolas Xbox face à concorrência da PlayStation e da Nintendo.
Fryer lamenta que a Microsoft tenha deitado fora esta vantagem estratégica. Para ela, o aumento de preços não é apenas uma decisão empresarial questionável do ponto de vista comercial, mas representa algo mais profundo e preocupante.
A fundadora usa termos fortes para descrever a situação: isto não é apenas má gestão, é uma traição. É escolher a ganância em detrimento da paixão pelos jogos. É esquecer os valores que tornaram a Xbox relevante e que criaram uma base de fãs leais ao longo de mais de duas décadas.
A Xbox tem enfrentado desafios significativos nos últimos anos. As vendas de consolas têm ficado consistentemente atrás da PlayStation 5. Vários jogos exclusivos de grande orçamento foram adiados ou cancelados. Estúdios de desenvolvimento foram encerrados mesmo depois de terem sido adquiridos pela Microsoft.
O Game Pass era visto como a resposta da Microsoft a estes problemas, uma forma de criar um ecossistema sustentável que não dependesse apenas das vendas de hardware. Mas com aumentos sucessivos de preços e mudanças nas condições do serviço, muitos jogadores começam a questionar se o modelo é realmente sustentável ou se está simplesmente a ser usado para extrair mais dinheiro dos utilizadores existentes.
A Microsoft ainda não respondeu diretamente às críticas de Laura Fryer. A empresa tem mantido a posição oficial de que os ajustes de preços refletem o valor acrescentado ao serviço e os custos de manter uma biblioteca em constante expansão.
