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    Travis Strikes Again: No More Heroes Complete Edition – Análise

    Análise de Travis Strikes Again: No More Heroes Complete Edition por Bruno Reis.

    Suda51 o conhecido irreverente produtor de jogos como Lolipop Chainsaw, Shadows of the Damned, e a Grasshopper Manufacture decidiram tomar uma rota alternativa com No More Heroes. Ao invés de uma sequela direta, e ser conhecido como o melhor do mundo competindo contra assassinos rivais, somos brindados com alto simplista, repetitivo, mas estranhamente viciante.

    Travis Strikes Again: No More Heroes Complete Edition, relembra o jogador de eventos passados decorridos em No More Heroes 2: Desperate Struggle. Devido a estes encontramos Travis a viver numa caravana de forma a evitar a sociedade. Isto porque o nosso assassino aspirante a Deadpool, matou uma rival sua chamada Bad Girl, e o seu pai, Badman agora procura vingança. Durante o seu confronto, ambos são sugados pela lendária consola Death Drive MK II (uma referência a consolas da SEGA). Neste mundo digital, a dupla deve colecionar as Death Balls, para pedir um desejo, mas para isso antes devem conquistar os seus jogos. Sim leram bem esta é uma referência descarada a Dragon Ball.

    Posso dizer-vos que não sou o fã mais fervoroso de Travis Touchdown, apenas joguei na diagonal as ports para a Playstation 3, dos dois primeiros títulos. Por essa mesma razão estava muito curioso acerca do que esperar já que esta série é conhecida por ser irreverente chegando a níveis anarquistas. Nos primeiros instantes recebi exatamente o esperado, não só através dos diálogos destruindo por completo a quarta barreira troçando quer da cultura pop como do jogador, como pelos seus elementos característicos da série como o de usar uma sanita para gravar as nossas partidas. Nesta fase podem contar com eventos do menos espetável.

    Por conseguinte, com o passar o tempo, e pela sua natureza repetitiva, este deleite traduz-se quase em simples tarefas. O jogo tornou-se num simples hack and slash, que mesmo com chips que oferecem habilidades a Travis, o jogador literalmente usa controlos básicos, como esquivar ou atacar, perante hordas de inimigos até Travis prosperar e seguir em frente. Assente numa narrativa simplista, mesmo tratando-se de No More Heroes, (já que somos bombardeados com referências das anteriores aventuras de Travis) este jogo deve ser encarado como independente.

    Esta louca interação de Travis é dividida em três áreas. A primeira é a caravana que atua como uma hub, onde os nossos heróis podem vestir T-shirts de títulos indie como Undertale, Hollow Knight, ou Dead Cells, ler um ‘blog’ comerem ramen que nem uns Narutos, e verificar o quanto têm ainda para conquistar. A segunda área é a Death Drive MK II, o sistema de videojogos composto por seis videojogos. Neste Travis e Badman não só colocam a sua mestria com a sua katana de luz a prova, como participam em corridas a bordo da sua moto, plataformas, puzzles, jogos de tiro, RPG, etc. A última área serve como elemento narrativo, através da leitura de uma visual novel intitulada: Travis Strikes Back, escusado será dizer que está última simplesmente consiste em leitura. Ou seja, a estrutura do jogo consiste em viajar de moto até a sua caravana, chegar a Death Drive, tentar completar um jogo com sucesso, voltar, ler a visual novel, tentar encontrar as Death Balls, e repetir. Não obstante, esta última é um dos melhores pedaços de Travis Strikes Back: Complete Edition, já que troça a torto e a direito da indústria dos videojogos, não vão faltar elementos como a Metacritic, Devolver Digital, e até de uma certa série de jogos criados por Hidetaka Miyazaki que continuam a fazer as delícias de jogadores e da imprensa.

    Não sei se por iniciativa do próprio Suda51, ou pelo que o jogo obriga o jogador a enfrentar, mas diálogos repetitivos como “Wow que parte desnecessária neste jogo” ou “Aposto que os jogadores detestam isto”, fui obrigado a concordar que muitas vezes que Travis tinha realmente razão. O produtor pareceu ter um desejo macabro em torturar o jogador, já que a força deste título está na aquisição dos seus colecionáveis, não só através como as já referenciadas T-shirts Indie, como artigos de revistas de videojogos, bem ao estilo anos 90, como faxes de informadores do governo. A conclusão de Travis Strikes Back: Complete Edition, é de tal forma estranha que precisaram formatar os vossos cérebros pelo que vão experiênciar.

    Sem surpresa Travis Strikes Back, foi herdado da ludoteca da Nintendo Switch, daí que a sua natureza portátil e imediata é tão palpável que por vezes até dói! A jogabilidade é muito limitada até para a sua dinâmica de multi-géneros. Os nossos heróis podem usar um ataque rápido, forte, usar um ataque especial por equipar chips obtidos nos diversos níveis, e a única forma de evitar dano é rolar ou saltar. Como a entrada de ataques pesados é de tal forma elevada, que rapidamente estarão a manter o botão de ataque rápido sem pensar duas vezes. Outro dos efeitos que também achei horrível foi na fase das corridas onde literalmente usar o equipamento certo traduz-se em auto-win ou auto-lose.

    Tecnicamente Travis Strikes Black parece tratar-se de um título indie. Os grafismos rementem-nos imediatamente para períodos experimentais com efeitos e mundos 3D. Podem contar com cenários despidos muito repetitivos, wireframes, e personagens pouco detalhadas, ambientadas em cenários que mudam consoante a perspetiva do jogador. Este último efeito é uma pena porque o incentivo de colecionar as T-Shirts é um pouco deitado por terra já que as mesmas pouco ou nada são percetíveis nos níveis ainda mais quando a visão de bird view na maioria nos mesmos impossibilita de as visualizar. Talvez visualmente o efeito mais interessante é nas light novels, já que as mesmas prestam homenagem aos jogos em MS-DOS, oriundos dos anos 80, com as cores a preto e verde. Felizmente o mesmo não podemos dizer da sua banda-sonora, composta na sua maioria por música sintetizada de diversos estilos, incluindo também chiptunes. Interessante como alguns dos seus temas são cantados quer em inglês como japonês. Independentemente do vosso equipamento devém poder jogar este título sem problemas numa resolução alta, já que também as suas opções gráficas não permitem muita modificação, pois são muito limitadas bem como os grafismos algo bem expetável nesta port. Travis Strikes Back: Complete Edition, como o nome indica inclui todos os DLC e T-shirts disponíveis também na Nintendo Switch.

    Travis Strikes Back: No More Heroes Complete Edition, curiosamente destina-se a todos os gamers como o seu protagonista. Embora seja uma entrega muito limitada em jogabilidade, e bastante repetitiva, o conteúdo referencial e humor devem conseguir satisfazer o jogador nem que seja por umas horas. Para os fãs de Travis, este é um título divisivo já que muitos anseiam por quase uma década a uma aventura de No More Heroes nos seus moldes clássicos. Contudo, não deixo de pensar, será que com imersão indie e limitações das mesmas e títulos mais básicos, mas ricos em conteúdo conseguirem prosperar a produções AAA sendo básicas de conteúdo, não será a mensagem que Suda51 quis transmitir-nos neste jogo?

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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