Numa recente entrevista Yukinobu Tatsu, o autor do mangá Dandadan, falou sobre as suas cenas favoritas, a forma como trabalha e como constrói a história deste mangá que mistura comédia, ação e paranormal.
Sobre as suas cenas favoritas, o autor não hesitou em referir o rapto de uma vaca por um OVNI. Para ele, aquele momento foi especial porque sentiu que tudo se encaixava perfeitamente na história. No final de contas, parte do encanto do manga é a forma como consegue pegar numa situação completamente ridícula e torná-la relevante para a história.
Sobre a sua rotina de trabalho, Tatsu disse que trabalha completamente sozinho, uma vez que, depois da pandemia, todos os seus assistentes fazem a sua parte remotamente. E enquanto muitos mangakás usam tablets eletrónicos e software de última geração, ele agarra-se ao básico: caneta e papel. Isto diz muito sobre o seu estilo e a forma como se liga ao seu trabalho, porque num setor onde a tecnologia nunca para de avançar, ele continua a aderir à simplicidade.
Mas se há algo de que o autor se orgulha particularmente é de Momo Ayase. Na verdade, considera-a a sua personagem favorita e confessa que, se acha que não a desenhou suficientemente bonita, apaga-a e redesenha-a várias vezes até ficar satisfeito. Para ele, Momo é como o Super-Homem, não pelos seus poderes, mas pela forma como inspira os outros. Explicou que o que faz do Super-Homem um verdadeiro herói não é a sua força, mas o facto de a sua existência motivar outros, o mesmo efeito que Momo tem na história de “Dandadan”.
Outro ponto importante da manga é a grande variedade de criaturas paranormais que aparecem na história. De onde é que o autor tira inspiração para as mesmas? Bem, acontece que, mesmo sendo japonês, continua a descobrir coisas novas sobre a sua cultura. Continua a investigar e a aprofundar os mitos e lendas japonesas, escolhendo os elementos que mais atraem a sua atenção para incorporar na história.
Quanto à forma como constrói a história, Tatsu explicou que não gosta de separar os arcos da história de forma rígida. Prefere que tudo flua naturalmente, pois a história acompanha o crescimento pessoal dos protagonistas. Cada problema que enfrentam não é apenas um obstáculo a ultrapassar, mas influencia diretamente o que vem a seguir. Comentou ainda que gosta de refletir os problemas sociais atuais dentro do mangá e que, de certa forma, os yokai podem ser vistos como vítimas das circunstâncias da sua época.