
O autor português de banda desenhada Luís Louro foi distinguido com a Comenda da Ordem do Mérito pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, numa cerimónia que decorreu no Palácio de Belém. A distinção reconhece os serviços meritórios prestados em prol da cultura portuguesa e representa um marco não só na carreira do autor, mas também para toda a comunidade de banda desenhada nacional.
A Ordem do Mérito destina-se a galardoar atos ou serviços meritórios praticados no exercício de funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da coletividade. No universo da banda desenhada portuguesa, esta é uma distinção rara e carregada de simbolismo. Em 2024, José Ruy tinha já sido agraciado a título póstumo com Grande Oficial da Ordem de Mérito, mas a condecoração de Luís Louro reforça o crescente reconhecimento institucional desta forma de arte.
O ano de 2025 ficará certamente na história pessoal de Luís Louro como um período de consagração. Nascido a 14 de junho de 1965, o autor celebrou as quatro décadas de uma carreira que começou discretamente em 1985, quando publicou a sua primeira história numa revista de publicação regular. Desde então, construiu um percurso singular que o transformou num dos nomes mais respeitados da banda desenhada portuguesa.
A distinção presidencial surge num momento particularmente fértil. Em abril, Luís Louro lançou aquela que é considerada a sua obra maior, Os Filhos de Baba Yaga, uma coedição de luxo da Arte de Autor e A Seita. A novela gráfica, que se afasta do registo mais humorístico pelo qual o autor era conhecido, conta a história de sobrevivência de onze crianças órfãs durante a Segunda Guerra Mundial na frente russa. A primeira edição esgotou rapidamente, encontrando-se já na segunda tiragem.
O impacto desta obra não tardou a fazer-se sentir. Em outubro, no Festival AmadoraBD, Os Filhos de Baba Yaga conquistou o prémio de Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português.
O ano em que Luís Louro ganhou tudo o que havia para ganhar na banda desenhada em Portugal
Mas o ano trouxe muito mais. A Câmara Municipal de Lisboa atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural, os CTT lançaram uma coleção de selos dedicada aos 40 anos de Louroverso, celebrando o vasto universo criativo do autor. O Prémio Carreira Vinhetas d’Ouro veio juntar-se ao palmarés, assim como exposições nos principais festivais de banda desenhada do país: Coimbra, Maia, Beja e Amadora.
A editora Escorpião Azul lançou ainda o livro Uma vida a trabalhar para o boneco, de Francisco Lyon de Castro, uma obra dedicada ao percurso de Luís Louro com a participação de 42 fãs e amigos.
Banda desenhada portuguesa ganha reconhecimento máximo com condecoração de Luís Louro
A condecoração com a Comenda da Ordem do Mérito fecha em beleza um ano de reconhecimentos sucessivos. Para além do significado pessoal para Luís Louro, a distinção representa um passo importante na valorização da banda desenhada enquanto forma de arte e contributo cultural. Num país onde esta expressão artística ainda luta por reconhecimento institucional pleno, ver um dos seus autores distinguidos pelo Presidente da República é um sinal de mudança.









