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    Kadokawa lança concurso mundial de mangá com prémios até 10 mil dólares

    Editora japonesa procura talentos internacionais para combater escassez de artistas no Japão e expandir criação de propriedades intelectuais a nível global

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    A Kadokawa abriu oficialmente no dia 28 de novembro as candidaturas para o Kadokawa World Manga Contest, um concurso de dimensão global que procura descobrir novos criadores de mangá em qualquer parte do mundo. Com prémios monetários que atingem os 10 mil dólares e a promessa de apoio editorial para estreia no mercado japonês, a iniciativa representa uma mudança estratégica significativa para uma das maiores editoras do país.

    O concurso está aberto a qualquer pessoa, independentemente da nacionalidade, profissão ou se trabalha sozinha, em equipa ou representa uma empresa. A única exceção aplica-se a artistas cujas obras tenham sido serializadas em revistas ou websites da Kadokawa entre 1 de janeiro de 2022 e 31 de março de 2026, ou que estejam atualmente a ser publicados pela editora.

    Duas categorias e cinco idiomas

    A competição aceita candidaturas em duas categorias distintas. A categoria “Mangá com Diálogo” permite o uso de balões de fala e texto em japonês, inglês, espanhol, francês ou chinês tradicional. Já a categoria “Mangá Sem Palavras” desafia os criadores a contarem histórias exclusivamente através de elementos visuais, sem qualquer tipo de diálogo ou texto.

    Ambas as categorias partilham uma regra particular, pelo menos uma personagem tem de ter aparência humana para a submissão ser válida. As candidaturas decorrem até 31 de março de 2026, e os vencedores serão anunciados em maio do próximo ano.

    Os prémios estão divididos em primeiro, segundo e terceiro lugares, com valores de 10 mil, 5 mil e 3 mil dólares respetivamente. Algumas menções honrosas receberão 300 dólares, mas sem apoio editorial adicional. Os vencedores de ambas as categorias terão acesso a acompanhamento contínuo da recém-criada Secção Editorial de Mangá no Estrangeiro da Kadokawa, através de reuniões remotas e emails, com vista à preparação para serialização no Japão e publicação no portal oficial Kadocomi.

    A decisão de expandir o concurso resulta diretamente do sucesso inesperado da edição anterior. O Wordless World Manga Contest de 2024 recebeu 1.126 candidaturas de 104 países e regiões, ultrapassando em três vezes as expectativas iniciais da editora.

    Noboru Segawa, editor-chefe da Secção Editorial de Mangá Mundial da Kadokawa, não escondeu o impacto desses números: “No anterior Wordless World Manga Contest, recebemos mais de três vezes o número de submissões que tínhamos antecipado. Ficámos verdadeiramente maravilhados com o grande número de criadores talentosos de mangá de todo o mundo”.

    A resposta levou a empresa a reforçar a sua estrutura operacional, criando departamentos específicos para gerir o talento internacional e orientou uma mudança de filosofia sobre onde e como o mangá pode ser criado.

    A crise demográfica e a aposta global

    Por detrás desta abertura ao talento internacional está uma realidade incontornável, o Japão enfrenta uma grave escassez de artistas de mangá. Como explicou Noboru Segawa em entrevista anterior, existe uma falta particular de desenhadores capazes de adaptar light novels e histórias isekai para formato mangá.

    “O que nos está particularmente a faltar é talento para adaptações em mangá. Embora tenhamos uma abundância de obras originais, especialmente light novels e histórias isekai, há uma escassez esmagadora de artistas de mangá para as adaptar, levando a uma disputa entre empresas. No entanto, simplesmente juntar-se à corrida de aquisição não expande o conjunto de talentos, por isso não é uma solução fundamental”, afirmou.

    A demografia japonesa agrava o problema. Com uma população envelhecida e taxa de natalidade em queda, a criação de mangá direcionado para públicos mais jovens torna-se comercialmente desafiante. Em contraste, países do Sudeste Asiático têm populações onde mais de 50% são jovens, oferecendo mercados vastos e inexplorados.

    Segawa deixou clara a ambição da empresa: “Não acreditamos necessariamente que o ponto de partida para os seus trabalhos tenha de ser o Japão”. A Kadokawa opera atualmente 19 bases no estrangeiro, maioritariamente na Europa, América do Norte e Sudeste Asiático, e planeia criar departamentos editoriais locais em cada uma delas.

    “A longo prazo, estamos a preparar-nos para estabelecer departamentos editoriais de desenvolvimento local nas bases no estrangeiro para criar obras. Esperamos realizar um sistema editorial global sem fronteiras que conecte as nossas bases no estrangeiro e rompa barreiras linguísticas dentro de alguns anos”, projetou.

    Os oito vencedores do concurso anterior já trabalham com editores atribuídos, seguindo o modelo tradicional japonês de produção em equipa, com o objetivo de estrearem em selos da Kadokawa dentro de um ano.

    O website oficial do concurso está disponível em cinco idiomas, e as regras completas podem ser consultadas na página da competição. A editora promete que os vencedores serão convidados para uma cerimónia de entrega de prémios no Japão e uma visita guiada aos departamentos editoriais.

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    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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