
A pirataria digital de mangá está a causar perdas colossais à indústria editorial japonesa. Um estudo recente do grupo ABJ estima prejuízos anuais na ordem dos 8,5 biliões de ienes, o equivalente a cerca de 48 mil milhões de euros, revelando uma dimensão do problema muito superior ao previsto.
A investigação centrou-se na análise de 913 sites que oferecem acesso não autorizado a mangá, novels e livros de fotografia japoneses durante o mês de junho. Os números são impressionantes, estas plataformas ilegais registaram aproximadamente 2,8 mil milhões de visitas vindas de 123 países e territórios diferentes, totalizando cerca de 700 milhões de horas de visualização num único mês.
Para calcular o impacto financeiro, o grupo ABJ utilizou uma metodologia que assume que os utilizadores demoram 30 minutos a ler um mangá que custaria 500 ienes. Com base nestes dados, as perdas mensais rondam os 704,8 mil milhões de ienes, o que projetado para um ano inteiro resulta nos mencionados 8,5 biliões de ienes anuais.
A distribuição geográfica do consumo ilegal revela padrões interessantes. A Indonésia lidera o tempo total de visualização com 12,8%, seguida de perto pelo próprio Japão com 12,4% e pelos Estados Unidos com 11,2%. Este facto sublinha que a pirataria não é apenas um problema externo, mas afeta também o mercado doméstico japonês.
Quanto aos idiomas utilizados nos sites piratas, o inglês domina claramente com 51% do total, o que explica a enorme penetração internacional destes conteúdos. O japonês surge em segundo lugar com 16%, enquanto o chinês e o vietnamita partilham o terceiro posto com 6% cada.
O problema da pirataria tem-se revelado um verdadeiro quebra-cabeças para editoras, artistas e autores japoneses. Os sites ilegais multiplicam-se constantemente, com muitos a mudarem frequentemente de domínio para escaparem à deteção e ao encerramento pelas autoridades.
Atsushi Ito, membro sénior do ABJ, não escondeu a surpresa perante a magnitude dos dados: “O estudo mostrou que os danos foram mais graves do que o grupo havia previsto”. Com base nestes resultados, a organização pretende implementar contramedidas mais eficazes para combater o fenómeno.
Esta investigação surge num momento em que a indústria japonesa tem intensificado os esforços para proteger os direitos de autor. O governo nipónico e várias editoras têm lançado campanhas de sensibilização e aumentado a fiscalização, procurando não só punir os operadores de sites piratas como também educar os consumidores sobre o impacto da pirataria na criação de novos conteúdos.









