O mangá Umamusume Cinderella Gray, publicado na Weekly Young Jump desde junho de 2020, vai terminar dentro de cinco capítulos. O anúncio foi feito na edição 52 da revista, confirmando que a série de Masafumi Sugiura e Taiyo Kuzumi chegará ao fim a 25 de dezembro de 2025, após uma corrida de cinco anos e meio.
O mangá ultrapassou 8 milhões de cópias em circulação e tornou-se num dos títulos mais populares da franquia Uma Musume Pretty Derby, conquistando fãs tanto do anime como do desporto hípico japonês. A capa da edição mais recente da Young Jump destaca a aproximação do final com a frase “apenas mais cinco capítulos até ao final”.
Uma história inspirada num ícone das corridas
Umamusume Cinderella Gray centra-se em Oguri Cap, uma personagem baseada no cavalo de corrida real que se tornou uma lenda no Japão entre 1987 e 1990. O mangá acompanha a sua jornada desde as pistas regionais de Kasamatsu até se tornar uma das maiores estrelas das corridas nacionais, ganhando o apelido de “monstro cinzento”.
A história real de Oguri Cap é uma das mais inspiradoras do desporto hípico japonês. Nascido numa pequena quinta em Hokkaido a 27 de março de 1985, começou a carreira nas corridas regionais de Kasamatsu, na província de Gifu. Apesar de ter perdido na estreia, rapidamente se destacou com uma série de vitórias impressionantes que lhe valeram a transferência para a Japan Racing Association.
No entanto, devido a questões burocráticas relacionadas com o registo nas corridas clássicas, Oguri Cap não pôde competir na Tríplice Coroa japonesa, gerando uma onda de protestos por parte dos fãs. Esta situação levou a JRA a alterar as regras em 1992, numa mudança que ficou conhecida como “Regra Oguri Cap”, permitindo que cavalos com inscrições tardias pudessem competir em corridas clássicas.
Ao longo da sua carreira, Oguri Cap venceu 22 das 32 corridas em que participou, incluindo quatro vitórias Grade 1. Entre os seus triunfos mais memoráveis estão duas vitórias no Arima Kinen (1988 e 1990), o Mile Championship de 1989 e o Yasuda Kinen de 1990. A sua rivalidade com Tamamo Cross, outro cavalo cinzento, tornou-se lendária, com confrontos épicos no Tenno Sho de outono de 1988, na Japan Cup e no Arima Kinen.
A popularidade de Oguri Cap foi tão grande que ficou conhecido como o “Cavalo Ídolo”, atraindo multidões que assistiam às corridas não apenas para apostar, mas para o ver competir. Foi um dos primeiros cavalos de corrida a ter peluches à sua imagem, uma forma de merchandising que se tornou comum na cultura das corridas japonesas. O seu último Arima Kinen, em 1990, atraiu 177.779 espectadores ao hipódromo de Nakayama, o maior público de sempre naquele recinto.
Juntamente com Inari One e Super Creek, Oguri Cap fazia parte do grupo conhecido como “Heisei Big Three”, cavalos que reavivaram o interesse do público japonês pelas corridas de cavalos no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Recebeu o prémio JRA Award para Melhor Potro de Três Anos em 1988 e o prémio JRA Award para Melhor Cavalo Macho Sénior em 1990, tendo sido nomeado Cavalo do Ano no mesmo ano. Em 1991, foi incluído no Hall da Fama da JRA.
Após a reforma, Oguri Cap foi enviado para a Yushun Stallion Station como garanhão reprodutor. No entanto, não conseguiu produzir descendentes ao seu nível. Reformou-se da reprodução em 2007 e vivia como garanhão reformado quando, a 3 de julho de 2010, fraturou uma das tíbias num aparente acidente e foi eutanasiado. Tinha 25 anos.
O mangá e a adaptação em anime
A série entrou no arco final a 17 de julho de 2025, concentrando-se na última corrida de Oguri Cap. A Shueisha publicou 21 volumes até setembro de 2025, com o mangá a destacar-se pelo tom mais realista e amadurecido em comparação com outras obras da franquia Uma Musume.
A adaptação em anime, produzida pela Cygames Pictures, estreou em abril de 2025 e está atualmente a transmitir a segunda temporada, que começou a 5 de outubro. A primeira temporada foi exibida de abril a junho de 2025, cobrindo a estreia de Oguri Cap em Kasamatsu até ao Tenno Sho de outono de 1988.
A produção coincide com o 40º aniversário do nascimento do cavalo real Oguri Cap, prestando homenagem à lenda que inspirou gerações de fãs de corridas no Japão.
A direção do anime ficou a cargo de Yuko Ito, com composição de série por Hitoshi Kindaichi e design de personagens de Takuya Miyahara e Keigo Sasaki. O tema de abertura da segunda temporada, “Spurt Syndromer”, é interpretado pela banda 10-FEET.
Umamusume Cinderella Gray diferencia-se de outros títulos da franquia Uma Musume ao adotar uma abordagem mais centrada na narrativa dramática e no desenvolvimento de personagens. A obra explora temas de perseverança, o impacto das desvantagens sociais e económicas, e o poder dos sonhos perante adversidades.
A personagem Oguri Cap no mangá reflete fielmente a história real do cavalo: uma atleta nascida com joelhos fracos que, graças ao apoio da mãe e à própria determinação, conseguiu não só correr como também inscrever-se numa academia de corridas local. O seu talento revelou-se rapidamente, levando-a a competir e vencer ao nível nacional.
No universo de Uma Musume, as personagens são meninas que herdam os nomes e espíritos de cavalos de corrida reais, mantendo características equinas como orelhas e caudas, além da velocidade e resistência dos cavalos. A franquia, desenvolvida pela Cygames, expandiu-se para múltiplos géneros, incluindo videojogos, anime e mangás.
A série também apresenta várias personagens de apoio que não aparecem no jogo ou noutras partes da franquia, algumas das quais não têm nomes baseados em cavalos reais, apesar de terem histórias ou designs inspirados neles.
Com o final marcado para 25 de dezembro, os fãs preparam-se para despedir-se de uma das histórias mais emocionantes da franquia Uma Musume, uma narrativa que celebra o legado de um dos cavalos mais amados da história das corridas japonesas.
