Publicado inicialmente entre 1952 e 1968 pela revista Shonen da editora Kobunsha, o mangá Astro Boy é considerado como um dos clássicos entre os mangás e animes japoneses. De autoria de Osamu Tezuka, a obra foi lançada originalmente no Japão em 23 volumes e se tornou a principal obra do mangáka que veio a se tornar o “deus dos mangás”.
O mangá chegou ao Brasil pela Editora JBC, em uma versão especial que vai compilar a obra em nove volumes, com média de 400 páginas por volume, em formato 15,0 x 21,0 cm. A obra ainda conta com detalhes em Brochura com sobrecapa (incluindo uma sobrecapa variante no primeiro volume desenhada pelo brasileiro Vitor Cafaggi) e um marcador de páginas de brinde no primeiro volume.
Sinopse de Astro Boy
O pequeno Astro (Atom) é um poderoso robô criado pelo Dr. Tenma na tentativa de substituir o seu filho falecido. Porém, conforme o tempo passa, o cientista percebe que ele não preencherá o vazio deixado pelo filho e o vende para o circo. Depois de ser explorado, Astro é resgatado pelo Dr. Ochanomizu e mostra seu potencial de herói com habilidades especiais e até capacidade para expressar emoções humanas. Com sua bondade única e uma força incomparável, Astro Boy luta para proteger os mais fracos.
Por se tratar de uma obra iniciada nos anos de 1950, eu comecei a ler o mangá de Astro Boy com a ideia de tentar ler a obra pensando com a mente da época em que ela foi escrita. Porém, não demorou muito para que as temáticas e assuntos abordados logo se mostrassem muito próximos da realidade atual. A história de abertura do mangá aborda de imediato sobre imigração populacional, conflitos por alimentos e preconceito por características físicas. Fica bem claro no decorrer deste primeiro volume como Tezuka aborda diversos destes assuntos de uma maneira em que muitas vezes chega até às vias de conflito, mas sempre enxergando a possibilidade de pacificação e colocando Astro como um ponto apaziguador entre as partes que desejam manter a paz.
Gosto como a estes temas são mesclados com um tom de ficção científica, mas sempre com um tom claro contra a guerra e os conflitos e a favor do diálogo entre as partes. O início da obra pode até parecer meio confuso, mas no decorrer dos capítulos fica mais claro como essa mistura entre realidade e ficção funcionam bem dentro do mangá.
As referências aos desenhos e quadrinhos americanos estão bem claros no estilo visual e na forma como Tezuka desenvolve o mangá. É bem interessante como cada arco do mangá é desenvolvido como se fossem episódios de um seriado, inclusive com um tipo de resumo do ocorrido do capítulo anterior (como ocorria nos desenhos de antigamente). O desenho do mangá também possui muitas características dos desenhos americanos, com personagens visualmente exagerados, mas que funcionam dentro do contexto da obra e mostrando como o estilo visual de Tezuka influenciou artisticamente outras obras que vieram depois.
Mostrando que é uma obra atemporal, o primeiro volume de Astro Boy traz o início da obra que revelou Osamu Tezuka como um bom contador de histórias. Com temas que eram atuais nos anos do pós-guerra e que são atuais em 2025, o mangá consegue trazer um pouco de assuntos que ainda estão em destaque no momento. Com as influências dos desenhos americanos, ficou bem evidente como Tezuka misturou suas influências com uma originalidade que deu início a uma evolução visual do que conhecemos atualmente no mangás. Com toda certeza essa obra é essencial para entender um pouco dos pensamentos de Tezuka sobre o pós-guerra e a evolução que veio a criar nos mangás.