No dia 22 de fevereiro estreou na Netflix a primeira temporada da adaptação para série live-action baseada na série animada  Avatar: The Last Airbender (Avatar: O Último Airbender / Avatar: O Último Mestre do Ar).

A série teve produção da Albert Kim Pictures, Rideback (Sherlock Holmes, The Lego Movie, Death Note) e Nickelodeon Productions e distribuição mundial dentro do serviço da Netflix. A série tem como produtores executivos Albert Kim, Jabbar Raisani, Dan Lin, Lindsey Liberatore e Michael Goi. Albert Kim é o showrunner da série, que conta com direção de fotografia de Michael Goi, Michael Balfry e Stewart Whelan e trilha composta por Takeshi Furukawa (Star Wars: The Clone Wars, The Last Guardian).

O elenco da série tem Gordon Cormier como Avatar Aang, Kiawentiio como Katara, Ian Ousley como Sokka, Dallas Liu como Príncipe Zuko, Paul Sun-Hyung Lee como Tio Iroh, Ken Leung como Comandante Zhao, Daniel Dae Kim como Senhor do Fogo Ozai e Elizabeth Yu como Princesa Azula.

Sinopse de Avatar: The Last Airbender (Avatar: O Último Mestre do Ar)

Nesta reimaginação em live-action da amada série animada que segue Aang, o jovem Avatar, enquanto ele aprende a dominar os quatro elementos (Água, Terra, Fogo, Ar) para restaurar o equilíbrio de um mundo ameaçado pela aterrorizante Nação do Fogo.

AVATAR O Último Airbender pv 2 screenshot

Completando 20 anos em 2024, Avatar: The Last Airbender (Avatar: O Último Airbender / Avatar: O Último Mestre do Ar) é uma animação que possui uma grande legião de fãs que assistiram a animação original, viram sua continuação em Avatar – The Legend of Korra (A Lenda de Korra) e acompanharam a franquia em diversos livros, quadrinhos e conteúdos em diversas mídias. Após a tentativa fracassada da primeira adaptação da obra pelo diretor M. Night Shyamalan ficou um gosto extremamente amargo de que uma adaptação live-action baseada na obra não seria possível.

Desde o anúncio da produção de uma segunda tentativa de um live-action baseada na animação, os fãs sempre tiveram os dois atrás com o que poderia surgir. Inicialmente existia o alívio pelos criadores originais, Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko, da história da franquia estarem participando da produção, mas este alívio se esvaiu quando eles anunciaram que estavam deixando a produção por diferenças criativas. O segundo problema era o envolvimento da Netflix dentro da série, principalmente pela série de fracassos pela crítica de adaptações baseadas em animes, como Death Note e Cowboy Bebop.

Após a estreia da adaptação para série live-action de One Piece surgiu um fio de esperança para os fãs de Avatar: The Last Airbender (Avatar: O Último Airbender / Avatar: O Último Mestre do Ar). Se uma obra mais complexa pode ganhar uma adaptação com fidelidade a seu conteúdo, existia uma esperança e os conteúdos promocionais da série mostravam que uma boa adaptação estava para surgir.

Assim como One Piece, a produção de Avatar: The Last Airbender (Avatar: O Último Airbender / Avatar: O Último Mestre do Ar) tinha o desafio de traduzir a linguagem lúdica que a animação possuía para o live-action. Neste aspecto a produção fez uma escolha que pode não agradar muitos fãs da animação, a série live-action não possui muito do tom cômico que a animação possui e isso ocorre para que sua história possa se focar em passar uma mensagem anti-guerra.

No decorrer de toda a temporada do live-action de Avatar: The Last Airbender esta mensagem anti-guerra vai ficando cada vez mais evidente, primeiro mostrando como Aang se vê extremamente deslocado de seu tempo e de como ele se sente incomodado em ver o mundo completamente dividido. No decorrer da jornada do personagem ele ainda é pressionado pela culpa por seu desaparecimento, algo que na animação era bem amenizada por cenas cômicas. Katara e Sokka são os personagens que servem de guia para Aang nestes novos tempos, mas também possuem um lado questionador sobre os rumos que a guerra está levando às pessoas. Príncipe Zuko é o personagem que é levado a linha de frente com o único objetivo de ter o direito de retornar a sua antiga vida e Tio Iroh tem a função de guiar seu sobrinho e evitar dele cometer os mesmos erros que ele cometeu durante seus anos de combate. No decorrer da jornada dos personagens principais vemos também a história de figuras que foram feridas de alguma forma pela guerra. Como, Jet e seu grupo jovens refugiados e o inventor Sai, por exemplo.

A mensagem anti-guerra que é abordada nesta temporada também se mescla com a temática ambiental. Em um importante arco temos a abordagem de que a destruição de ambientes naturais podem causar desastres envolvendo a falta de alimentos e outros itens essenciais. Essa abordagem ocorre com um tom mais espiritual, algo que está presente também no decorrer da temporada, mas a mensagem sobre a destruição da natureza de forma discriminada fica bem clara.

Olhando como adaptação, Avatar: The Last Airbender consegue se manter bem fiel ao conteúdo original que existe dentro da animação. Porém, a série mescla diversos arcos importantes possibilitando um melhor ritmo para sua história. Existem também diversas mudanças em relação a ordem de alguns acontecimentos, mas que ajudam a melhorar o enredo em que eles foram inseridos. Gostei que a série fez muitas adições com a participação dos Avatares anteriores a Aang, inclusive ela usa do próprio universo expandido da franquia nestes momentos, com informações que foram reveladas apenas em conteúdos dos livros e quadrinhos, inclusive tem um momento que emula uma cena icônica de The Legend of Korra (A Lenda de Korra). A maior mudança em comparação a animação foi a inclusão do Senhor do Fogo Ozai e da Princesa Azula logo na primeira temporada. A inclusão deles funcionou bem para dar um contexto melhor na história do Príncipe Zuko, ainda temos os dois personagens servindo como articuladores para a trama envolvendo o Comandante Zhao.

Avatar The Last Airbender final pv screenshot

As cenas de luta funcionam muito bem no decorrer da série, fiquei um pouco incomodado em alguns momentos em que era usado muitos cortes de câmera durante os combates, mas no geral as cenas estão muito bem produzidas. O uso de efeitos especiais para o uso dos elementos também funciona, apesar de achar que elementos como Fogo e Ar acabam com os efeitos funcionando muito melhor do que Água e Terra. Os icônicos animais e seres espirituais estão muito bem produzidos e bem próximos visualmente dos seres que aparecem na animação. Os cenários da série também estão muito bem produzidos, com alguns locais visualmente incríveis, como é o caso de Omashu.

A fotografia é outro elemento muito positivo dentro da produção da série, trazendo uma coloração diferente para cada ambiente e com uma escolha certeira de tirar as cores da cena principal do último episódio e trazer cores apenas quando a dobra de fogo iluminava o ambiente. A trilha sonora da série é bem contida, os momentos em que ela brilha são justamente quando ela utiliza dos temas icônicos já conhecidos da animação, seja o tema do Avatar ou os acordes tocados quando aparecia a Nação do Fogo.

No geral, a primeira temporada de Avatar: The Last Airbender (Avatar: O Último Airbender / Avatar: O Último Mestre do Ar) mantém o essencial da temática da animação. Mesmo com um tom cômico bem menor, a história da jornada de Aang está muito bem contada no live-action. A série mantém como um todo o conteúdo original da animação, apesar das muitas mudanças como adaptação, mas adiciona coisas do universo expandido da franquia.

Subscreve
Notify of
guest

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments