Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito é o primeiro dos três filmes que irão encerrar a série de anime que se tornou um fenómeno mundial e que, de certa forma, revitalizou e elevou a qualidade deste tipo de entretenimento.

Ao contrário dos últimos lançamentos nos cinemas, que funcionavam essencialmente como um prólogo, juntando o final da temporada anterior com o início da seguinte, desta vez a Ufotable optou por repetir a fórmula de Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Comboio Infinito, adaptando um arco completo do mangá de Koyoharu Gotoge que dá continuidade direta à história.

A narrativa do filme decorre imediatamente após os acontecimentos do final da 5.ª temporada, o Arco do Treino dos Hashira, onde os protagonistas se preparavam para a batalha final que se aproxima.

Esse arco, curto mas intenso, terminou com Tanjiro Kamado, Zenitsu Agatsuma, Inosuke Hashibira, os Hashira e grande parte dos membros da Força dos Caçadores de Demónios a serem transportados por Muzan Kibutsuji para o Castelo Infinito, precisamente quando parecia que tinham ganho vantagem após a emboscada ao líder dos demónios, conseguida à custa do sacrifício de Kagaya Ubuyashiki, o líder dos caçadores.

Contudo, Muzan tinha preparado uma armadilha e espalhou demónios de todos os tipos para os atacar. Para piorar, a maioria dos Caçadores ficaram separados, tornando mais difícil reunirem-se e, sobretudo, descobrirem onde se esconde Muzan, que tenta recuperar das graves feridas sofridas na emboscada.

O filme não perde tempo com prólogos ou explicações. A ação começa logo de imediato, com Tanjiro e companhia espalhados pelo Castelo Infinito, enquanto tentam orientar-se e cumprir a missão de destruir Muzan para, assim, erradicar os demónios da face da Terra de uma vez por todas.

Seguindo fielmente o mangá, podemos assistir aos combates mais importantes dos protagonistas contra as Luas Superiores, com lutas espetaculares que mantêm o espectador colado à cadeira, absorto perante um verdadeiro festival de luzes, cores, som e movimentos, dotados de uma violência e grafismo explícito sem precedentes. Fica aqui um aviso aos pais. O filme contém corpos desmembrados e sangue a jorrar em todas as direções, algo que não era tão explícito no filme anterior e, sobretudo, na série anime.

Apesar disso, a longa-metragem mantém a estrutura das temporadas anteriores, mas a tensão é muito maior porque não sabemos quem sairá vencedor de cada combate. Neste arco, tenho de reconhecer a coragem que a autora demonstrou em certos momentos da história.

Há muito mais que gostaria de vos revelar, mas optei por não incluir spoilers nesta crítica para que possam sentir o mesmo impacto que eu senti ao presenciar estes acontecimentos. Mesmo quem já leu ou está a acompanhar as edições da Devir garanto que ficará surpreendido com este verdadeiro hino à animação, que conseguiu o impensável, superar até os momentos mais marcantes do filme anterior e da versão anime para televisão.

Tal como a série, o filme recorre à revolucionária técnica de aplicar filtros 2D sobre animação 3D. No entanto, desta vez a Ufotable não poupou esforços e introduziu ainda mais “budget” em técnicas de fotografia digital mais refinadas e diversos efeitos de rotoscopia, para criar uma maior sensação de profundidade nos cenários. A estrutura do Castelo Infinito revela-se incrivelmente complexa e surpreendente. O mesmo posso dizer da banda sonora que mistura diversos géneros, destaca o crescimento das personagens e mantém o mesmo ambiente de sentimentalismo na humanização dos demónios.

Por agora, estamos apenas no início deste arco, mas mesmo assim são mostrados momentos tão intensos que as 2h30 de duração passaram quase a correr. Confesso que soube a pouco, gostaria de ter visto mais do humor característico selvagem do Inosuke e de alguns momentos cómicos que entraram a matar para quebrar o gelo.

O meu único reparo vai para os flashbacks excessivamente longos que, embora interessantes, cortam por completo o ritmo frenético da ação. Percebo que se siga à risca a ordem dos acontecimentos do mangá, mas creio que poderiam ter sido abordados de outra forma para evitar uma quebra tão abrupta na ação.

Tirando este detalhe, Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito é um excelente filme que mantém, e até supera, tudo o que a série produziu até à data. Para além de uma ação sem pudores, consegue a proeza de oferecer um espetáculo visual impressionante, que demonstra o quão versátil e única consegue ser a animação em relação a outras formas de entretenimento.

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