A Gust e a Koei Tecmo regressam com a sequela Fairy Tail 2, continuando as jornadas do RPG lançado há quatro anos para as consolas e PC, que desta vez cobre os eventos do último e grande arco narrativo do mangá de Hiro Mashima.

Depois da guilda de feiticeiros ultrapassar os desafios da Tartaros no jogo anterior, em Fairy Tail 2 os jogadores vão acompanhar os conflitos do arco Império Alvarez, onde Natsu, Lucy e Erza unidos a outros aliados enfrentam os Spriggan 12, magos de elite extremamente habilidosos que protegem o seu líder, Zeref.

Tal como é habitual neste estilo de jogos, Fairy Tail 2 adapta os eventos mais importantes deste arco, presenteando-nos com confrontos grandiosos, momentos dramáticos e humorísticos característicos do anime de uma forma eficaz e muito bem conseguida. No entanto, como fã da série anime, não deixei de reparar que o arco aqui representado na maior parte dos capítulos é apresentado de forma apressada, deixando de lado algumas personagens chaves e detalhes que poderiam fazer toda diferença para a trama. Além disso, para quem não acompanhou a série anime, sentirá falta de uma recapitulação dos eventos sucedidos no título anterior, desta forma aconselho a explorarem ou pelo menos familiarizarem-se com os arcos que estes dois jogos adaptam, ou no mínimo, a jogarem o primeiro jogo.

Zeref, o líder dos Spriggan 12

Apesar de algumas falhas, foram introduzidas cenas originais no jogo que reforçam a narrativa, ajudando a desenvolver as relações entre os personagens, aprofundar o nosso conhecimento sobre eles e as suas aventuras secundárias. Inclusive, os jogadores que concluírem a história principal terão acesso a um epílogo escrito pelo criador do mangá que oferece conteúdo extra que nos permite passar mais tempo com os magos de Fairy Tail.

A série anime Fairy Tail é composta por 328 episódios.

O sistema de combate continua a ser o grande destaque na sequela de Fairy Tail. Para além de ter a capacidade de nos surpreender com o seu número de técnicas, também nos oferece um ótimo desafio para quem aprecia um combate estratégico e dinâmico. Desta vez, as lutas acontecem em tempo real, controlando um personagem de cada vez com a opção de escolher o nosso ataque ao mesmo tempo que os nossos aliados nos auxiliam activamente. Em vez de um menu, as nossas habilidades estão atribuídas a cada um dos botões principais do nosso comando. Apesar do poder das nossas habilidades, existe um número limite de ataques controlado a partir dos nossos pontos de energia, ou seja, cada vez que repetimos um ataque, ele consome mais pontos. Por norma, para conseguirmos carregar estes pontos temos de utilizar ataques básicos, que causam menos danos, mas são executados com maior velocidade.

Lucy com os companheiros em combate

Devemos ainda ter em consideração a afinidade elementar de cada um dos personagens que controlamos, já que cada inimigo possui uma série de fragilidades com as quais os nossos heróis são mais eficazes. Estas fragilidades estão ligadas à barra de resistência que os inimigos apresentam, que ao serem quebradas acionam um ataque especial, o Link Attack. Quando quebramos todas essas barras dos nossos inimigos, temos também a chance de realizar um ataque conjunto com os nossos companheiros, mais devastador que o anterior. Do mesmo modo, haverá também aliados secundários que vamos poder invocar se seguirmos as regras do combate, apoiando-nos com ataques poderosos contra os inimigos ou até com buffs.

O sistema de “Awakening” também está presente em Fairy Tail 2 com novas transformações e habilidades únicas para personagens específicos do jogo. São truques decisivos para vencer os inimigos mais cruéis, dado que quando despertamos este poder, as estatísticas do nosso personagem aumentam e o HP e SP recuperam automaticamente. Os combates nesta sequela conseguem ser verdadeiramente intensos e versáteis, identificando-se bastante com a dinâmica caótica das batalhas no anime.

Árvore de habilidades

Falando da evolução dos personagens, em Fairy Tail 2 temos acesso a uma árvore de habilidades chamada Magic Origins. Este sistema é dividido em três aspetos: Spirit; Skill e Strength. A partir destes 3 elementos expandimos o potencial dos personagens, desbloqueando novas habilidades e aumentamos as suas estatísticas, como a força, defesa ou o ataque mágico. É um sistema direto e fácil de compreensão que é necessário para superar os desafios apresentados ao longo do jogo.

Tirando os olhos do combate, neste jogo exploramos um mundo aberto que se vai formando conforme progredimos na narrativa. Para além da cidade de Magnolia, vamos passando por florestas, desertos, etc. Estas regiões são essencialmente ocupadas por criaturas, assim como também por tesouros e outros materiais que podem ser trocados por itens ou lacrimas, cristais mágicos que contém efeitos passivos únicos que podem ser equipados nos personagens.

De modo a limitar as nossas ações, foi colocado em certas áreas barreiras que só podem ser superadas com habilidades especiais que requerem o uso de uma personagem específica. Pessoalmente, limites como este deixaram-me confuso, pois, as habilidades que necessitamos para superar estes obstáculos são essencialmente características básicas que os personagens têm desde o início, como por exemplo o salto.

Nos arredores de Magnolia

Outro problema evidente é que a exploração é guiada constantemente, como se nos tivesse de certa forma a afastar da descoberta do mundo do jogo. Talvez por termos regiões demasiado sem vida, que pouco nos têm para oferecer, para além de batalhas constantes e tesouros com pouco fundamento. A única ressalva neste ponto são as fogueiras espalhadas pelos mapas, que para além de serem importantes para nos deslocarmos rapidamente pelos cenários, também nos aquecem o coração com novas interações ligadas aos personagens.

As aventuras da guilda Fairy Tail continuam em Fairy Tail: 100 Years Quest, que estreou na Crunchyroll dia 7 de julho de 2024.

Em comparação ao jogo anterior, os gráficos foram aprimorados, trazendo mais brilho para os combates e eventos apresentados durante a aventura. Existe aquela constante sensação de que estamos a assistir ao anime, graças à qualidade das cutscenes que ficaram ainda mais interessantes neste jogo. Isto também se percebe em combate, simulando perfeitamente os impressionantes efeitos das habilidades e magias que as personagens invocam no anime. As texturas e os modelos das personagens estão muito bem conseguidas, tirando os cenários que nos rodeiam, que apesar de apresentarem variedade de biomas, nem sempre tem a mesma vivacidade face aos restantes elementos.

O que continua marcante é a sua componente sonora, começando pelo voice acting, visto termos os atores originais (da versão em japonês) que deram voz aos personagens do anime. A prestação de cada um continua a ser verdadeiramente especial, assim como a banda sonora que apresenta parte dos temas originais que estamos habituados a ouvir na animação, sem faltar os momentos nostálgicos quando estamos a combater ou em situações mais comoventes ou animadas.

Titania no seu melhor

Fairy Tail 2 é uma evolução do jogo anterior, revelando mudanças no combate e diversas melhorias que o tornaram mais dinâmico e divertido, embora a Gust precise melhorar alguns aspectos, principalmente ligados à exploração. A história conquista-nos ao entregar os momentos mais marcantes da série, evocando na íntegra as emoções e a essência que muitos de nós sentiram ao assistir Fairy Tail. No entanto, é uma aventura que será saboreada de forma mais completa pelos fãs da obra de Hiro Mashima.

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