Gylt é um jogo de survival-horror… para crianças. Não, a sério, o rating é para maiores de 12.

Inicialmente lançado pela Tequilla Works em 2019 exclusivamente para o Google Stadia, foi agora lançado dia 6 de Julho de 2023 para várias outras plataformas. Provavelmente uma boa decisão, tendo em conta que o Stadia foi descontinuado em Janeiro deste ano. 

O jogo tem uma premissa simples: Sally é uma rapariga cuja prima, Emily, desapareceu. Por acidente, Sally encontra-se numa réplica arrepiante da sua vila, onde descobre que a sua prima tem estado durante o último mês. Infelizmente, nesta versão fantasmagórica da vila também existem monstros que não querem nada mais do que transformar a Sally numa estátua de terra, e armada com apenas uma lanterna e um extintor, ela terá de salvar a sua prima deste pesadelo. 

Extintor para congelar + Lanterna para destruir!

Os temas… não são particularmente complexos. Tanto a Sally como a Emily sofriam de bullying na escola, embora a Sally aparentemente ainda assim tivesse alguns amigos. A Emily, no entanto, novata na escola e na vila, não só não tinha amigos como era maltratada pelos colegas da escola, algo que a Sally não entendia que estava a acontecer. Ou talvez entendesse, e só não se quisesse intrometer para não ser também alvo dos atacantes. 

O mundo no qual elas se encontram é, de certa forma, um reflexo das suas psiques, desde os olhos gigantes que seguem os vários passos da Sally, aos manequins que nada fazem senão ficar só a ver, às bonecas idênticas à Sally que são também elas inimigos. 

Gylt, uma deturpação de guilt, a palavra em inglês para culpa, demonstra exatamente os sentimentos da Sally ao não ter conseguido ajudar a sua prima antes dela desaparecer, e ela esforça-se ao máximo ao longo do jogo para a conseguir salvar. O seu sucesso, obviamente, depende do jogador. 

Hmm. Pergunto-me se estes manequins serão representativos de alguma coisa…

E do jogo, lá está. 

Os sistemas de jogabilidade de Gylt são bastante simples. A Sally pode-se esconder dos monstros para navegar os ambientes de uma forma mais furtiva, ou pode utilizar a sua lanterna ou o extintor para os atacar. Pode utilizar também estas ferramentas para resolver pequenos puzzles de navegação. 

Os ambientes do jogo estão muito bem criados, misturando a realidade de uma escola com pesadelos como uma prisão (algo que certamente muitos de nós já teremos comparado à escola nalguma altura das nossas vidas…). Os níveis não são excessivamente longos, embora nalguns casos tenha achado a colocação dos inimigos demasiado frequente. Qualquer erro é rapidamente punido com uma manada de monstros atrás de nós, e as capacidades de movimentação da Sally não são particularmente impressionantes, pelo que estes erros provavelmente levarão a uma morte rápida. Desculpem, transformação em estátua de terra. 

O ponto mais fraco do jogo, na minha opinião, são as batalhas contra os bosses. Os sistemas do jogo foram feitos para stealth, e com exceção de um caso, estas batalhas não permitem ao jogador manter-se escondido. A maioria das minhas mortes focaram-se nestas batalhas. 

A Sally a ser perseguida por um destes monstros.

Se gostam deste tipo de jogos, é certamente uma opção mais branda a considerar, embora não sendo excecional no seu género. 

TL;DR: No geral, o jogo é uma maneira agradável de passar umas 7 horas. Não é demasiado longo, e é uma forma interessante de crianças ou jovens perceberem se gostarão de jogos como Silent Hill ou Metal Gear Solid. 

Não seria um jogo de horror se não tivesse uma cadeira de rodas abandonada.

Prós:

  • Bons gráficos e ambientes;
  • Jogabilidade de stealth divertida;
  • Enredo acessível. 

Contras:

  • Boss fights pouco semelhantes ao resto do jogo;
  • Ocasionalmente demasiados inimigos em simultâneo.
Carolina Moreira
Com background de informática, e gosto em videojogos a combinar, mas aficionada de histórias em qualquer formato, juntou-se à equipa do OtakuPT em 2023 para dar uma opinião pessoal sobre o entretenimento que nos chega às mãos.
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