O filme anime Make a Girl está chegando aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 13 de novembro. Distribuído no Brasil pela Sato Company, o filme é a produção de estreia do diretor Gensho Yasuda.
Com animação pelo “Yasuda Gensho Studio by Xenotoon“, a direção é de Gensho Yasuda, Yuichi Imaizumi está a dirigir o som na Sonilude e Tsutomu Ueno está encarregue dos efeitos sonoros. Kenichiro Suehiro (Cells at Work!, The Eminence in Shadow, Goblin Slayer, Re:ZERO -Starting Life in Another World-) está a compor a música.
O longa foi inspirado no curta MAKE LOVE, do mesmo diretor, o filme foi realizado por meio de financiamento coletivo. Entre agosto e outubro de 2022, Yasuda lançou uma campanha de crowdfunding para que pudesse realizar o longa. A meta inicial de 10 milhões de ienes (359 mil reais) foi extrapolada, atingindo quase 24 milhões de ienes (cerca de 880 mil reais). O filme anime estreou nos cinemas japoneses em janeiro deste ano.
A produção tem no elenco Atsumi Tanezaki (Frieren em Frieren: Beyond Journey’s End) como nº 0, Shun Horie (Kazuya Kinoshita em Rent-a-Girlfriend) como Akira, Yōji Ueda como Shōichi Takamine, Kana Hanazawa como Eri Uminaka, Toshiki Masuda como Kunihito Ōbayashi e Sora Amamiya como Akane Kōmura.
Sinopse de Make a Girl
Em um futuro onde robôs domésticos são comuns, o jovem gênio da robótica Akira decide criar a sua parceira ideal.
Ele dá vida à namorada artificial “N°0”, que passa a sentir e demonstrar emoções. Mas com o tempo ela se questiona: seus sentimentos por Akira são reais ou programados?

Existem certas histórias da literatura que são cíclicas, que a cada período de tempo ganham novas versões em adaptações de produções live-action ou em animação. É interessante que essas histórias possuem uma carga temática que são atemporais e que podem funcionar quando bem desenvolvidas dentro do contexto atualizado da obra.
De uma forma indireta, podemos dizer que o filme anime Make a Girl possui uma influência na história de Frankenstein, obra criada no final dos anos 1880 pela escritora Mary Shelley. Diferente da clássica história, o longa de Gensho Yasuda atualiza o conceito do médico e o monstro para um mundo moderno, exclui algumas questões éticas envolvendo a ciência e uso de mortos para a criação do ser humanoide e parte para um lado em que a criatura possui traços fofinhos.
Quando comecei a assistir ao filme anime Make a Girl estava esperando uma história de ficção científica mais simples. Felizmente a obra é muito mais complexa do que parece, a todo o momento temos diversos questionamentos sobre sentimentos e sobre humanidade. Esses questionamentos servem principalmente para trazer o desenvolvimento dos personagens Akira e Zero, através de situações simples do dia a dia, mas que trazem toda a complexidade dos seres humanos.
Akira é o personagem que está obcecado em alcançar resultados das pesquisas de sua mãe. O personagem traz o lado complexo do ser humano que está em uma busca constante por resultados ao ponto de quase se isolar do restante do mundo. Já Zero é a criação de Akira como parte de sua obcecada busca, porém ela traz o lado complicado da obsessão por amor e por se conectar desesperadamente a outra pessoa. O resultado da busca obsessiva dos dois personagens acaba sendo um conflito extremamente violento de forma física e psicológica.

O ponto central do longa acaba sendo as conexões humanas que os personagens centrais têm e como eles agem a partir destas conexões. Seja para se ligar com pessoas do passado ou com as pessoas do presente, é por causa dessas necessidades de conexão que surgem as justificativas das ações dos personagens principais.
Mesmo sendo uma ficção científica, o filme anime Make a Girl possui muito de uma carga dramática que funciona muito bem como um todo. Mas a conclusão do conflito entre Akira e Zero acaba indo infelizmente para um caminho em que apenas um dos lados recebe sua recompensa, algo que achei bem anticlimático e fazendo com que a individualidade pessoal fosse colocada de lado em prol de criar um final agridoce para os dois personagens.
A animação do longa está muito bem produzida, me pareceu existir uma mescla de animação digital com o uso de computação gráfica, mas nada que fique destoante. A edição e montagem do filme é bastante dinâmica, mesmo as cenas mais lentas funcionam dentro do contexto.
No geral, o filme anime Make a Girl foi uma boa surpresa. Desenvolvendo uma história envolvendo personagens complexos, o longa traz a influência de Frankenstein de uma forma moderna. Mesmo com uma mescla de animação digital com o uso de computação gráfica, o longa está muito bem produzido e com edição muito dinâmica.












