Quase uma década a aguardar o lançamento de um novo título da franquia Mario & Luigi e eis que a Nintendo regressa com mais uma das suas aventuras para Nintendo Switch, intitulada de Mario & Luigi: Brothership. Depois da AlphaDream encerrar, a editora nipônica decidiu entregar o legado à produtora Acquire, e para a felicidade dos fãs, continuamos a encontrar os ingredientes que fizeram os jogadores apaixonarem-se pela série: a sua jogabilidade divertida e criativa, o seu humor característico e a sua narrativa leve, mas sem deixar de ser envolvente.
O primeiro jogo da série Mario & Luigi foi desenvolvido pela Alpha Dream e lançado para o Game Boy Advance em 2003.
Em Brothership, Mario e Luigi são sugados por um vórtice de luz para o continente de Elétria, um mundo alusivo à eletricidade, onde encontram Tetê e Pligue, dois dos habitantes daquele local que relatam aos dois irmãos que as ilhas originalmente ligadas à árvore mágica Arboux, foram separadas por um evento misterioso. Percebendo a coragem de Mario e Luigi, a pequena Tetê e Pligue pedem ajuda aos irmãos para conectar as ilhas à árvore da ilha Nauta para restaurar Elétria, prometendo também ajudá-los a encontrar forma de regressarem ao Reino do Cogumelo.
À medida que navegamos pelo oceano de Elétria, vamos descobrindo mais sobre a cultura de cada ilha e a história dos seus habitantes que se vão interligando aos eventos principais. A narrativa continua a apostar nos habituais imprevistos, com um humor e criatividade únicos que ajudam a manter um enredo envolvente enquanto combatemos contra uma opressão, possivelmente ainda mais distorcida que os já conhecidos planos perversos do vilão Bowser.
Em Mario & Luigi: Brothership é ainda um mimo acompanhar a dinâmica entre os dois canalizadores, sobretudo observar as suas reações engraçadas aos eventos que vão sucedendo durante o jogo. Do mesmo modo, a dinâmica entre eles, é ainda complementada por outras personagens fascinantes pertencentes a este mundo, que para além de adicionarem profundidade à narrativa, trazem certamente um efeito nostálgico aos fãs de Super Mario.
O nosso objetivo passa por navegar por um vasto mapa a bordo da ilha Nauta, uma espécie de navio “hub” que teremos de controlar para localizar as diversas ilhas que compõem o mundo do jogo. Através das correntes marítimas, para além de descobrirmos as ilhas principais, encontramos também as ilhotas onde podemos achar tesouros e ainda os recifes, esculturas no alto mar que são essenciais para desbloquear boas recompensas.
A nova mecânica “Luigideia” é igualmente fundamental fora dos combates para superar obstáculos e para a resolução de quebra-cabeças.
Cada uma das ilhas consegue ser particularmente singular, definidas por diferentes biomas, segredos, puzzles, mecânicas, missões, inimigos e chefes únicos. Obviamente que a nossa missão não será tão simples, até porque para progredirmos na narrativa precisamos de chegar às Ilhas do Grande Farol para abrirmos caminhos para novos mares.
A ideia de dividir o mundo por ilhas foi uma abordagem interessante para nos fazer sentir que estamos verdadeiramente a viver uma aventura pelo alto mar. Existe muito a descobrir e muita coisa a fazer em cada zona. Para além dos inimigos que servem de teste para as nossas habilidades, cada zona é normalmente composta por alguns mini-jogos e quebra-cabeças ambientais que requerem pensamento criativo e uso inteligente das habilidades dos personagens. É aqui que entram as engenhosas habilidades de exploração que os irmãos vão aprendendo durante o jogo. Por exemplo, podemos transformar-nos num disco voador para flutuar no ar, numa bola capaz de entrar em espaços apertados, lançar bolas de fogo, etc. Há realmente uma variedade de conteúdo impressionante em Mario & Luigi: Brothership que nos vai conquistando ao longo da aventura.
Mario & Luigi: Brothership continua a ser acompanhado por um interessante sistema de combate tradicional por turnos. Ainda que não seja novidade para a maioria dos jogadores, o combate nesta série requer estratégia e foco, seja na altura de atacar ou de defender. O conceito desenrola-se à volta dos dois irmãos, sendo que as ações de Mario estão ligadas ao botão A e de Luigi ao botão B. É essencialmente um trabalho de equipa que faz com que combinemos as suas habilidades no timing certo, seja no ataque de salto, quando utilizamos o martelo ou mesmo quando recorremos às habilidades especiais.
Em determinados níveis recebemos um bónus de categoria que permite melhorar os atributos de Mario e Luigi. Por exemplo, aumentar o espaço para equipamento, melhorar o ataque ou defesa ou até subir de nível mais rápido.
Por outro lado, devemos observar de perto os inimigos, visto que cada um apresenta um comportamento que indica não só como irá atacar, mas também quem. Os inimigos neste jogo apresentam mais padrões de ataque e de defesa e são ainda mais astutos. Nomeadamente, temos inimigos que mudam de forma para evitar que ataquemos com o salto ou martelo e outros que em determinados momentos ficam ocultos enquanto se aproximam.
Dispomos ainda das ações Bros., habilidades que permitem que utilizemos tanto Mario quanto Luigi em sinergia na altura de atacar. São ataques especiais ilustrados com uma animação espetacular que tiram uma boa percentagem de dano aos inimigos. Associado às mesmas, temos ainda outra novidade, os plugues – um género de habilidades passivas que acrescentam vantagens à dinâmica do duo em batalha. Para os criarmos precisamos de colecionar lumenéctar que estão espalhados pelas ilhas do jogo, por isso será normal revisitarmos os locais mais de uma vez. Alguns plugues permitem contra-ataques automáticos, aumento de dano nas ações Bros. e até expandir o dano por todos os inimigos.
Já os confrontos contra os chefes conseguem ser bastante elaborados e divertidos, oferecendo uma combinação particular entre a estratégia e o humor. Cada chefe apresenta habilidades específicas e uma dificuldade acima da média, desafiando-nos a compreender os seus padrões. Entretanto, Luigi com a sua nova mecânica, Luigideia, tem um papel crucial na luta contra os chefes, abrindo uma sequência especial que funciona como um mini-jogo que dá um toque inventivo a cada confronto.
Mario & Luigi Brothership apresenta também visuais bastante atraentes, com uma direção de arte muito própria em comparação com os seus antecessores. A escolha de cores vivas, assim como os pormenores dos cenários e personagens combinam perfeitamente com o tom do jogo, uma autêntica lufada de ar fresco para a série Mario & Luigi. As próprias animações destacam-se pelo melhor, são muito bem elaboradas e expressivas, tanto a explorar como em combate, sem esquecer das diversas cutscenes notáveis que o jogo entrega. No desempenho conseguimos notar, ainda que seja simples, quedas de fps em diversos locais, mas felizmente, não atrapalharam a experiência.
Tal como os gráficos, a banda sonora encaixa que nem uma luva com o humor e o estilo característico do jogo. Por último, temos disponível legendas em Português do Brasil, mais um incentivo para os mais pequenos embarcarem por esta nova e divertida aventura.
É pouco provável não se deixarem render à nova jornada de Mario & Luigi: Brothership que revela ser um passo na direção certa desta série, entregando uma aventura especial e refrescante que nos proporciona muitas horas de diversão à medida que descobrimos o fantástico continente de Elétria.