Desde o início deste milénio que assistimos a diversas reinvenções do Homem-Aranha nos mais variados media. As mesmas foram tão abundantes que até geraram uma trilogia de filmes onde foi apresentado um Peter Parker diferente em cada, que consequentemente deram azo a uma genial produção animada não só deste como de todas as encarnações do jovem herói criado por Stan Lee. É mais que notória a herança destes registos em Marvel’s Spider-Man Remastered, dado que o jogo desde os seus ecrãs iniciais até à sua conclusão respira da apresentação e elementos dos filmes protagonizados pelo mesmo.

Sentimos mesmo, que esta grande aventura podia ser inserida numa das possíveis continuações de filmes do célebre super-herói, já que não narra as suas origens, pelo contrário apresenta um Peter Parker bem consciente quer das filosofias transmitidas pelo seu amado tio, como também dos criminosos que ameaçam as ruas de Nova-Iorque. Embora seja numa casa diferente Marvel’s Spider-Man Remastered, repete a façanha que o revolucionário Batman: Arkham Asylum gerou em 2008, ou seja, também nos apresenta um jogo onde sentimos que encarnamos mesmo um super-herói. Longe vão os desastrosos tempos quando a LJN. Toys Ltd., ou a Acclaim Entertainment, geravam produtos subpar do espectro e dimensão do herói de vermelho e azul. Tudo, absolutamente tudo em Marvel’s Spider-Man Remastered, é extremamente orgânico, quer na natureza da nossa personagem como do seu próprio ambiente. Quer seja a balançar de teia em teia nos arranha-céus da cidade em busca de crimes para parar, missões para completar, ou enfrentar os mais perigosos vilões. A cidade é literalmente um recreio para os fãs do Homem-Aranha, pois não só o mapa é vasto como alberga diversos acontecimentos em simultâneo. Quanto mais percorrermos as ruas e céus da cidade, e acionarmos torres de comunicações, mais missões principais e secundárias se abrirão, sem destoar da própria natureza do herói já que são notificadas nas proximidades através do seu célebre sentido de aranha ou comunicações dos seus aliados.

Confrontos para parar, raptos para frustrar, pistas para procurar, lugares para fotografar, desafios cronometrados para completar e até fórmulas científicas para criar, estas são apenas algumas das atividades secundárias que Parker terá de desempenhar enquanto divide a sua vida pessoal com a do seu incrível alter-ego. Como se não fosse bastante, o jogo apresenta uma jogabilidade incrivelmente evolutiva e orgânica, visto que a mesma partilha não só de elementos como também de ambientes. Quanto mais fatos e itens obtivermos, níveis alcançarmos e habilidades desbloquearmos, mais combinações poderemos disferir nos nossos adversários, até com o próprio auxílio dos cenários! Mesmo numa fase prematura desta grande aventura podemos replicar imensas façanhas que assistimos do herói ao longo da sua vida em todas as suas façanhas. Embora na teoria este sistema de combate possa parecer intimidante, na prática, é bem simples, intuitivo e muito gratificante. Acreditem que punir criminosos na alçada desta encarnação do Homem-Aranha é um verdadeiro espetáculo visual! Incrivelmente aliciante.

Relativamente à história principal esta é dividida em três partes. Contudo, este enredo apenas é aprofundado na última, o que nos deu a sensação de um final de jogo demasiado apressado em diversas “nuances” visto que nem mesmo todos os vilões recebem o seu devido destaque. Contudo, como esta versão alberga os 3 capítulos DLC que receberam lançamento originalmente na PlayStation 4 não só grande parte da história recebeu novas óticas como o jogo se estendeu por pelo menos mais 10 horas. Os capítulos The Heist, Turf Wars e Silver Lining, abrem confrontos com novos vilões e temáticas. Felizmente ou infelizmente -dependendo da procura de desafio de cada jogador- quer os confrontos e desafios da história primária como nas secundárias são relativamente simples, se porventura em qualquer das dificuldades os vilões destruírem incessantemente Parker, poderemos descer a dificuldade do jogo sem quaisquer penalizações.

Marvel’s Spider-Man Remastered não só é tecnicamente o primeiro jogo da PlayStation 5 a receber lançamento no PC, como também o primeiro portado pela Nixxes Software. Como tal, estamos perante um jogo atualizado no que toca a elementos visuais e tecnológicos. Contudo, um efeito que sentimos assim que rastejámos até ao menu de opções visuais foram as suas opções. Para começar e contrariamente aos jogos da Sony Interactive Entertainment na plataforma modelar, este não apresenta um “preset” equiparável a uma consola. Julgamos que este efeito se deve por se tratar de um jogo PlayStation 5, mas como a sua verdadeira picada foi herdada da PlayStation 4, pensamos que ao menos poderia ser existir um “preset PlayStation 4 PRO“. Desta leva os jogadores terão ao seu dispor perfis escalados desde o mais baixo ao mais alto. Contudo, se desejarem manipular as restantes opções visuais, podem também fazê-lo. Embora existam em menor número nesta port, são bem interessantes. Tal como a Sony já nos habitou, o jogo dispõe de resoluções até 4K nativas, resolução dinâmica -onde poderemos mapear um determinado número de fotogramas por segundo para não comprometer a fluidez de jogo, um simples, mas eficiente suporte para HDR, visto que em vez de comparar imagens indica quantas unidades nits o nosso monitor se encontra e suporta -no nosso equipamento foram 1500- e técnicas de anti alisamento “SMAA” e “TAA”. Relativamente às restantes opções visuais podemos manipular os níveis e a qualidade e filtragem de texturas (até 16x), fotogramas por segundo, vsync, sombras, profundidade de campo, níveis de detalhe, oclusão ambiental (SSAO ou HBAO+), qualidade das partículas ambientais, vinhetas e aberração cromática (para se assemelhar mais às suas congéneres cinematográficas), motion blur e grão -que sem hesitarmos foram imediatamente desativadas.

Esta incrível aventura já era um espetáculo visual tremendo em qualquer uma das consolas da atualidade da Sony, mas neste baloiçar de teias no PC, o jogo atinge níveis visuais tremendos, principalmente devido à sua fluidez e a um suporte HDR mais trabalhado. Este último elemento brilha em todo o seu esplendor em ambientes ao anoitecer e noite dentro. Quando comparados aos da PlayStation 4, são mais vibrantes, detalhados, e apresentam uns efeitos de penumbra bem impressionantes. Devido a um maior requinte visual, acreditamos que os jogadores vão se transformar numa espécie de Jonah Jameson (J.J) e vão pedir incessantemente fotos do Homem-Aranha ainda mais que nesta encarnação de Marvel’s Spider-Man, Parker pode até tirar selfies.

Quanto maiores forem os FPS, maior será a imersão.

Esta alusão à célebre citação do Tio Ben, dita com clareza o requinte e qualidade que Marvel’s Spider-Man Remastered atinge nesta port. Estamos perante uma das mais intensas e impressionantes obras da Insomniac Games, que mesmo com absolutamente todas as opções gráficas no seu máximo dos máximos, pudemos desfrutar do jogo sem quaisquer compromissos de fluidez, visto que se manteve na casa dos 95 fotogramas por segundo, e apenas com o retirar da qualidade das sombras se manteve fixamente nos 120 como projetámos. Não foi só a beleza visual que beneficiou de maiores taxas, a jogabilidade e o combate também, dado que foi muito mais fluido, diríamos até mesmo orgânico por a agilidade ser o principal destaque do herói aracnídeo. Quanto à qualidade das texturas tal como vimos noutras ports da Sony para PC, já revelam a sua idade principalmente em NPCS, becos, ou em pequenos detalhes como insígnias nas roupas.

Contudo, quando acionamos os efeitos raytracing os fotogramas desceram, se bem que não tanto como prevíamos o que foi uma enorme surpresa, ainda mais numa placa gráfica AMD RX 6900XT. No nosso teste afirmamos que com este elemento visual o número de fotogramas foi registado nos diversos padrões da seguinte forma:

  • Desligado: 90 a 96 fotogramas por segundo.
  • Médio: 72 a 76 fotogramas por segundo.
  • Alto: 66 a 70 fotogramas por segundo.
  • Muito Alto: 58 a 64 fotogramas por segundo.
Raytracing desativado
Raytracing desativado
Raytracing médio
Raytracing médio
Raytracing alto
Raytracing alto
Raytracing muito alto
Raytracing muito alto

Realmente foi uma surpresa constatar que mesmo com a mais badalada característica visual da atualidade -que como sabemos consome os maiores recursos- o Homem-Aranha nunca perdeu a fluidez que tanto o caracteriza fossem quaisquer os vilões que enfrentava ou enquanto deambulava pelas ruas de Nova Iorque. As mesmas com este elemento acionado atingem um maior requinte, assistirmos aos reflexos espelhados de arranha-céus, montras de lojas, janelas e até o próprio super-herói nos mais diversos ambientes e situações, realmente incrível. Julgamos que este recurso não desceu a pique a experiência de jogo devido a três fatores; historial da Nixxes nas ports de jogos de consolas; uma maior maturidade da tecnologia no mercado; o jogo utilizar como base a arquitetura RDNA 2. No entanto, como o jogo possui o acesso à tecnologia AMD FSR 2.0, os fotogramas aumentaram exponencialmente enquanto a sua qualidade visual se manteve, especialmente nos perfis mais elevados. Com os efeitos raytracing ligados e todos os elementos visuais no seu exponencial máximo registámos aos seguintes resultados:

  • AMD FSR 2.0 Qualidade: entre 92 a 95 fotogramas por segundo.
  • AMD FSR 2.0 Equilíbrio: entre 100 a 107 fotogramas por segundo.
  • AMD FSR 2.0 Desempenho: entre 112 a 117 fotogramas por segundo.
  • AMD FSR 2.0 Ultra Desempenho: 120 fotogramas por segundo fixos.

Desconhecemos como o jogo se comporta com as tecnologias da NVIDIA, devido a não possuirmos componentes no nosso equipamento para o teste. No entanto podemos dizer que a tecnologia espacial da AMD nos perfis mais altos impressiona. Enquanto a nitidez permanece praticamente intacta, os fotogramas receberam um extra na ordem dos 36!

Infelizmente não pudemos desfrutar do suporte ao comando DualSense. Não nos interpretem mal, não foi pela falta de material, dado que o jogo foi todo jogado com este recurso. O que acontece é que a própria Steam Overlay reconhece o comando, até lhe coloca a configuração oficial e conseguimos acionar as opções de jogo. Tal como foi referido nas especificações técnicas, recorremos a um cabo USB-C para ligar o comando a uma destas portas, mas sem efeito para já. Acreditamos que o jogo ainda não recebeu o suporte nesta versão para análise, mas que no seu lançamento poderemos atirar teias com o suporte dos gatilhos adaptativos. Para já também não suporta carregamentos ulrarrapidos quer com disco SSD, como NVME. Fizemos alguns testes com alguns dispositivos e podemos afirmar com toda a certeza que o jogo carrega bem rápido até numa unidade SSD USB 3.0 externa.

Outro elemento que também faz parte destes relançamentos da PlayStation no PC, são as suas localizações. O Homem-Aranha é mais do que poliglota sendo que consegue falar fluentemente 16 idiomas, entre os quais se encontram o Português europeu e do Brasil.

Marvel’s Spider-Man Remastered, é por excelência o melhor jogo do herói aracnídeo, e um dos melhores jogos a agraciar a plataforma modelar neste 2022. O jogo permanece com todos os elementos que o caracterizaram nas consolas, no entanto esta nova versão no PC atribui-lhe uma camada extra de qualidade por utilizar recursos de hardware superiores. Não hesitem e vistam o vosso fato de Homem-Aranha (se ainda vos servir) e preparem as vossas bocas foleiras para recriarem as aventuras que sempre desejaram em jovens e que agora finalmente vão poder viver em adultos, neste jogo que honra um período das nossas vidas e a memória do seu falecido criador.

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