Começa a tornar-se normal para a Nintendo, durante os seus eventos, surpreender os seus seguidores com vários e novos anúncios que deixam qualquer fã da casa de Quioto maravilhado e ansioso pelo que está para chegar. Isto vem à superfície porque foi exatamente na noite de quarta-feira, 8 de fevereiro, numa transmissão dedicada ao Nintendo Direct que, entre a revelação da data de lançamento de Advance 1+2 Re-Boot Camp, o anúncio de Baten Kaitos I & II HD Remaster e do novo trailer com um vislumbre das novidades inseridas em The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, que surgiu Metroid Prime Remastered, uma remasterização do primeiro jogo de culto da trilogia Metroid Prime, ficando acessível de imediato na loja digital da Nintendo Switch.

Para quem não conhece, Metroid Prime desenvolvido pela Retro Studios em parceria com a Nintendo, foi lançado originalmente para a Gamecube no Japão em Novembro de 2002 e na Europa em março de 2003. O desenvolvimento deste jogo foi relevante para a série e acarinhado até hoje pelos jogadores, em parte devido à sua nova aparência, sendo este o primeiro jogo da série Metroid criado com gráficos 3D e jogado numa nova perspetiva, na primeira pessoa.

Voltar duas décadas depois com a palavra remastered associada ao seu nome, poderia provocar algum dissabor a quem tanto ansiava pelo retorno deste clássico. Digo-vos isto porque parte das remasterizações surgidas ao longo dos anos não recebem o amor que deveriam de receber, acabando por transmitir só o fator nostálgico a quem os joga. Felizmente, este não é o caso. A Retro Studios com apoio de outros, foi muito além com a produção de Metroid Prime Remastered. É inevitável não ficarmos orgulhosos quando vemos um jogo cirurgicamente bem conseguido e acima de tudo, capaz de fazer sentir que estamos a experienciar uma nova aventura tanto a nível visual como sonoro, e ainda assim, conseguindo manter a mesma magia e carácter intemporal sentida no original.

Em Metroid Prime Remastered voltamos a controlar a caçadora de recompensas Samus Aran. A aventura acontece entre os eventos de Metroid I e de Metroid II: Return of Samus, na qual partimos para explorar um planeta hostil chamado Tallon IV, onde se encontra um mundo aberto formado por diversas regiões interligadas que se separam pela sua natureza e espécie de criaturas que teremos de combater. Durante a investigação será essencial analisar o ambiente que nos rodeia e percorrer diversas vezes os mesmos corredores de modo adquirir novos Power ups para reforçar o nosso arsenal, assim como habilidades para conseguirmos alcançar áreas anteriormente inacessíveis.

O meu ponto de vista sobre Prime não mudou. Para um jogo do princípio dos anos 2000, ainda hoje a fórmula faz sentido. É de salientar a maestria com que foi transferido tudo o que foi feito nos títulos anteriores para três dimensões sem abandonar a sua natureza, permitindo olhar para os puzzles e ambientes de outra ótica. Além disso, a produção de Metroid Prime ainda demonstra um grande senso autoral no que diz respeito ao glorioso design de níveis, à criação da ambientação, aos confrontos contra os bosses, à própria forma como somos guiados para conseguir novas habilidades e especialmente como a narrativa e o lore do jogo são promovidos através do “Scanner Visor” da nossa caçadora. Mesmo que não seja novidade para os jogadores que conhecem esta obra, Metroid continua a ser uma verdadeira lição de como um metroidvania deve ser, proporcionando uma jogabilidade extremamente recompensadora e desafiante

No entanto, como é evidente, a novidade desta nova versão é a passagem de Metroid Prime para a alta definição na consola híbrida da Nintendo Switch, contando com uma componente gráfica e sonora completamente refeita  para um novo fulgor.

Ao longo da aventura, percebe-se que os cenários, criaturas e a própria Samus, apresentam um tratamento incrível nas suas texturas, onde conseguimos notar mais detalhes e beleza nas suas formas. A iluminação é outro elemento refinado que faz toda a diferença, trazendo uma nova ambiência e realismo às paisagens de Tallon IV, sobretudo na selva de Tallon Overworld e nas ruínas de Chozo Ruins. Temos ainda pequenos pormenores curiosos de observar, como por exemplo o efeito da chuva a bater e a escorrer na arma, assim como o rosto de Samus a refletir no interior do Visor quando disparamos em situações especificas.

Nesta remasterização, também registamos um desempenho sem irregularidades, correndo a 60 fps na maior parte do tempo, sendo que passei 90% em modo portátil. A transição para as áreas acontece fluidamente, sem carregamentos de elementos visuais prolongados, incluindo as cutscenes do jogo.

Quanto ao departamento sonoro, este exibe efeitos melhorados, desde o som dos menus e ambientes, ao disparo das armas até ao som que os inimigos reproduzem. Já a banda-sonora pelo compositor Kenji Yamamoto, soa tão bem como na primeira vez, enquadrada na atmosfera única e sinistra de Metroid.

Desta vez, também é dado ao jogador a possibilidade de escolher entre quatro sistemas de controlos diferentes:

  • Dual Stick – Onde usamos os dois analógicos, um para movimento e o outro para a mira.
  • Pointer – Funciona com os controlos de movimento dos comandos Joy-Con, semelhante a Metroid Prime: Trilogy Wii
  • Hybrid – Combina os controlos clássicos com os sensores de movimento.
  • Classic – Emula os controlos do original lançado para a GameCube.

Estas escolhas são muito bem-vindas, já que proporcionam alternativas para reviverem esta odisseia do modo que quiserem, seja com controlos mais “clássicos”, eventualmente indicados para os veteranos, e ao mesmo tempo para quem decide embarcar pela primeira vez nesta jornada, visto haver acesso a comandos mais acessíveis e modernizados.

O jogo também tem um espaço com extras focado na arte do jogo, modelos dos personagens e outra arte. Não menos importante que isso é a presença de opções de acessibilidade onde encontramos um modo a pensar nos que sofrem de daltonismo.

Metroid Prime Remastered é um produto genuinamente maravilhoso que recebeu uma atenção especial da Retro Games. Se em 2002 o original conquistou os jogadores com a nova abordagem 3D sem pôr de lado a essência da série, em 2023 demonstra de novo ser capaz da mesma proeza com o lançamento de uma das melhores remasterizações já feitas.

Metroid Prime Remastered já está disponível na Nintendo eShop e será lançado uma versão física no dia 3 de março.

Prós:

  • Remasterização de qualidade
  • Essência de Metroid continua intacta
  • Lore
  • Banda sonora impressionante
  • Várias opções de controlos
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Bruno Cavaco
Bruno Cavaco
20 , Fevereiro , 2023 16:51

Além do fantástico trabalho a nível visual, surpreende também as opções jogáveis que disponibiliza. Eu olho para o jogo e passa perfeitamente por um jogo de Switch, tanto visual como jogavelmente, o que mostra a maestria da Retro quando este jogo foi feito. Gostaria imenso de um tratamento semelhante ao 2 e 3 para despertar ainda mais o apetite para o 4. Obrigado pela review.