Bem, a análise deste jogo demorou a sair. Parte da razão foi que o port para a PS5 deste jogo só saiu em Janeiro de 2023, embora o jogo tenha sido lançado originalmente para a Nintendo Switch em 2021, mas a principal razão foi mesmo que eu só não me enquadrei no jogo. 

Obviamente não foi a primeira vez que eu dei por mim a jogar um jogo que normalmente não me interessaria. Não é sequer a primeira vez que estou aqui a escrever sobre um deles. No entanto, ao contrário de outros casos, eu sei que Monster Hunter Rise é um bom jogo. Simplesmente não é o meu jogo. 

Monster Hunter Rise é um RPG de acção desenvolvido pela Capcom, o sexto jogo principal da série. Como o título indica, o objectivo é caçar monstros. Neste jogo em particular, o jogador é o mais recém-licenciado Hunter na vila de Kamura, uma vila inspirada numa estética japonesa, que está sob alerta. Prevê-se um grande ataque de monstros, denominado de “Rampage”, que poderá destruir a vila. Como tal, o nosso Hunter terá de se preparar e treinar para se tornar mais forte para conseguir proteger a vila, aceitando missões para matar monstros nas redondezas, talhando estes monstros pelas suas partes, e utilizando estes materiais para reforçar o seu equipamento. 

A vila é muito bonita.

Este é o gameplay loop básico de Monster Hunter. Matar monstros, talhar monstros, criar equipamento. Repetir ad infinitum. 

E aqui entramos no problema que eu tive com o jogo: o combate de Monster Hunter não me atrai. O combate de Monster Hunter faz exactamente o contrário de me atrair, na verdade, cada passo fazendo-me querer pousar o comando e ir fazer qualquer outra coisa. Simplesmente todo o mau-jeito de ter de pegar na arma, ter de encontrar a posição certa, o sistema de combos e de stamina… não foi para mim. Eu experimentei todas as armas do jogo, tendo acabado por seleccionar o arco para progredir. Não tinha combos complicados de decorar, permitia manter-me à distância, e era só dois botões: um para puxar o arco atrás e outro para lançar a flecha. 

Mas ainda assim era demasiado chato ter de lutar. Para começar, embora tivesse os meus dois companheiros animais, os monstros só me atacavam a mim, por muito que eu tentasse manter a distância, por isso o facto do arco ser uma arma à distância tornou-se um ponto em vão. Seguidamente, mesmo o arco sendo uma arma mais simples, ter de o arrumar sempre que queria talhar um monstro ou colecionar uma planta rapidamente se tornou aborrecido. 

E perdoem-me, mas simplesmente achei os movimentos da personagem principal excessivamente lentos. Correr parece que estamos a andar pelo meio de mel, e as animações de pegar e arrumar a arma são também muito vagarosas. E os monstros demoram tanto tempo a morrer. Não duvido que seja o meu equipamento que seja fraco, e eu que seja má a jogar, mas o jogo podia ter uma dificuldade “fácil” para idiotas como eu. 

Também considerei a UI demasiado complexa. Tentar examinar o diagrama das armas foi só uma dor de cabeça, sem eu ter conseguido perceber quais armas eu tinha e quais não tinha. Embora essa opção potencialmente exista, eu também não descobri como ver que monstros possuem quais materiais sem aceder a wikis externas. 

O jogo é complexo, e acho que isso ninguém irá negar. Mas eu sei que há jogadores que adoram este tipo de complexidade, mas eu simplesmente não faço parte desse grupo. O grind de criar equipamento até seria divertido se eu simplesmente conseguisse perceber como lutar decentemente. O problema poderá ser meu. O problema certamente é meu, o Monster Hunter Rise não vendeu 12 milhões de cópias a ser um mau jogo. 

Tudo o que acontece no hub de Kamura é divertido. Escolher missões, comer dangos para receber bónus, reforçar e criar equipamento (embora honestamente aquela UI podia ser simplificada) são actividades bem realizadas, que no contexto de um combate e de um sistema de movimento com o qual me entendesse, seriam uma excelente base para um gameplay loop aditivo… que eu sei que é, para muita gente. 

Mas o combate… Como exemplo, eu decidi que ia tentar fazer o Leather Armor set, o mais básico a seguir ao inicial. Para tal, ia precisar de Warm Pelts. Onde é que arranjo isto? Talvez o jogo me diga algures, mas eu não descobri onde, tendo em conta que o bestiário só é atualizado após eu efectivamente receber um material de um monstro, e sem maneira de saber sequer quais os monstros disponíveis. Felizmente, a wiki a) existe, e b) diz-me que Warm Pelts são obtidas através de Kelbis. Okay. O bestiário do jogo diz-me onde encontrar Kelbis? Óbvio que não, porque eu ainda não matei nenhum. Novamente, a wiki salva o dia e eu descubro que estão disponíveis nas Shrine Ruins que tenho andado a explorar. Yay. 

Começo um Expedition Tour pelas Shrine Ruins e abro o mapa. O mapa… que também não me diz onde encontrar os monstros. Okay. Novamente, a wiki diz-me onde encontrar estes monstros. Eu monto no meu cão gigante, que por acaso é muito prático por me permitir continuar a colecionar items enquanto passeio, e vou em busca de Kelbis! 

Admitidamente, as mecânicas de movimento para além de correr estão bem implementadas e são divertidas. Utilizar os Great Wirebugs para saltar distâncias imensas é bastante satisfatório. Finalmente encontro os Kelbis! 

Weeeeeeee

Tirar a arma, fazer pontaria, largar a flecha. Repetir até o monstro estar morto. Guardar a arma e talhar o bicho. Repetir. Perder o monstro de vista e ter de estar continuamente a fazer pontaria. Já para não falar que, devido às cores naturais do jogo, é difícil às vezes distinguir os monstros do ambiente circundante. Não perceber porque é que só estou a ter Kelbi Horns em vez de Warm Pelts. Ver um comentário na Wiki que diz que na verdade o Kelbi não dá isto. Ficar confusa sobre se é uma piada de low drop-rate ou um erro mesmo. 

…Eu não duvido que Monster Hunter Rise seja um bom jogo. A sério. Mas até agora nenhum jogo foi tão profundamente exaustivo de jogar como este. 

Oh! Consegui uma Warm Pelt afinal! 

TL;DR: Monster Hunter Rise é um jogo cujo combate não me atraiu, o que fez com que todo o restante da experiência se tornasse confusa e difícil de apreciar. As mecânicas são complexas, a UI é confusa, e senti constantemente que precisava de aceder a fontes de informação externas para saber o que fazer. Tudo isto, no entanto, é um problema meu. A única coisa que eu posso dizer, é que Monster Hunter Rise é um bom jogo, mas não é um jogo para toda a gente. 

Out of range?? É um arco!!

Prós: 

  • Companheiros animais para nos acompanharem e ajudarem a lutar! 
  • Boa variedade de armas e estilos de luta;
  • Legendas em Português do Brasil; 
  • Bastante DLC, incluindo uma expansão inteira;
  • Bom criador de personagens com fácil partilha;

 

Contras: 

  • Combate desajeitado e difícil de apanhar o jeito;
  • UI confusa e complexa;
  • Falta de informação no próprio jogo;
  • Não tem modo de dificuldade “fácil” e eu sou má 🙁 
Carolina Moreira
Com background de informática, e gosto em videojogos a combinar, mas aficionada de histórias em qualquer formato, juntou-se à equipa do OtakuPT em 2023 para dar uma opinião pessoal sobre o entretenimento que nos chega às mãos.
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