Tenho que admitir que a primeira coisa que pensei quando vi o trailer para Moss foi: “O jogo parece giro, mas precisava de ser VR?” 

O jogo respondeu-me imediatamente desde os seus primeiros momentos: sim. Talvez Moss pudesse continuar a existir fora de um ambiente de VR, mas isto permite ao jogo uma imersão única e diferente dos restantes jogos de VR. 

Em Moss, o jogador é um leitor. Uso esta palavra do seu modo mais literal, pois o jogador literalmente encontra-se sentado a uma secretária quando o jogo começa, o livro Moss à sua frente, pronto a ser aberto e lido. Este leitor, devido aos poderes mágicos de cinco cristais existentes no mundo de Moss, pode interagir com personagens que possuam estes cristais, assim como com certos objectos no mundo. 

Olá, Quill!

A nossa protagonista é a Quill uma pequena rato-do-campo que deseja recuperar a sua terra natal dos Forged, animais de ferro e aço que atacam qualquer ser vivo. Por coincidência, ou talvez por destino, encontra uma das peças do cristal mágico, o que cria uma ligação entre ela e o leitor. A partir daqui, inicia-se uma aventura mágica e charmosa, em que nós acompanhamos Quill na sua viagem para salvar Moss

Moss é um mundo em ruínas após os ataques dos Forged. Ao longo dos dois jogos, passamos por florestas repletas de verde, para cidades destruídas, por montanhas cobertas de neve para minas debaixo da terra. Cada local está realizado com carinho, nenhum detalhe esquecido. A escala do jogo está perfeitamente reflectida na pequena Quill, assim como na nossa própria estatura enquanto leitor. Dá prazer explorar todos os locais e descobrir os segredos de cada área, seja uma peça do vitral que vamos construindo ao longo do jogo, ou apenas a solução do puzzle para podermos progredir. 

Em termos de jogabilidade, o jogo pode ser descrito como um puzzle-platformer. Controlando a Quill ou certas partes do mundo, o jogador ajuda-a a superar vários obstáculos. Cada momento do jogo acontece numa espécie de maquete, e o efeito em VR é profundamente imersivo e encantador. Os controlos são intuitivos e fáceis de aprender, mas os puzzles em si por vezes não são! Houve certos momentos no decorrer destes dois jogos que eu me senti verdadeiramente desafiada, embora a Quill esteja sempre disponível com dicas para nos ajudar caso estejamos verdadeiramente perdidos. 

A jogabilidade não se altera muito entre Moss e Moss II. Moss II tem mais puzzles, mais mecânicas, mais armas, e mais poderes, sendo uma progressão agradável do Moss original. Em termos de capacidades VR, o jogo decorre integralmente com o jogador sentado, pelo que os problemas de enjoo ou dores de cabeça são praticamente inexistentes. Dei por mim a jogar horas a fio, tendo completado o primeiro Moss em apenas duas sessões. No entanto, os jogos também não são muito longos, cerca de 4 e 7 horas respectivamente. 

Hmm… esta biblioteca já viu melhores dias.

Na minha opinião, existe apenas uma parte do jogo que é aborrecida, e esta é o combate. Não é mau, mas num jogo em que uma pessoa se quer focar em resolver os puzzles e progredir, ter subitamente que lutar contra um exército de insectos mecânicos quebra um pouco o ritmo. Especialmente tendo em conta que, salvo ocasiões em que é necessário destruir todos os inimigos para progredir, nada é ganho ao derrotá-los, muitas vezes dei por mim a simplesmente correr e evitar os inimigos, em vez de perder tempo a lutar. 

O enredo do jogo, embora relativamente simples, é cativante, e a narração em inglês é excelente. Existem até alguns momentos surpreendentes na história dos quais eu não estava à espera, e a narrativa é bastante boa do início ao fim. 

O que me leva à minha pergunta inicial, a que eu tive assim que vi o trailer: este jogo precisava mesmo de ser em VR? 

Relato mental do leitor: Quill!!! <3

Talvez não, mas aquilo que se perderia não é medível na jogabilidade ou na qualidade do enredo. É a capacidade de dar high-fives à Quill quando resolvemos um puzzle complexo. É sentirmo-nos envolvidos por este mundo cuidadosamente criado, verdadeiramente um gigante num mundo de ratos. É estarmos sentados à secretária a ler, e vermos o nosso reflexo na água do riacho. É uma sensação de imersão pura e que ainda não foi alcançada por muitos outros jogos VR, em que a posição do jogador e da personagem que controla são diferentes. Aqui não. Aqui o jogador está sentado, e o leitor está sentado. Verdadeiramente sentimo-nos na pele do leitor, e isto é na minha opinião o maior feito de Moss

TL;DR: Ambos os jogos de Moss são experiências de VR excelentes, com jogabilidade divertida e enredo acessível, e considero que sejam dos melhores pontos de partida para alguém que nunca experimentou jogos VR. 

Prós: 

  • Puzzles divertidos e até desafiantes! 
  • Mundo bem realizado;
  • VR que não causa efeitos secundários;
  • Opções em Português do Brasil; 
  • Pode-se dar high fives à Quill. 

Contras:

  • Falta de opções em Português de Portugal;
  • Combate um pouco aborrecido; 

 

Carolina Moreira
Com background de informática, e gosto em videojogos a combinar, mas aficionada de histórias em qualquer formato, juntou-se à equipa do OtakuPT em 2023 para dar uma opinião pessoal sobre o entretenimento que nos chega às mãos.
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