No dia 22 de fevereiro estreia oficialmente no Brasil o filme anime O Menino e a Garça (O Rapaz e a Garça / The Boy and the Heron), novo longa do lendário diretor japonês Hayao Miyazaki. O OtakuPT teve a oportunidade de assistir ao longa antecipadamente a convite da distribuidora Sato Company em uma das pré-estreias do longa realizada em São Paulo na Sato Cinema.

O filme anime O Menino e a Garça (O Rapaz e a Garça / The Boy and the Heron) é dirigido pelo consagrado diretor Hayao Miyazaki e conhecido no Japão como How Do You Live? (Kimi-tachi wa Dou Ikiru ka). Este é claro um filme anime do famoso Studio Ghibli (A Viagem de Chihiro; O Meu Vizinho Totoro; O Castelo Andante; A Princesa Mononoke).

O diretor Hayao Miyazaki é creditado com o trabalho original, além de dirigir o filme e escrever a história. Takeshi Honda (Ponyo on the Cliff by the Sea, filmes Rebuild of Evangelion) é o diretor de animação. Joe Hisaishi (Spirited Away, Princess Mononoke, My Neighbor Totoro) compôs a música. O co-fundador do Studio Ghibli, Toshio Suzuki, é o produtor.

No elenco do filme temos: Soma Santoki, Aimyon, Ko Shibasaki, Masaki Suda, Takuya Kimura, Yoshino Kimura, Keiko Takeshita, Jun Fubuki, Sawako Agawa, Karen Takizawa, Shinobu Otake, Jun Kunimura, Kaoru Kobayashi e Shōhei Hino.

Sinopse de O Menino e a Garça (O Rapaz e a Garça / The Boy and the Heron)

Depois de perder a mãe durante a guerra, o jovem Mahito muda-se para a propriedade de sua família no campo. Lá, uma série de eventos misteriosos o levam a uma torre antiga e isolada, lar de uma travessa garça cinzenta. Quando a nova madrasta de Mahito desaparece, ele segue a garça cinzenta até a torre e entra num mundo fantástico partilhado pelos vivos e pelos mortos.

Antes de começar a análise de O Menino e a Garça tenho que confessar um crime, eu nunca tinha assistido nenhum filme do Studio Ghibli (A Viagem de Chihiro; O Meu Vizinho Totoro; O Castelo Andante; A Princesa Mononoke) antes. Mesmo não tendo visto nenhum filme produzido pelo estúdio japonês, admito que o Studio Ghibli e o diretor Hayao Miyazaki possuem uma enorme importância e referência dentro da indústria dos animes e isto fica bem claro ao assistir O Menino e a Garça.

Diferente de outros filmes anime que já assisti no cinema, é perceptível o nível de qualidade bem acima que este longa possui. Sua indicação ao Oscar na categoria de melhor longa-metragem de animação é extremamente válido pensando que este longa sofreu por alguns anos em sua produção e ainda assim possui uma animação com muitos detalhes artísticos que fazem saltar os olhos. Podemos dizer que temos muitos estilos visuais dentro de um mesmo filme, temos os exageros na parte fantasiosa do longa, um lado mais um pouco mais realista no visual de alguns humanos e de e um estilo visual mais infantilizado com os personagens mais velhos do filme.

Gosto como a questão visual é um dos pontos centrais no decorrer do longa. Inicialmente temos bastante de um estilo com cores menos saturadas, personagens humanos com um visual mais duro e os cenários mais sombrios. A partir do momento em que o filme assume o lado fantasioso temos personagens com visual mais exagerado, cenários com cores mais vivas e saturadas. Com certeza a exceção fica para as personagens das senhoras, que possuem um visual mais exagerado, mas mantendo um lado infantil mesmo representando pessoas mais velhas e experientes da história do filme.

Diferente de um filme anime comum, O Menino e a Garça é um filme bem simples em questão de estrutura, ainda assim ele possui muitas camadas e cada pessoa pode ter uma percepção diferente sobre a história do longa. Para mim ficou perceptível a abordagem sobre o tema do ciclo em torno da vida e da morte e essa temática é abordada de diversas formas no decorrer da história do filme e se utilizando do lado fantástico para deixar esta temática mais clara. Existe bastante de analogias em torno desta temática, mas a abordagem sobre o fim de um ciclo para o início de outro fica bem claro.

O filme não faz uso de muitas cenas dramáticas para contar a sua história, existem mais momentos de reflexão sobre acontecimentos e conversas entre os personagens e isso funciona também em torno da temática de ciclo que existe no longa. Muitas cenas de comédia funcionam para quebrar a expectativa em determinadas cenas e também para trazer o desenvolvimento da relação entre personagens. Gostei que existe também uma breve abordagem sobre o lado cinza que os seres humanos possuem e que também casa bem com a temática do filme.

Mesmo que o filme se passe durante o período da Segunda Guerra Mundial, o longa não faz uma abordagem direta em torno do conflito. Existem algumas pequenas cenas relacionadas à participação do Japão na guerra, mas são coisas que não interferem nos acontecimentos da história principal. Cheguei até a pesquisar se existia alguma relação entre a garça e os aviões japoneses na segunda guerra, mas não achei nenhuma informação que ligasse o pássaro às aeronaves da época. Por outro lado, a inclusão destas cenas levam diretamente a história de vida de Hayao Miyazaki, já que seu pai era diretor de uma fábrica de lemes para os caças japoneses e os bombardeios na cidade de Utsunomiya em 1945 ficaram marcadas no diretor, que era uma criança na época.

Podemos interpretar que, assim como a temática do filme, O Menino e a Garça é a forma de Miyazaki dizer que o ciclo dele está terminando. Ele já é um senhor com 83 anos de idade, e falar através da arte da animação sobre esse tema é a melhor forma dele comunicar sobre uma passagem de bastão para uma nova geração que surge tendo ele como referência dentro da indústria de animação, não só no Japão mas no restante do mundo.

The Boy and the Heron anime pv screenshot 2

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