Octopath Traveler II é o mais recente RPG da Square Enix e Acquire que está atualmente disponível para a PlayStation 4, Xbox One, PlayStation 5 e PC via Steam. Antes de avançar, é importante referir que os jogadores que não se aventuraram pelo título anterior, podem experienciar à vontade o novo capítulo da série, visto ser um título independente do original.

Octopath Traveler II acontece no continente de Solistia, onde vamos vivenciar as histórias de oito novas personagens, cada uma guiada pelo seu próprio objetivo e motivação. Cada narrativa tem o seu próprio protagonista com personalidades e profissões diferentes que ao longo da viagem podem ser recrutados para a nossa equipa. Tal como no primeiro jogo, após concluirmos o primeiro capítulo do protagonista que selecionamos para iniciar a jornada, é dada ao jogador toda a liberdade para explorar o mundo e os restantes protagonistas com as suas narrativas do modo que desejarmos.

Neste mundo meio real e fantasioso, todas as histórias são transmitidas em tons diferentes, desde enredos trágicos e sombrios a mais simples e alegres que resultam por investirem na qualidade e na diversidade, conseguindo seguramente agradar e enquadrar-se ao gosto de cada jogador. Dou o exemplo de Osvald, um académico que decide vingar-se por ser incriminado e preso injustamente por assassinar a sua própria família ou Agnea, que quer seguir os passos da falecida mãe, escolhendo viajar pelo mundo para alcançar o sonho de ser dançarina.

Houve também melhorias no desenvolvimento dos capítulos. Além de cada um ter o seu número específico, Octopath Traveler II exibe conteúdo adicional para alguns dos protagonistas. Tal como Castti, a herbalista que tem dois caminhos diferentes disponíveis a partir do segundo capítulo, algo que acontece igualmente com Ochette, a caçadora. A acrescentar, depois das críticas direcionadas à falta de interligação entre eles, a Team Asano elaborou as Crossed Paths, histórias que envolvem dois personagens numa missão partilhada. Esta atualização acrescenta robustez à narrativa que além de desenvolver as relações entre os protagonistas, revela ainda momentos valiosos de reflexão que fazem a passagem dos mesmos ser mais orgânica neste novo mundo. Talvez o único defeito esteja relacionado com as missões secundárias atribuídas pelos habitantes durante o jogo. Como acontece no anterior, continuam a ser um pouco vagas no que devemos fazer ou para onde ir.

O estúdio japonês não se ficou apenas por embelezar a narrativa, também juntou ao jogo uma nova mecânica que permite que troquemos a qualquer momento do dia para a noite e vice-versa. Para além de afetar o poder dos inimigos e a rotina dos NPC’s que encontramos, os oito protagonistas também possuem diferentes habilidades de interação (Path Action) consoante a altura do dia. Isto permite interagir com o mundo de diversas maneiras, acabando por oferecer outros métodos de conseguir informações extras, recrutar companhia ou até de obter objetos sem depender da moeda do jogo.

Como era de esperar, percorrer o mapa de Octopath Traveler II foi tão agradável como o da primeira proposta. Os cenários de Solistia são compostos por uma fauna e flora muito própria, onde cada local é representado por diversas culturas. De certa forma, os caminhos são muito lineares, o que facilita a deslocação entre os pontos de interesse, levando-nos às cidades, florestas, masmorras e a descobrir pelo meio alguns segredos. Além disso, agora é possível adquirir um navio para navegar pelo mar, o que acaba por dar mais desafios ao jogo: novos bosses, puzzles, entre outros.

Já o combate tradicional por turnos de Octopath Traveler II permanece acessível e continua a ser um dos seus pontos fortes, mantendo presente a estrutura do primeiro jogo. Continuamos a ter acesso a uma ou mais armas, ataques normais e especiais e à utilização de outros recursos. As mecânicas basilares são as mesmas, o foco passa sempre por descobrir as vulnerabilidades dos oponentes para reduzir os seus pontos de escudo até quebrar, deixando-os durante um turno inconscientes e suscetíveis a grandes danos. Ainda é necessário ter em conta o sistema BP (Point Break) dos personagens que vai acumulando ao final do turno. A partir destes pontos conseguimos acionar o sistema de Boost e assim provocar múltiplos ataques ou um ataque mais poderoso.

Entretanto, há uma nova mecânica que torna as disputas mais entusiasmantes e complexas. Falamos do Latent Power, que depois de carregado, permite ativar uma habilidade específica sem gastar o SP. Temos o exemplo de Partitio, que reabastece instantaneamente os seus Point Breaks ou Hikari que ao libertar o seu poder interior desbloqueia três habilidades especiais. O Latent Power é um sistema pensado para que cada personagem tenha um papel valioso para o combate, seja para conjurar efeitos positivos aos nossos aliados ou para concentrar danos devastadores nos oponentes.

Apesar de vermos a dificuldade reduzida, o desafio permanece presente, por isso, gerir a nossa equipa é tão decisivo quanto controlar as mecânicas em combate. Para isso, devemos ter em consideração os melhores equipamentos, bem como subir o nível dos personagens para aumentar os seus atributos e desbloquear novas profissões e habilidades.

Octopath Traveler II distingue-se sobretudo devido à qualidade gráfica reminiscente dos clássicos dos anos 90. Esta estética atualizada criada pela Team Asano, apelidada como HD-2D, mostra-se ainda mais polida e detalhada neste jogo. Fiquei rendido uma vez mais ao estilo do pixel art utilizado nas paisagens, assim como os efeitos observados nas habilidades usadas em combate. A somar a esta excelente experiência, temos uma banda sonora verdadeiramente inspiradora que com as suas músicas orquestradas é uma ótima companhia para a aventura. As vozes em japonês e inglês estão também ao nível do restante, embora as vozes em japonês continuem a ser determinantes para sentirmos genuinamente as emoções dos personagens.

O primeiro jogo vendeu mais de 3 milhões de exemplares em todo o mundo.

Podemos dizer que Octopath Traveler II é uma versão aperfeiçoada do título original lançado em 2018. O combate e a exploração foram refinados, ao mesmo tempo que temos um grupo de viajantes que revelam enredos cativantes e explorados com bastante atenção. Tudo isto, realçado pela componente artística juntamente com a banda sonora que nos fazem recordar os clássicos da era de ouro da década de 90. Mais que uma homenagem, este jogo continua a ser um autêntico revivalismo do que foi feito pelos estúdios japoneses no passado. Para mim, Octopath Traveler II torna-se um dos melhores RPGs da atualidade e por isso prevejo que consiga alcançar o mesmo sucesso do antecessor.

Prós:

  • As personagens e as suas histórias apresentam-se mais elaboradas;
  • Sistema de combate por turnos continua divertido;
  • Novas interações enriquecem a construção dos personagens;
  • Banda sonora e aspeto gráfico com uma identidade muito própria;
  • Voice acting excelente.

Contras:

  • Missões secundárias um pouco vagas.
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